quinta-feira, 31 de julho de 2008

Rating : Brasil.



Standard & Poor's diz que Brasil se beneficia de estabilidade política




da Efe, em Nova Yorkda Folha Online
A agência de classificação de risco Standard & Poor's afirmou nesta quarta-feira (30) que o Brasil se beneficia de uma estabilidade política, de uma melhoria significativa na economia e dos altos preços das matérias-primas.
Neste ano, a expansão do mercado de créditos impulsionou o crescimento da negociação da dívida, apesar das pressões inflacionárias e do aumento das taxas de juros.
A agência informa que "houve um crescente interesse" por parte de investidores estrangeiros em negociar empréstimos no mercado brasileiro desde que, em abril, elevou a qualificação da dívida soberana do Brasil.
"Prevemos que a titulação continuará sendo uma alternativa de financiamento atraente para companhias e instituições financeiras de pequeno e médio porte em 2008 e 2009", disseram os analistas da firma.
Já em relação ao entorno econômico do Brasil, a agência considera que é algo mais incerto e lembra as altas nas taxas de juros e um pouco do arrefecimento da atividade, mas acredita que ainda é positivo para as companhias brasileiras em geral.
O acesso a novos créditos "piorou" nos últimos meses, segundo a S&P, devido a maiores limitações nos mercados de capital tanto em nível doméstico quanto internacional, mas considera que as empresas não sofrem pressões de liquidez a médio prazo.
O aumento dos preços é o principal risco no curto prazo para setores com uma grande dependência do custo das matérias-primas.
A agência lembra que o mercado de dívida estruturada cresceu no Brasil até US$ 7,2 bilhão, frente aos US$ 7,1 bilhão do exercício anterior.
Grau de Investimento
Em maio, o país alcançou o feito inédito ao entrar para o grupo dos países com investment grade --o
grau de investimento. Com a nota, concedida primeiramente pelo Standard & Poor's, o Brasil poderá receber recursos de grandes fundos internacionais que só têm autorização para investir em mercados que já conquistaram essa chancela de bom pagador.
Entenda o que é "rating" ou nota de risco
Na ocasião, a Standard & Poor's elevou a nota de crédito de BB+ para BBB- como reflexo da "maturidade das instituições do Brasil e da política monetária" e da "melhoria das tendências de crescimento".
No final do mesmo mês, a agência de classificação de risco
Fitch Ratings também elevou a nota do Brasil para grau de investimento.
Para a terceira grande agência de classificação, a Moody's, a dívida pública brasileira ainda é um dos principais empecilhos à melhora na avaliação do rating soberano do país. A atual nota (Ba1), segundo o grupo, ainda classifica o Brasil como grau especulativo


quarta-feira, 23 de julho de 2008

Argentina


1 ) Brasil deixa de ser ameaça e vira modelo aos argentinos
04.08.2008 08.00

Por AE
Agência Estado O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Brasil tornaram-se, nos últimos anos, uma fonte de admiração e saudável inveja na Argentina. As lideranças da oposição recorrem constantemente à figura do presidente brasileiro para citá-lo como exemplo de consenso, em contraposição às personalidades adeptas do confronto político, como a presidente Cristina Kirchner e seu marido e ex-presidente Néstor Kirchner.
Os empresários suspiram ao ver os grandes empréstimos concedidos pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), lamentam a inexistência de um banco público desse tipo na Argentina e sonham com os generosos financiamentos "à moda brasileira" ao setor agropecuário (enquanto que na Argentina, os ruralistas são alvo de retaliações do governo local). A própria presidente Cristina Kirchner, no comício de lançamento de sua campanha eleitoral, há exatamente um ano, fez uma única referência à uma empresa. A companhia citada foi a Embraer. "Um exemplo a ser seguido”, disse Cristina na ocasião.
"O Brasil é um exemplo a imitar", sustenta Alieto Guadagni, ex-diretor da Argentina no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Depois, espeta o governo Cristina: "O Brasil responde aos desafios estimulando sua produção, e não colocando um monte de impostos sobre ela. Enquanto isso, a Argentina optou por desestimular a oferta produtiva."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

2 ) Inflação 'aumenta' pobreza na Argentina, diz consultoria

Marcia Carmo
De Buenos Aires para a BBC Brasil


Estudo calcula em 31,6% a proporção de pobres na população argentina
A alta da inflação gerou 420 mil pobres e 335 mil indigentes na Argentina durante os últimos seis meses, de acordo com levantamento da Sociedade de Estudos Trabalhistas (Sel Consultores, na sigla em espanhol).
De acordo com o estudo, a pobreza afeta hoje 31,6% da população e a indigência, 10,8%.

Em entrevista à BBC Brasil, Ernesto Kritz, diretor do instituto e economista, afirmou que o aumento da exclusão social passou a ser evidente desde o ano passado, pela primeira vez desde a crise de 2001, e tem se agravado aceleradamente.

"O aumento da inflação está devolvendo para o nível de pobreza pessoas que tinham saído desta situação durante estes últimos anos de crescimento econômico", disse Kritz, especializado em economia trabalhista e social.

Para ele, a diferença entre os números da inflação do governo e das consultorias privadas dificulta a solução dos problemas sociais.

"Se o governo reconhecesse o problema real da inflação seria mais fácil combater a pobreza. Seria possível ajudar, principalmente os indigentes, com planos sociais. Sabemos que resolver os problemas estatísticos não resolverá a pobreza, mas não é possível encarar a realidade com estes dados", afirmou.

Na comparação entre o levantamento do Sel Consultores e do Indec (Instituto de Estátisticas e Censos), existem cerca de 1,7 milhão de pessoas a menos no índice de indigência do governo e quatro milhões a menos de pobres.

O último dado do Indec corresponde ao período de outubro de 2007 a março deste ano e mostrou uma pobreza de 20,6% e uma indigência de 5,7%.

De acordo com estudos privados, citados no documento do Sel Consultores, a cesta básica de alimentos aumentou 13,6% no primeiro semestre deste ano.

Para o Indec, a alta foi de 2,8%. Na opinião de Kritz, a inflação, principalmente desta cesta básica, foi o principal motivo para o incremento no total de pobres e indigentes.

Nos últimos tempos, analistas econômicos de diferentes tendências e técnicos do Indec questionam os dados oficiais, acusando-os de "maquiados".

Na terça-feira, trabalhadores do Indec voltaram a realizar um protesto, bloqueando o trânsito, para chamar a atenção das autoridades para a questão, que foi levada, recentemente, pela oposição à Justiça argentina.

Para o governo, a inflação está em torno dos 8% e para diferentes consultorias econômicas privadas, nos últimos 12 meses, ela estaria acima dos 25%.

Até a histórica crise de 2001, a Argentina não tinha indigência e, atualmente, continua sendo apontada pela Cepal como um dos países mais igualitários da América Latina.

Gestão de Finanças.



Confira erros na gestão das finanças que podem "quebrar" até os milionários


SÃO PAULO - Acordar milionário! Quem já não sonhou com isso?

Ganhar um dinheiro extra que justifique abandonar o emprego, comprar "aquele" carro esportivo, a mansão com piscina, casa na praia e tantos outros "mimos" que a quantia lhe permitir. Mas, sem querer parecer derrubar ninguém das nuvens, vale lembrar que muitas pessoas perdem grandes fortunas, confirmando o bom e velho ditado: "dinheiro que vem fácil, vai fácil!"E você sabe por que isso acontece? Listamos abaixo alguns erros que podem comprometer até os sonhos de quem, teoricamente, poderia realizá-los: os milionários.
Considerar sua fonte de recursos como inesgotávelVocê trabalha como assalariado e, de repente, uma quantia inesperada lhe cai nas mãos. Com o dinheiro, você imagina que poderá curtir tudo o que a vida pode lhe oferecer. Cuidado: embora pareça óbvio, durante um momento de empolgação, é bastante natural esquecer que a quantia, por maior que pareça, acaba. A conta é simples: se você só pensa em que e como gastar, inevitavelmente, mais dia ou menos dia, enfrentará problemas. Afinal, além de conquistar e acumular riquezas, é preciso saber administrar muito bem um patrimônio. É necessário entender muito bem qual a quantia em mãos, para depois partir ao planejamento do que fazer com ela. Não queira decidir tudo num dia. E lembre-se: quanto maior o número de sonhos a realizar, menor será a quantia que, caso bem investida, poderia lhe garantir uma boa renda mensal por muitos anos.
Descartar o planejamento financeiro. Um dos obstáculos que o vencedor da loteria tem de enfrentar é o fato de que o prêmio acaba tendo um impacto emocional significativo na forma como ele se relaciona com as pessoas.Muitos vencedores passam a acreditar que sabem mais do que efetivamente sabem, pelo simples fato de que ganharam uma grande quantia de dinheiro. Infelizmente, os prêmios de loteria não são acompanhados de um kit com os princípios básicos do planejamento.Assim, o que se vê são pessoas muitas vezes inteligentes, mas sem educação financeira, cometendo erros básicos que lhe custam não só o prêmio, mas também acabam prejudicando o seu relacionamento com amigos e familiares.Com pouco ou com muito dinheiro, a falta de planejamento e organização de suas finanças pode causar um verdadeiro estrago.Por isso, sair comprando carros, jóias, presentes, imóveis, pacotes de viagem e outros itens dos sonhos, sem qualquer planejamento do dinheiro disponível, é um verdadeiro perigo.
Antecipar sua aposentadoriaPense só: você ganhou na loteria e não precisa mais do seu emprego. Após anos engolindo os desagrados em seco e aguardando a tal promoção, seu sonho é poder pronunciar, em claro e bom tom, uma frase curta que mudará sua vida: "eu me demito".Até aí, tudo bem. O erro, no entanto, é fazer desse pronunciamento sua declaração de aposentadoria antecipada. Lembre-se: o dinheiro acaba! Procure nova fonte de receita, fazendo o que gosta. Mas parar de trabalhar agora, não!
"Virar" empresário da noite para o dia. Cuidado. Não é porque você tem dinheiro para investir que o negócio escolhido será sucesso na certa. Abrir sua empresa exige planejamento, pesquisa de mercado e uma análise de suas habilidades e conhecimentos.
Tornar-se um investidor, simplesmente "seguindo a onda"Acreditar que investindo ao acaso você poderá assegurar bons ganhos é um grande erro.
É preciso informação e entendimento das alternativas disponíveis no mercado, de forma a diversificar, administrar bem os riscos e garantir melhores resultados. Nada de seguir conselhos infundados ou imitar o que outros têm feito, simplesmente porque em algum momento o resultado foi positivo. Analise bem a sua realidade e o seu perfil de investidor e comece devagar. Lembre-se: se você não tem o hábito de poupar, dificilmente conseguirá investir. Está certo que não houve esforço para ganhar a quantia, mas isso não quer dizer que deva jogá-la fora por isso!

O mistério sagrado do capital.


Julian Gough*
A idéia da economia como sendo uma religião não é nova. Como apontou Max Weber, os primeiros protestantes viam o sucesso econômico como um sinal de Deus de que alguém era celestialmente eleito. Foi um pequeno passo passar disso a buscar o sucesso para assegurar a salvação. O capitalismo, como disse Walter Benjamin, pegou discretamente a Reforma Protestante e substituiu a religião por si mesmo: ele se tornou uma religião, a religião ocidental. Logo, quando o protestantismo chegou aos Estados Unidos, em sua forma mais pura, o capitalismo fez o mesmo: as Américas espanholas católicas nunca prosperaram economicamente, diferentemente da América do Norte anglo-saxã protestante.
Mas as religiões evoluem, e os eventos recentes mostram que o capitalismo começou a evoluir menos como os tentilhões de Galápagos (cujos bicos se ajustaram ao longo de milênios para se adequar às bagas de sua ilha individual), e mais como o Incrível Hulk. O capitalismo Incrível Hulk pode expandir seus músculos de crédito tão rapidamente que suas roupas de ativos do mundo real não podem se expandir rápido o suficiente para contê-los. Expansão, explosão, colapso - o capitalismo Incrível Hulk cai, atordoado e encolhido de novo, nas trapos de seus ativos. Ou, retornando à nossa analogia religiosa, se o capitalismo fosse uma religião, ela agora seria um culto pseudocientífico prazerosamente demente.
O capitalismo Incrível Hulk está para o capitalismo de Adam Smith como a Cientologia está para cristianismo de Cristo. Tanto as altas finanças modernas quanto a Cientologia usam a linguagem e instrumentos da ciência para fins que são religiosos, não científicos. Ambos atendem uma necessidade, um anseio que as antigas formas de religião e capitalismo não mais atendem. A necessidade de um poder misterioso maior do que nós, no qual possamos acreditar. Ele precisa ser poderoso - mas também deve ser misterioso. E o mistério vem desaparecendo do mundo cada vez mais rápido, desde Galileu.
Nós sabemos do que são feitas as estrelas e podemos computar seu curso pelos céus pelos próximos 10 mil anos. Nós podemos explicar as tempestades e inundações que antes eram evidência da ira de Deus. Mas à medida que o avanço da ciência removeu o mistério divino de grande parte da vida, o avanço do capitalismo de livre mercado o devolveu. Apenas a economia moderna pode atualmente fornecer forças que não entendemos. E precisamos disso em nossas vidas.
De Adam Smith até o presente se passaram pouco mais de 200 anos. O Islã, o cristianismo e as religiões do Oriente levaram muito mais tempo para cobrir territórios bem menores. Por que o capitalismo moderno acelerou repentinamente, de forma explosiva, sua disseminação nos últimos 30 anos?
Para um sistema substituir sem derramamento de sangue outro sistema entrincheirado, o novo deve oferecer alguma melhoria significativa. E deve oferecê-la a todos. A religião de Abraão e Moisés não explodiu pelo mundo até que Paulo decidiu tornar a versão do judaísmo pregada por Jesus aberta a todos, independente de seu nascimento. Da mesma forma, o capitalismo à moda antiga era incapaz de se tornar uma religião universal, porque não oferecia esperança de salvação para todos. Apenas aqueles nascidos em uma elite de proprietários de terras e donos de capital podiam ter acesso ao capital. Mas o recente aumento do capital de risco abriu o capitalismo a todos e finalmente o tornou uma religião potencialmente universal.
Apenas mais uma mudança era necessária, e ela veio em 1971. Pois enquanto o dinheiro precisava ser apoiado pelo ouro, a economia estava enraizada no mundo material (da mesma forma que o cristianismo era apenas uma filosofia interessante enquanto Cristo estava vivo). O abandono do padrão ouro foi a crucificação e ressurreição do capitalismo; o evento traumático e libertador que permitiu ao capitalismo ser puramente religioso e totalmente movido pela fé. E como todas as religiões, assim que seu elo com o mundo físico foi partido, o capitalismo de livre mercado lamentou brevemente, então experimentou um aumento de energia e expansão.
Em uma explosão dos mercados de crédito, gastos geradores de déficit e dinheiro baseado em fé, ele subjugou os soviéticos e chineses e sacudiu as sociedades islâmicas até suas raízes. Ele se expandiu mais longe e mais depressa que o Islã após a morte de Maomé. O Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial enviaram seus missionários para cada país. E sua língua agora substituiu o latim como língua universal, falada por uma casta sacerdotal sombria, vestida de preto, mas expressa sem o entendimento das pessoas comuns.
As pessoas precisam disso, elas anseiam por mistérios, um sacerdócio, xamãs em contato com grandes forças. E as altas finanças modernas, como o latim da igreja cristã, têm mistérios profundos em seu âmago. Nem mesmo banqueiros sabem o que uma obrigação de débito colateralizada ao cubo realmente é.
Enquanto antes o mistério essencial estava contido na frase "fiat lux" - que haja luz - ele agora está contido na frase "fiat money" (moeda fiduciária). O dinheiro, essa coisa sem peso, esse espírito que está em toda parte e em lugar nenhum: este nada em tudo, é o Espírito Santo do capitalismo. E seu toque pode transformar você nesta vida, dando a ele uma grande vantagem sobre religiões anteriores, que oferecem apenas consolo na próxima. Um banco com uma base de capital de US$ 10 bilhões pode emprestar US$ 100 bilhões. Mas com esse dinheiro, as pessoas constroem casas reais, dirigem carros reais, comem pão real e bebem vinho real. Este não é um ato de criação? Não é um mistério digno de Deus?
Um banqueiro pode fazer um empréstimo de US$ 1 bilhão para uma empresa de mineração. Este dinheiro baseado em fé, apoiado por nada, transferido eletronicamente, é usado para transformar colinas em buracos. A mineradora envia o minério resultante para todo o mundo. Nós vivemos na primeira era em que a fé pode literalmente mover montanhas.
Os críticos do capitalismo de consumo se desesperam diante da tolice das massas, que compram o que querem embalado como se fosse o que precisam. Mas este é um entendimento equivocado da transação. Nós rezamos com nosso dinheiro, que é apoiado por nada a não ser fé, e um milagre acontece - nossas cestas se enchem de bens, muito mais coisas do que poderíamos produzir ou cultivar nós mesmos. Em todas as outras religiões, você vai ao templo e dá aos guardiões alimentos que você cultivou com dificuldade. Sob esta nova religião melhorada, o templo dá alimento a você. O que acontece, toda vez que realizamos compras, é um milagre semelhante ao dos pães e peixes.
Muitos falam sobre as desigualdades do capitalismo moderno. Mas a verdade é mais sutil e estranha. O cristianismo antes pregava a igualdade do homem, mas não conseguiu encontrar um modo de tornar real a visão. O comunismo tentou e fracassou em impor a igualdade a nós. Mas apenas nosso capitalismo moderno, excitável, baseado na fé, conseguiu este grau de uniformidade e igualdade. A Ikea, com suas cadeiras de US$ 10, está proporcionando não apenas o céu cristão, mas também o comunista: todos iguais, sentados nas mesmas cadeiras, iluminados pelos mesmos abajures, em todo o mundo.
*Julian Gough conquistou o prêmio BBC National Short Story em 2007.
Tradução: George El Khouri Andolfato
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terça-feira, 22 de julho de 2008

Mundo Ético.


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EDITADO E RECOMENDADO PELO PROFESSOR DUTRA.

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domingo, 20 de julho de 2008

SP está mais cara que NY para classe média



Real forte, menor competição, carga tributária e juros tornam preços na capital paulista mais altos que em cidade americana.

Especialistas dizem que, com o avanço da globalização, as diferenças no custo de vida tendem a diminuir, pois as economias ficam parecidas

DENYSE GODOY DA REPORTAGEM LOCAL
DANIEL BERGAMASCO DE NOVA YORK


A dentista Samara Santana, 27, não está grávida, mas já sabe onde comprará todo o enxoval do primeiro bebê, que planeja para breve. "Vou voltar para Nova York e levar tudo daqui. Mesmo com os custos da viagem, compensa bastante", diz ela, ao lado de mãe, irmã e amiga, todas cercadas de sacolas em uma loja de calçados a alguns metros do Central Park. Para a família, a viagem a passeio a Manhattan se tornou a oportunidade de renovar o guarda-roupa. "Só ontem gastamos mais de US$ 1.000 cada uma. Mas economizamos uma quantia muito maior", conta a irmã, Samantha, 30, administradora de empresas.A percepção delas é correta: de maneira geral, os produtos que estão à disposição da classe média americana (exceto alimentos) são bem mais baratos do que aqueles que a classe média brasileira tem ao seu alcance. Segundo economistas, a diferença se deve à elevada carga tributária existente no Brasil, ao relativamente pequeno grau de abertura da sua economia, à reduzida competição entre as empresas, à alta taxa de juros e à sobrevalorização do real.Em uma pesquisa informal, a reportagem da Folha visitou, na última semana, estabelecimentos comerciais em São Paulo e em Nova York em busca dos bens que a classe média costuma (ou deseja) comprar e detectou que a diferença de valores é grande, especialmente em vestuário, eletroeletrônicos e automóveis. Basta comparar uma calça jeans Levi's feminina (R$ 54 na loja nova-iorquina, considerando o câmbio de R$ 1,589 de sexta-feira, e R$ 99 na brasileira), um notebook Sony Vaio (R$ 1.468,61 contra R$ 2.999), e um carro Honda Civic LXS (R$ 30.459 contra R$ 65.460)."Tanto as taxas internas quanto as incidentes sobre importação são inferiores nos EUA", diz Ricardo Araújo, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas). A carga tributária americana está atualmente em 29% do PIB (Produto Interno Bruto) e a brasileira chegou a 38,9% no primeiro trimestre do ano. "O custo de produção das empresas no Brasil é alto também por causa dos encargos trabalhistas e dos juros. Como a demanda cresceu nos últimos anos, elas conseguem repassar tudo isso. O consumidor americano, no entanto, não aceita muitos aumentos.""Os impostos nos EUA não são tão determinantes sobre o preço dos produtos manufaturados aqui porque o foco é a taxação do lucro, não da produção", afirma Thomas Davidoff, especialista em impostos da Universidade da Califórnia em Berkeley. "Em alguns Estados, como New Hampshire, os produtos são até mais baratos porque a taxa no ato da compra é zero." Em Nova York, é de 8,735%.Evolução"O abismo entre os valores já foi maior. No começo da década de 90, quando o presidente Collor liberalizou as tarifas de importação, tinha gente que trazia de fora até geladeira", lembra Heron do Carmo, professor da USP (Universidade de São Paulo). "A tendência é de que os preços no mundo inteiro convirjam, porque, com a globalização, aumenta a competição entre as companhias. Além disso, os sistemas econômicos das nações passam a se organizar de maneira parecida, com o câmbio flutuante, com o mesmo tipo de política monetária, de atuação do Banco Central e de agências reguladoras."O processo de crescimento da renda do brasileiro também deve ter importantes conseqüências políticas, na opinião dos especialistas. Em todas as faixas de renda, segundo eles, as pessoas que passaram a viver uma situação um pouco mais confortável devem se mobilizar para defender as recentes conquistas, caso sintam que o país possa se desviar do caminho positivo em que entrou a partir da estabilização da moeda.




Brasileiros gastam o triplo em roupa; moradia "pesa" nos EUA

Os gastos com vestuário pesam mais que o triplo no orçamento das famílias de classe média do Brasil na comparação com as dos EUA.Roupas, calçados e outros acessórios comprometem 13% do orçamento brasileiro, ante 3,99% do americano.Em férias em Nova York com a mulher e os dois filhos, o diretor de marketing Eduardo Costa, 42, diz perceber claramente a discrepância nos preços das roupas. "São muito, muito mais baratas aqui. Comprei um terno em Nova York que custou US$ 250 [cerca de R$ 400], mas que sairia por pelo menos R$ 1.000 em São Paulo", diz ele, que já havia estado na cidade em novembro para passeios e compras, e voltou, desta vez, preparado para aproveitar as oportunidades de consumo.Alimentação é outro item que responde por uma fatia maior das despesas da classe média brasileira. Corresponde a 19% no orçamento total, contra 15,92% nos Estados Unidos.A comparação é baseada em dados da pesquisa TNS Inter- Science, no Brasil, com famílias com renda mensal de R$ 6.500 a R$ 12 mil, e informações do governo americano sobre gastos de trabalhadores assalariados, que o escritório de estatísticas do Departamento de Trabalho toma como referência para classe média -nesse grupo, a renda média mensal de uma família sustentada por duas pessoas, como pai e mãe, por exemplo, é de US$ 8.000 (cerca de R$ 12,7 mil). Ao contrário da tabela brasileira, contudo, a americana não detalha o dinheiro destinado a investimentos, que, segundo a pesquisa, é de 7% no Brasil.As vantagens percentuais em diversos itens do orçamento, é claro, se revertem em ao menos um item. Hospedado em hotel enquanto passeia pela maior cidade dos EUA, Costa passa longe do gasto que mais pesa para os americanos, a moradia.Os gastos médios da população de classe média com habitação (aluguel, condomínio, energia elétrica etc), de 11% no Brasil, chegam a comprometer 40% do orçamento médio americano. Contudo, o orçamento com habitação nos Estados Unidos inclui, em grande parte do país, despesas que não são comuns nos lares brasileiros, como óleo para sistema de aquecimento da casa.Entre os gastos com educação (que compreendem despesas com mensalidades de escolas ou faculdades e livros, entre outros itens), a diferença também é grande.A parcela da classe média brasileira retratada na pesquisa TNS InterScience gasta, em média, 11% de seu orçamento com estudo. Entre os norte-americanos, a fatia é de 2,38%.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Um ano de vida perigosa para a economia mundial.



Martin Wolf

Colunista do Financial Times

Faz quase um ano desde que a crise americana do subprime se tornou global. Muitos esperavam na época que a reavaliação do risco não seria muito mais do que uma breve interrupção no progresso das economias americana e mundial. Estas esperanças foram decepcionadas. Os apuros do Fannie Mae e Freddie Mac, a queda dos mercados de ações e a escalada dos preços do petróleo deixam claro quão longe a turbulência está do fim. Muito provavelmente, ela nem mesmo passou do fim de seu início.Assim, onde se encontra agora a economia mundial?
E para onde pode ir? Aqui estão algumas respostas preliminares para estas perguntas. A resposta para a primeira vem em duas partes principais : continuidade da adversidade financeira e aumentos nos preços das commodities. O desempenho das ações dos bancos diz muito sobre o que é preciso saber sobre a crise financeira. Nos Estados Unidos, o epicentro da turbulência, os bancos perderam metade de seu valor de mercado entre um ano atrás e o final da semana passada, em relação ao índice composto S&P. Os investidores não são os únicos preocupados com a saúde dos bancos. Os próprios bancos também estão preocupados. Os spreads entre as taxas de juros para empréstimos interbancários em dólares, euros e libras e as taxas oficiais esperadas para empréstimos de três e seis meses atualmente estão maiores do que estavam em março. Os spreads nos empréstimos de seis meses agora estão tão altos quanto os dois picos anteriores, em setembro e dezembro do ano passado. Esta não é uma mera crise de liquidez. Os bancos estão expressando preocupação com a solvência de seus pares. Um bom motivo para se preocuparem é que a qualidade de grande parte do colateral para grande parte dos empréstimos de anos anteriores - os imóveis residenciais- continua se deteriorando. O índice Case-Shiller (20 cidades) caiu 18% em termos nominais e 22% em termos reais entre seu pico, em meados de 2006, e abril deste ano. A taxa do declínio também está acelerando. Não é de se estranhar, então, que o mercado de ações esteja exibindo algo próximo de pânico diante das perspectivas para as duas empresas financiadas pelo governo, a Fannie Mae e o Freddie Mac, que são responsáveis pelo financiamento de cerca de três quartos de todas as hipotecas americanas. Uma tomada formal destas entidades pelo governo, cujas obrigações totalizam próximo de 40% do produto interno bruto americano, não está totalmente descartada. Em termos de endividamento bruto do governo, isto faria os Estados Unidos se parecerem com a Itália. Enquanto isso, o preço do petróleo se aproxima de US$ 150 o barril. Enquanto uma importante parte da economia mundial está preocupada com os riscos de colapso financeiro e a deflação que se seguiria, o preço da commodity mais importante do mundo dobrou ao longo do último ano. Em termos reais, o preço do petróleo atualmente está 25% mais alto do que em 1979, no pico do segundo choque do petróleo. A alta dos preços do petróleo e outras commodities são uma espécie de enigma, já que o crescimento econômico global está desacelerando : as previsões de consenso para junho apontavam um crescimento mundial de 2,9% neste ano ( a taxas de câmbio de mercado) , uma queda em comparação aos 3,8% em 2007, em grande parte por causa da desaceleração nos países ricos, com a previsão de crescimento para os Estados Unidos de apenas 1,5% neste ano, em comparação a 2,2% em 2007, e o crescimento na Europa Ocidental em 1,8%, em comparação a 2,8% em 2007.Então por que os preços das commodities estão subindo quando a economia mundial está desacelerando? A explicação popular parece ser "especulação". Mas como a especulação está sempre conosco, isto não pode explicar por que os preços estão subindo agora. Outra explicação popular é o afrouxamento agressivo da política monetária americana. Mas isso dificilmente explica o fato do preço do petróleo estar subindo tão rápido mesmo em euros. Assim como a especulação não explica o aumento nos preços de commodities que não possuem mercados futuros ativos: o minério de ferro, por exemplo. No caso do petróleo, como Daniel Gros, do Centro de Estudos de Políticas Européias, apontou no "Financial Times" na semana passada, a especulação é parte inerente da decisão sobre se deve produzir. Os produtores são especuladores quanto ao futuro valor de seus recursos -e acertadamente, já que é algo finito. Os produtores deixarão o petróleo no solo caso o aumento nos preços reais do petróleo cresça mais rapidamente do que o retorno dos ativos alternativos. O que determina o preço atual é o preço futuro esperado. As forças mais importantes têm sido a perspectiva de crescimento na demanda por parte dos países emergentes, particularmente a China, e o pessimismo em relação a fontes alternativas de oferta. O crescimento rápido e altamente intensivo em recursos da China é o fator mais importante: a expectativa é de que o crescimento lá ainda será de 10% neste ano e de mais de 9% em 2009.Logo, o que acontecerá a seguir com a economia mundial? Aqui, talvez, o ponto mais importante seja a incerteza. É possível contar histórias de um retorno ao rápido crescimento na economia mundial. Assim como é fácil contar histórias de algo próximo a um colapso financeiro.Mas o equilíbrio das forças econômicas é contracionista: crises financeiras e o colapso dos preços dos imóveis nos Estados Unidos e em vários outros países ricos; alta dos preços das commodities; e pressões inflacionárias, particularmente nos países emergentes.É difícil ver qualquer resultado que não seja uma desaceleração sustentada na economia mundial. É até mesmo bem provável que a tendência de crescimento da economia mundial seja menor do que o esperado há poucos anos.Além disso, alguns dos riscos podiam se combinar de formas perigosas. Um ataque ao Irã poderia levar o preço do petróleo para acima de US$ 200, por exemplo. A capacidade de financiamento do governo americano também não pode ser considerada como certa. Se a desalavancagem contínua da economia americana enfraquecer o consumo americano, a economia poderia entrar em profunda recessão. Os déficits fiscais americanos então disparariam e as taxas de juros americanas de longo prazo saltariam. Isto poderia fazer a dinâmica da dívida do governo americano ganhar um aspecto bastante desagradável. Uma fuga do dólar e de títulos em dólar poderia se seguir. Quem então vai querer comandar o Federal Reserve (o banco central americano)? A boa notícia é que a economia mundial se segurou surpreendentemente bem. A má notícia é que os riscos permanecem firmes no lado negativo. Será preciso um pouco de sorte e muito juízo para atravessar ileso as tempestades. É hora de dar um descanso para o pessimismo.
É o que vou fazer agora. Estarei de volta no final de agosto.
Tradução: George El Khouri Andolfato
SEGUNDO ARTIGO : 18/07/2008 - Economias emergentes são advertidas sobre inflação

Krishna Guha em Washington e Geoff Dyer em Pequim
As economias emergentes devem fazer do combate à inflação sua "principal prioridade", disse nesta quinta-feira (17) o Fundo Monetário Internacional enquanto elevava acentuadamente sua previsão de aumentos de preços no mundo em desenvolvimento neste ano e no próximo.Muitos mercados emergentes deveriam aumentar as taxas de juros, cortar os déficits públicos e deixar as moedas se valorizarem para conter o risco de inflação, aconselhou o FMI.Os comentários foram feitos enquanto a China dava notícias mistas sobre seus esforços para combater a inflação. A inflação dos preços ao consumidor continuou caindo - de 7,7% em maio para 7,1% no mês passado -, mas a industrial aumentou novamente de 8,2% para 8,8%.Pequim informou que a economia cresceu 10,1% no segundo trimestre, contra 10,6% no primeiro, e foi o quarto trimestre consecutivo em que o crescimento do PIB desacelerou. O índice, ligeiramente abaixo das previsões dos analistas, foi o menor desde o último trimestre de 2005.Simon Johnson, o economista chefe de saída do FMI, disse a repórteres que as economias emergentes, particularmente na Ásia, correm o risco de cair atrás da curva da inflação. O Brasil foi elogiado por tomar medidas para conter as pressões dos preços.O FMI espera que a inflação atinja 9,1% no mundo emergente este ano e continue alta, em 7,4%, no próximo ano. O fundo também reviu sua previsão para a inflação no mundo industrializado, mas esta cairia mais rapidamente, de 3,4% este ano para 2,3% no próximo.A advertência sobre a inflação veio enquanto o FMI revia sua previsão de crescimento para os EUA diante de um desempenho melhor que o esperado no primeiro semestre do ano. Mas afirmou que a economia americana provavelmente se contrairá no segundo semestre em meio a uma desaceleração geral do crescimento global.O fundo espera que a contração se concentre nos últimos meses do ano, quando o estímulo fiscal das devoluções de impostos irá perder a força.O FMI tem sido constantemente mais pessimista sobre o crescimento durante toda a crise de crédito do que a maioria dos governos e bancos centrais.Para a maioria dos países, "a maior prioridade dos formuladores de políticas é afastar a pressão inflacionária ascendente enquanto mantêm em vista os riscos para o crescimento", disse o FMI."A economia global está em um lugar difícil, apanhada entre a demanda em franca desaceleração em muitas economias avançadas e o aumento da inflação em outras, notadamente nas economias emergentes e em desenvolvimento", disse Johnson na atualização da Previsão Econômica Mundial.Os aumentos relativos maiores na inflação básica no mundo emergente foram um sinal de que o risco de a alta inflação se enraizar é maior lá.No mundo industrializado, o aumento da inflação este ano deverá ser "revertido" em 2009. Mas "nos países emergentes e em desenvolvimento as pressões inflacionárias estão crescendo mais rapidamente". Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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quarta-feira, 16 de julho de 2008

Como ganhar com as commodities



A escalada no preço das matérias-primas tem sido impressionante nos últimos anos. Ainda dá tempo de lucrar com o boom? Sim, dizem os analistas


Por Guilherme Fogaça
EXAME A sirene da inflação começou a soar mundo afora em 2007 quando ficou claro que o preço das matérias-primas tinha fôlego para continuar a escalada iniciada nos anos anteriores. Se por um lado essa alta dos preços tem assustado políticos, dirigentes de bancos centrais e a população em geral, por outro tem feito a alegria de milhões de investidores. Quem aplicou 1 000 reais nas ações da Petrobras há três anos, por exemplo, hoje pode colocar mais de 3 600 reais no bolso. E quem perdeu essa chance? Passado mais de um ano desde o início do grande salto nos preços de matérias-primas agrícolas e de energia, muita gente anda se perguntando se ainda é hora de apostar no boom das commodities.
A resposta é positiva, de acordo com os 15 analistas de bancos e corretoras ouvidos por EXAME. Para a maioria deles, hoje o investidor comum deve alocar até 10% de seu portfólio em commodities. Isso porque as aplicações em matérias-primas, apesar de estarem mais turbulentas, ainda guardam boas oportunidades. Mesmo estando em seus maiores níveis históricos, os preços devem passar por novas altas, acreditam os analistas. O motivo? Os principais fatores que trouxeram a elevação até aqui — explosão do consumo nos países emergentes, dificuldade de aumentar a produção rapidamente e desvalorização mundial do dólar — não desapareceram. “O mundo está passando por um momento de grande demanda, assim como aconteceu na reconstrução dos países depois da Primeira e da Segunda Guerra Mundial. Desta vez, porém, trata-se da construção do parque industrial chinês e do crescimento dos países emergentes”, diz Paschoal Paione, analista de mineração e siderurgia da Quest Investimentos. “Mesmo que os preços das principais commodities, como petróleo, aço e grãos, oscilem no curto prazo, há espaço para novas altas, pelo menos enquanto a oferta e a demanda mundial não voltarem ao equilíbrio.” Além da perspectiva de alta, a aplicação em commodities tem uma vantagem adicional: em tempos de inflação elevada, ela confere um caráter de proteção ao portfólio. Quando os preços sobem, as pessoas tendem a perder tanto como consumidores quanto como em muitas aplicações financeiras. Faz sentido, portanto, ter parte da carteira em ações de empresas que vão ganhar com a alta dos preços.
No Brasil, há duas grandes opções para quem quer investir em commodities: aplicar em ações de empresas ligadas ao setor ou investir em contratos no mercado de derivativos — nesses casos, o investidor assume o compromisso de comprar ou vender um ativo (soja, milho, entre outros) por determinado preço numa data futura.
Como os investimentos no mercado de futuros tendem a ser mais arriscados do que as ações, o ideal é começar pela bolsa. Vários bancos oferecem fundos de ações de companhias ligadas ao setor de commodities e, por isso, encontrar uma alternativa não chega a ser um problema. Nesse caso, a única escolha relevante é quanto ao tipo de fundo — há fundos de empresas de petróleo, mineração e infra-estrutura (que inclui também empresas fora do segmento de commodities). Para quem prefere aplicar diretamente na bolsa de valores e escolher uma a uma as ações, é importante lembrar que, embora o cenário seja positivo no longo prazo, as cotações das companhias de commodities devem oscilar. “A forma de se proteger da volatilidade é buscar as empresas mais negociadas no mercado, como Petrobras e Vale”, diz Júlio Martins, diretor da Prosper Gestão de Recursos. A boa notícia é que o momento atual é favorável à compra. No primeiro semestre, os papéis da Petrobras se valorizaram 5,2% e os da Vale se desvalorizaram 5,2%. No mesmo período, as cotações do petróleo e do minério de ferro subiram 48% e 65%, respectivamente. “Essa diferença torna as duas ações relativamente baratas”, diz André Paes, diretor de análise e estratégia de produtos da Infinity Asset.
Outra atração entre as commodities são as companhias siderúrgicas. “Com a produção de veículos batendo recordes no mercado interno, as empresas estão operando perto do limite da capacidade”, diz Eduardo Cotrim, sócio da área de trading do banco Modal. Embora atraentes, as ações dessas companhias têm um risco maior do que Petrobras e Vale. Como o setor siderúrgico é muito dependente do mercado interno, ele sofreria mais com uma eventual diminuição do ritmo da economia brasileira causada pela alta dos juros. O setor de alimentos, outra indicação dos analistas ouvidos por EXAME, possui produtos mais facilmente exportáveis e pode readequar suas vendas conforme a demanda, focando nos países que apresentarem maior aquecimento no consumo.
Quem tem mais apetite por risco pode também colocar parte das economias no mercado de derivativos. Embora haja poucos fundos que apliquem no mercado de futuros na BM&F Bovespa, a maioria deles tem um robusto histórico para apresentar — até porque estão surfando a onda das commodities. O Sparta Cíclico, da gestora paulistana Sparta, que aplica em sete commodities, já deu resultados superiores a 1 000% em menos de três anos de funcionamento. Apesar do aparente sucesso desse tipo de aplicação, o investidor precisa prestar atenção nas promessas de grandes retornos. “Fundos que investem em uma única commodity são muito arriscados. A diversificação é fundamental para a sobrevivência”, diz Victor Abou Nehmi Filho, gestor de fundos da Sparta. Para os investidores mais experientes — e valentes —, existe a alternativa de ganhar com commodities aplicando diretamente no mercado de futuros, ou seja, sem a intermediação de um fundo. “Esse é um mercado bastante arriscado e com pouca liquidez, atrativo para poucos”, afirma Octávio Magalhães, gestor da Guepardo Investimentos, de São Paulo. Independentemente da alternativa de investimento escolhida, uma coisa é certa. O aplicador que decidir apostar em commodities vai precisar de um coração forte. A expectativa é que elas passem por grandes variações de preço nos próximos meses, o que não é necessariamente uma notícia ruim. Como gostam de dizer os gestores, é justamente nos momentos de alta volatilidade que se encontram ótimas oportunidades de ganho no longo prazo.

PORTAL EXAME.

sábado, 12 de julho de 2008

CONSÓRCIO DE IMÓVEIS



Vamos analisar a conveniência de se adquirir um imóvel através de consórcio, considerando as hipóteses de contemplação por sorteio e por lance livre.

Para esta análise vamos considerar os seguintes dados:
· Valor da carta de crédito: R$ 100.000,00
· Prazo: 144 meses
· Número de participantes: 432
· Taxa de administração + fundo de reserva + seguro = 26%
· Taxa de administração antecipada: 1%
· Valor das 4 primeiras prestações: R$ 1.125,00
· Valor das 140 prestações seguintes: R$ 875,00

Contemplação por sorteio

Os participantes contemplados nas primeiras assembléias, do ponto de vista econômico-financeiro, seguramente farão um negócio que podemos classificar de excelente para regular; e, dependendo do prazo em que a contemplação ocorra, o negócio poderá ser classificado de mal para péssimo.

Antes de tomar a decisão se entra ou não em um consórcio, é importante que o interessado tenha conhecimento das possibilidades de ser sorteado nas primeiras assembléias. A alternativa de se aplicar os recursos numa poupança, sacar o saldo, e complementar o valor desejado com um financiamento habitacional, pode representar um risco menor.

Para essa análise vamos considerar as decisões de dois amigos: o primeiro adere ao consórcio, não dará lances, ficando apenas na dependência de sorteios para obter a carta de R$ 100.000,00; o segundo decide aplicar mensalmente numa caderneta de poupança o correspondente ao valor das prestações que pagaria no consórcio. E combinaram o seguinte: no dia em que primeiro for sorteado no consórcio, o segundo saca da poupança e complementa o valor de R$ 100.000,00 com um financiamento imobiliário. Não estamos considerando eventual correção das parcelas e nem da carta de crédito por entender que essa variável não afeta a conclusão.

Quem fará o melhor negócio ?

A análise que fizemos desse plano nos mostra que, até aproximadamente a 40ª assembléia, o amigo que aderiu ao consórcio fará melhor negócio que aquele preferiu aplicar as mensalidades. A partir daí, a situação se inverte. Vejamos como ficaram os números exatamente na 40ª assembléia:

Opção pelo consórcio: já pagou 40 prestações (4 de R$ 1.125,00 e 36 de R$ 875,00) e restam mais 104 de R$ 875,00 cada uma.

Opção pela poupança:
· Aplicação de 4 de R$ 1.125,00 e mais 36 de R$ 875,00
· Taxa mensal de rendimento: 0,5%
· Saldo da aplicação no 40º mês: R$ 40.043,90
· Valor financiado: R$ 59.956,10
· Número de prestações do financiamento: 104
· Taxa de juros do financiamento: 0,85% ao mês (equivalente a 10,69% ao ano)
· Valor das prestações mensais: R$ 870,67

Como o valor das prestações do financiamento é praticamente igual as do consórcio, deduz-se que a partir desse momento o amigo que optou pela aplicação terá vantagens cada vez maiores em relação ao que escolheu o consórcio. Considerando que em um grupo composto por 432 participantes, com três contemplações por mês (uma por sorteio e duas por lance), a probabilidade de uma pessoa sair sorteada até a 40ª assembléia é de cerca de 10%, pode-se afirmar que aproximadamente 90% dos participantes desse grupo, que optaram pelo sorteio, deverá fazer um negócio classificado de mal para péssimo, comparativamente com aqueles que escolheram aplicar os valores das prestações.

Contemplação por lance livre

A maioria dos consórcios oferece duas alternativas para o valor do lance: pode ser utilizado para reduzir o número de prestações (com o pagamento das últimas) ou reduzir o valor das prestações, mantendo o mesmo número de prestações vincendas.

O objetivo desta análise é determinar qual é o valor máximo do lance livre a ser dado na primeira assembléia, acima do qual seria mais aconselhável utilizá-lo como parte dos recursos para a compra de um imóvel e financiar o complemento.

Vamos considerar lances de 50% e de 65% do valor da carta de crédito, que, como já deduzimos, são valores limites para as duas alternativas de pagamento das prestações vincendas.

1 – Lance de 50%: R$ 50.000,00

a) Utilizado para quitar as últimas parcelas

· Nº de prestações a serem pagas: 50.000,00 / 875,00 = 57
· Prestação paga no dia da 1ª assembléia: 1
· Prestações vincendas: 144 – 1 – 57 = 86
· Valor financiado: R$ 50.000,00
· Taxa mensal de juros: 0,85%
· Valor das prestações: R$ 821,92

Como a prestação do consórcio é praticamente igual a do financiamento, conclui-se que: para a hipótese de liquidação das últimas parcelas o lance máximo para ser dado na primeira assembléia é de 50% do valor da carta de crédito.

b) Utilizado para reduzir o valor das parcelas

· Prestação paga no dia da 1ª assembléia: 1
· Prestações vincendas: 144 – 1 = 143
· Valor da redução das parcelas: 50.000,00 / 143 = 349,65
· Valor das parcelas vincendas: 875,00 – 349,65 = 525,35
· Valor financiado: R$ 50.000,00
· Taxa mensal de juros: 0,85%
· Valor das prestações: R$ 605,49

No caso desta hipótese a opção pelo consórcio é melhor, visto que a prestação do consórcio é inferior a do financiamento.

Esta análise comprova que, do ponto de vista econômico-financeiro, a opção pela redução no valor das parcelas é melhor do que a da redução do número de parcelas.
1 – Lance de 65%: R$ 65.000,00

a) Utilizado para quitar as últimas parcelas

· Nº de prestações a serem pagas: 65.000,00 / 875,00 = 74
· Prestação paga no dia da 1ª assembléia: 1
· Prestações vincendas: 144 – 1 – 74 = 69
· Valor financiado: R$ 35.000,00
· Taxa mensal de juros: 0,85%
· Valor das prestações: R$ 672,54

Conclusão: no caso desta hipótese, a vantagem da opção pelo financiamento é evidente.

b) Utilizado para reduzir o valor das parcelas

· Prestação paga no dia da 1ª assembléia: 1
· Prestações vincendas: 144 – 1 = 143
· Valor da redução das parcelas: 65.000,00 / 143 = 454,55
· Valor das parcelas vincendas: 875,00 – 454,55 = 420,45
· Valor financiado: R$ 35.000,00
· Taxa mensal de juros: 0,85%
· Valor das prestações: R$ 423,84


Como a prestação do consórcio é praticamente igual a do financiamento, conclui-se que: para a hipótese de liquidação das últimas parcelas o lance máximo para ser dado na primeira assembléia é de 65% do valor da carta de crédito.


Resumo: na primeira assembléia, para qualquer hipótese, o lance não pode ser maior que 65%.


São Paulo, 3 de julho de 2008

José Dutra Vieira Sobrinho

sexta-feira, 11 de julho de 2008

SAQUES NO OPPORTUNITY







Daniel Dantas deixa o IML, em São Paulo, depois de ser preso pela segunda vez

Quem informa é o próprio Opportunity. Entre terça (8) e quarta-feira (9), os fundos de investimento do banco amargaram saques “de cerca de
6,2% do patrimônio total administrado.”

Pelas contas oficiais, os fundos geridos pelo banco de Daniel Dantas somam algo como R$ 16,1 bilhões. Ou seja: em 48 horas, foram resgatados R$ 998,2 milhões.

A cifra corresponde a tudo o que o Opportunity logrou captar entre janeiro e dezembro de 2007.

A despeito disso, o banco informa que seus fundos mantêm “liquidez absolutamente adequada.”

Considerando-se os saques realizados nesta quinta (10), ainda não divulgados, a sangria nos fundos do Opportunity vai ultrapassar a barreira do bilhão de reais.

Espera-se para esta sexta (11) o retorno do executivo Dório Ferman ao comando do banco. Algo que, na opinião dos gestores do Opportunity, deve acalmar o mercado.

Detido Polícia Federal na terça, Ferman foi posto em liberdade, junto com outros integrantes da cúpula do Opoortunity, pelo ministro Gilmar Mendes.

Para desassossego da companhia, o mandachuva Daniel Dantas, embora alcançado pelo habeas corpus deferido pelo presidente do STF, retornou ao cárcere.

Deu-se apenas 11horas depois de ele ter deixado a carceragem da PF, em São Paulo. Voltou para trás das grades não mais em caráter “temporário”, mas “preventivo”.

Trata-se de um complicador. Pela lei, a prisão temporária dura cinco dias, prorrogáveis por igual período. A detenção preventiva pode se arrastar por até 81 dias.

Otimista a mais não poder, a direção do Opportunity acredita que, a despeito da prolongação do tormento de Daniel Dantas, o banco será preservado.

Alega-se que Dantas está afastado da gestão da casa bancária que fundou em 1993.
Escrito por Josias de Souza às 01h33
Investigações
Segundo a PF, as investigações começaram há quatro anos, com o desdobramento das apurações feitas a partir de documentos relacionados com o caso mensalão. A partir de documentos enviados pelo STF para a Procuradoria da República no Estado de São Paulo, foi aberto um processo na 6ª Vara Criminal Federal.
Na apuração foram identificadas pessoas e empresas supostamente beneficiadas no esquema montado pelo empresário Marcos Valério para intermediar e desviar recursos públicos. Com base nas informações e em documentos colhidos em outras investigações da Polícia Federal, os policiais apuraram a existência de uma organização criminosa, supostamente comandada por Daniel Dantas, envolvida com a prática de diversos crimes.
Para a prática dos delitos, o grupo teria possuído empresas de fachada. As investigações ainda descobriram que havia uma segunda organização, formada por empresários e doleiros que supostamente atuavam no mercado financeiro para lavagem de dinheiro. O segundo grupo seria comandado pelo investidor Naji Nahas.
Além de fraudes no mercado de capitais, baseadas principalmente no recebimento de informações privilegiadas, a organização teria atuado no mercado paralelo de moedas estrangeiras. Há indícios inclusive do recebimento de informações privilegiadas sobre a taxa de juros do Federal Reserve (Fed, o BC americano).
Os presos na operação devem ser indiciados sob as acusações de lavagem de dinheiro, corrupção, evasão de divisas, sonegação fiscal e formação de quadrilha.

terça-feira, 8 de julho de 2008

CORECON - ESTRATÉGIAS 2008.



Carta do Congresso Paulista de Economia - 2008



O Conselho Regional de Economia de São Paulo – Corecon SP, reunido no Congresso Paulista de Economia, nos dias 3 e 4 de julho de 2008, conforme sua tradição de propor estratégias para o desenvolvimento do Estado de São Paulo e do País, aprovou a presente carta.

Está ocorrendo uma transformação na economia que impõe uma adequação da política econômica. O cenário internacional, por um lado, recomenda precaução com o preço do petróleo batendo sucessivos recordes de alta, o aumento da pressão dos preços dos alimentos e anúncios de problemas em instituições financeiras nos EUA. Por outro lado, o mundo vive um novo paradigma, com outros desafios: as novas tecnologias, os ganhos de produtividade, as mudanças de preços relativos e a maior abertura comercial e financeira que deram uma nova dinâmica às economias.

O quadro macroeconômico interno, apesar de alguns problemas conjunturais, como a pressão inflacionária e a valorização do câmbio, é favorável a ajustes. A capacidade de desenvolvimento do Brasil é grande e há condições de prosperidade que não devem ser desperdiçadas. Há um horizonte promissor que deve ser usufruído.

O Corecon SP considera que dois objetivos devem ser considerados como prioritários no ajuste da política econômica: a redução da pobreza e a promoção do crescimento sustentado. Apesar da existência de outros objetivos a serem almejados, devem subordinar-se a esses dois em razão de sua importância, premência e urgência.

O objetivo de redução da pobreza decorre da extensão, o caráter crônico e a severidade da pobreza no Brasil, bem como do fracasso notório de políticas imediatistas que não atacam suas causas. É óbvia a necessidade de uma estratégia de longo prazo para reduzir o problema de forma expressiva e rápida. É inaceitável o nível de pobreza existente no país, especialmente se considerarmos a abundância de recursos existentes e as condições da atual conjuntura.

O segundo objetivo é a promoção do crescimento econômico sustentável, é complementar ao anterior e decorre da necessidade, cada vez mais impreterível, de que a economia brasileira retome e mantenha níveis de crescimento compatíveis com seu potencial. Os níveis atuais de crescimento são maiores que os das últimas duas décadas, entretanto estão aquém do potencial do País e tem condições de sustentabilidade precárias. Somente uma retomada consistente e balanceada do crescimento viabilizará uma redução duradoura da pobreza e um aumento de oportunidades para todos os brasileiros.

Com esses objetivos e o quadro econômico presentes, o Corecon SP selecionou cinco conjuntos de ajustes como prioritários. São: a) as ações para redução da pobreza; b) as reformas institucionais; c) a qualidade de vida; d) as políticas setoriais; e) o papel do governo.

a) A redução da pobreza de forma rápida e definitiva implica ações de curto e longo prazo. As ações de curto prazo estão voltadas para aliviar os estragos da miséria celeremente com programas específicos, como o Bolsa Família. Políticas assistencialistas de curto prazo devem ser gradualmente substituídas por outras de inserção econômica definitiva das classes sociais mais baixas. São as ações de longo prazo, mais importantes. Objetivam eliminar as causas da pobreza, possibilitando e promovendo o acesso à educação, saúde, alimentação, trabalho digno e justiça para toda a população brasileira.

b) Um requisito importante para o desenvolvimento do país é o desenho de um quadro institucional adequado aos novos tempos. O quadro atual é obsoleto e demanda ajustes. Nesse sentido, algumas reformas são de fundamental importância. Além de equacionar de forma definitiva alguns aspectos institucionais, as reformas devem contemplar as transições do regime atual para o proposto. Destacam-se as reformas: a) tributária; b) da previdência; c) do judiciário; d) trabalhista; e e) agrária.

c) A qualidade de vida do brasileiro deve e pode ser melhorada com políticas específicas. Essas políticas devem incluir propostas para promover: a) a preservação do meio ambiente; b) a segurança e os direitos humanos; c) a promoção da saúde em todos seus aspectos; d) a difusão da cultura nacional; e e) o equacionamento da questão urbana e da moradia.

d) Alguns setores, em razão de sua importância para o crescimento do país, merecem ter políticas setoriais explícitas. Dentre todas, assumem uma proeminência as políticas: a) agrícola; b) industrial; c) tecnológica; d) energética; e) financeira; e f) educacional. Essas políticas, articuladas entre si, criam as condições para um crescimento equilibrado de longo prazo.

e) O papel do governo tem como pressuposto algumas definições. Essas incluem: a) o tamanho e a eficiência do estado (a chamada reforma administrativa); b) medidas para acabar com a corrupção; c) a reforma política; d) a estrutura de gastos públicos; e e) a condução da política macroeconômica, as políticas monetária, cambial, fiscal e de rendas.

As políticas macroeconômicas determinam apenas uma parte do desempenho econômico dos países. Como há uma convergência maior dos regimes macroeconômicos (equilíbrio fiscal, câmbio flutuante, metas de inflação e regulamentação) que geram as condições necessárias para o desenvolvimento, o grande desafio de fazer acontecer está no estado e no município. É um fenômeno mundial. Enquanto alguns locais sofrem os efeitos da globalização, outras usufruem de seus benefícios e crescem a taxas altas.

Uma condução estadual eficiente pode gerar resultados surpreendentes, em razão de ações pontuais. O governo local é o agente responsável por desenvolver e implantar a estratégia para o desenvolvimento do estado, aproveitando as oportunidades de acordo com suas características. Com isso, faz acontecer, e o município e o estado se desenvolvem.

Mais atenções deveriam se voltar para a gestão local. Com a abertura ao exterior, as condições locais são outras. A palavra de ordem é pensar globalmente, mas atuar localmente. O termo “glocalização” combina as palavras “global” e “localização”, é usado por algumas companhias para explicar suas estratégias e resume bem o desafio das administrações locais num contexto de abertura externa e globalização. As transformações impõem um novo padrão de gerenciamento das cidades e dos estados, o modelo anterior foi ultrapassado e novos paradigmas são necessários.

A atuação local é cada vez mais importante para crescer e melhorar a qualidade de vida e há uma diversidade maior e desafios mais complexos nas políticas locais que nas nacionais. O Brasil está se transformando rapidamente. A abertura e a globalização têm impactos fortes e céleres no ambiente empresarial, na expansão dos mercados e da concorrência, na tecnologia, na demografia e nas formas de gerar valor que exigem uma adaptação na gestão local. Afinal, todas as atividades que geram valor num país estão nos municípios. E é lá que a guerra da globalização tem que ser ganha.

O Corecon SP tem um compromisso com o futuro do Estado de São Paulo e do Brasil. Acredita que é imprescindível reduzir a pobreza drasticamente e fazer a atual retomada do crescimento sustentada para que todos usufruam o potencial do país. Houve avanços na política econômica nos últimos anos, mas deve-se continuar e fazer o Brasil acontecer.

domingo, 6 de julho de 2008

HABITAÇÃO : NOVOS CONCEITOS E VALORES.

MORADIA 4 em 1

por Rafael Balsemão e Leandro Nomura

Uma minicidade está nascendo dentro de São Paulo.

É um pequeno universo de sonhos, com promessa de segurança, espaços arborizados, sem engarrafamento e com todos os serviços à mão. Um luxo para poucos paulistanos, mais precisamente os 275 que já se dispuseram a pagar entre R$ 2 milhões e R$ 17,3 milhões por um apartamento no Parque Cidade Jardim, empreendimento que reúne prédios residenciais, comerciais e um dos shoppings mais luxuosos da cidade, inaugurado no final de maio.
"Vou mudar de um terreno de 2.000 m2 para um de 72.000 m2", compara Camilo Nader, 62, industrial que irá trocar sua casa no Morumbi, onde viveu nos últimos 25 anos, pelas amplas áreas verdes e serviços "prime" oferecidos pelo complexo. No mês que vem, quatro das nove torres do empreendimento na zona sul da capital começam a receber os primeiros moradores. Hoje, apenas o shopping está em funcionamento.O Parque Cidade Jardim tem como inspiração grandes empreendimentos ao redor do mundo, como o Time Warner Center, em Nova York, na beira do Central Park, e o Bal Harbour Shops, em Miami, na Flórida.
"O conceito de uso misto, ou 'mixed-use', combina o 'play' (divertir), o 'work' (trabalhar), o 'live' (morar) e o 'shop' (comprar)", explica Daniel Mcquoid, 51, vice-presidente da construtora JHSF. Em Kuala Lumpur, na Malásia, o Petronas Twin Towers, segundo edifício mais alto do mundo, e o Kuala Lumpur City Center são outros exemplos de empreendimentos dentro dessa filosofia. Além do Parque Cidade Jardim, também em São Paulo, será inaugurado o condomínio Parque Villa-Lobos, com características semelhantes.O executivo Marcos Quintela, 37, que hoje mora no Morumbi, vai se mudar para um apartamento de 600 m2 no edifício Jabuticabeiras, um dos primeiros residenciais a ficar prontos no Parque Cidade Jardim. Casado com a empresária Débora, 35, e pai de três crianças, Marcos justifica a troca em busca de maior qualidade de vida. "Quero deixar de gastar tempo no trânsito para ficar mais com meus filhos", afirma, fazendo coro com a mulher. "O que pegou foi poder freqüentar a academia e levar as crianças à natação e ao balé sem precisar pegar o carro", emenda Débora.A única preocupação é a superexposição dos filhos Pietra, 8 meses, Caio, 2 anos, e Luca, 5, ao apelo irresistível das vitrines. "No começo, a idéia de morar tão próxima de um shopping me deixou assustada", diz. "Mas a questão do consumo na vida das crianças depende da educação que os pais dão."A família Quintela adquiriu ainda um escritório nas torres comerciais, que só devem ser entregues em 2010. "Não sei se vou trabalhar lá quando ficar pronto, mas o investimento foi feito", diz ele. Débora está de olho na sala comercial. "Minha empresa fica em Higienópolis, o que é relativamente longe. Pretendo levar meu escritório para lá."Os Quintela vão, assim, fechar a equação de um novo jeito de viver na metrópole, unindo moradia, trabalho, lazer e consumo dentro do mesmo espaço, uma grande vantagem numa cidade de trânsito caótico. Justificar a opção por mais comodidade, qualidade de vida e segurança não evita as críticas ao novo conceito "4 em 1" de moradia. "É uma tendência que mostra o empobrecimento da questão urbana. Quem vive isolado perde a riqueza de estímulos que a cidade tem", afirma a arquiteta e urbanista Maria Lucia Refinetti Martins, 56, da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo).Quando o conceito ganha um quarto elemento, o consumo (lojas e serviços) no quintal de casa, os estudiosos da vida urbana ficam ainda mais temerosos em relação ao futuro da cidade como espaço de civilidade e de cidadania. "Se todo mundo se fechar em seus muros, a situação fora vai ficar muito pior", teme Maria Lucia.Retorno de AlphavilleNa selva de pedra da metrópole, enquanto as soluções coletivas para a violência e o trânsito, questões centrais do debate urbano na atualidade, não aparecem, os habitantes das classes mais privilegiadas buscam segurança e qualidade de vida individualmente. Para Luiz Célio Bottura, 68, consultor em engenharia urbana, empreendimentos como o complexo Cidade Jardim em pouco ou quase nada ajudam na melhora do tráfego caótico da cidade, que já chegou ao recorde de 266 km de congestionamento em maio deste ano. "É um luxo para um público pequeno", diz. Ele defende "soluções multifuncionais" -centros comerciais, condomínios etc- ao longo das estações de trem, metrô e corredores de ônibus.Não é de hoje que os problemas das grandes cidades fazem moradores buscarem refúgios isolados. A diferença agora é que tal asilo está migrando para verdadeiras fortalezas modernas erguidas nas regiões mais centrais da cidade.O marco da vida entre muros foi a criação, há três décadas, dos condomínios de Alphaville, em Barueri (a 30 km de São Paulo). "A distância foi compensada pela estrutura criada no local", afirma o engenheiro Marcelo Takaoka, 50, Filho de Yoshiro Takaoka, um dos idealizadores do projeto, que morreu em 1994. Há 14 anos, a designer de interiores Elaine Barros Santos, 45, e a família saíram do bairro do Butantã rumo a Alphaville. Em agosto, vão fazer o caminho de volta. Ela escolheu morar em um dos 225 apartamentos do condomínio Praça Villa-Lobos, com preços a partir de R$ 2,27 milhões, de 264 m2 a 866 m2 (cobertura duplex) espalhados por nove torres. Sete delas serão entregues no próximo mês."Fechei um ciclo. Não agüento mais ter que pegar o carro para fazer tudo", afirma Elaine, encerrando uma fase em que procurou proporcionar aos três filhos -hoje com 10, 12 e 15 anos- "uma infância que não existe mais", com a possibilidade de brincar na rua. Ainda que essa rua fosse murada e protegida dentro de um condomínio.Os adolescentes agora vão viver no bairro Alto de Pinheiros, tendo como quintal o parque e o shopping Villa-Lobos. "Aqui ao lado tem a USP e o parque. É uma área mais livre e aberta. A gente vê o verde. E, conseqüentemente, temos o shopping à disposição", diz a mãe. O acesso exclusivo ao shopping Villa-Lobos é um dos pilares do marketing dos corretores. "É uma tranqüilidade do interior. Isso é luxo", afirma Mirella Parpinelle, diretora de atendimento da Lopes, empresa responsável pela comercialização dos imóveis.Um dos grandes diferenciais do empreendimento é a vista permanente de todos os apartamentos para o parque Villa-Lobos, mas o acesso ao local só é possível de carro a partir do condomínio. Uma praça central com 13.000 m2 será o espaço verde entre os muros e mais um dos confortos à disposição dos moradores. "Em praças públicas, andam a mulher, o marido e o trombadinha juntos. Qualidade de vida e segurança, em São Paulo, não têm preço", afirma José Júlio de Cunto, 52, diretor da Sintra Empreendimentos Imobiliários, empreendedora do condomínio Praça Villa-Lobos.Socialização A mudança para um local com todas as facilidades de um shopping também vai marcar uma nova fase na vida do industrial Camilo Nader. Morar no Parque Cidade Jardim na terceira idade é encarado por ele como uma nova forma de socialização.Com três filhas adultas, duas delas já casadas, Camilo quer ficar mais próximo da turma que faz parte do seu círculo social. "Lá, todo mundo se conhece. A gente vai ficando mais velho e sozinho. É muito animador saber que basta pegar um elevador para encontrar amigos, ver gente bela."O local também pode ser visto como um paraíso para os jovens. A arquiteta Marina Torre, 24, e seu irmão, o empresário Paulo Torre, 25, que moram com a família em uma casa no Morumbi, vão sair da residência dos pais direto para o complexo do Cidade Jardim. Cada um ganhou do pai um apartamento de 235 m2 no edifício Begônias. Ela vai morar no 14o andar; ele, no andar de cima. Marina, que já quebrou paredes e prepara a decoração de seu novo lar, está empolgada com as facilidades que terá após a mudança. "Ter cinema aqui vai ser 'animal'. Vou poder decidir a qual filme assistir faltando apenas cinco minutos para a sessão", comemora. "E, se precisar comprar um presente para um aniversário, fica bem fácil: é só descer e escolher."Outra vantagem é dispor de uma academia no "quintal". Ela, que já demorou 50 minutos entre a casa e a academia Reebok da Vila Olímpia, terá que fazer apenas uma "baldeação" de elevador para malhar. "Vou viver lá: almoçar, trabalhar, ir à academia", prevê. "Por causa da falta de segurança e do trânsito, as pessoas vão ter que resumir a sua vida num bairrinho. Você vai acabar saindo só à noite."Para absorver esse novo público, a Reebok também mudou de casa. Fechou sua unidade no Morumbi para ocupar um andar inteiro do shopping Cidade Jardim, uma área total de 6.400 m2. "Nunca tive muita atração por shoppings, mas gostei do conceito diferenciado, de proporcionar o máximo para as pessoas se sentirem bem", diz José Otávio Marfará, proprietário da Reebok, que investiu R$ 11,5 milhões na megaestrutura.Os moradores vão dispor ainda de um spa, que deve ser aberto no mês que vem. "Será oferecido um menu exclusivo para os moradores. Eles poderão usufruir dos serviços em sua própria casa. Nem vão precisar descer", diz Sharon Beting, 36, diretora do shopping Cidade Jardim. Outro mimo é que os moradores não vão precisar carregar sacolas. As lojas estão preparando outros atendimentos VIP, como levar as compras para o apartamento.Os serviços "prime" e o conforto de diminuir o tempo dentro do carro foram relevantes para quem decidiu morar no shopping. Entretanto, segurança é o principal item apontado por todos que compraram esse pacote. A consultora Raquel Oliveira, 32, muda-se para o Parque Cidade Jardim no ano que vem. "É um privilégio poder ter segurança em um empreendimento como esse. Quando se tem filhos, o instinto maternal de garantir um dia-a-dia mais seguro para eles fala mais alto", diz ela, que é responsável pela área de novos negócios da Daslu, instalada no outro lado da marginal e que ganhou também uma filial no novo shopping.Não é um bunkerRaquel já foi assaltada três vezes. Está comprando a promessa de paz. No Parque Cidade Jardim, haverá guarita, rondas, todos os muros e cercas monitorados por câmeras, além de seguranças do lado de dentro e de fora. Segundo a JHSF, apesar da alta tecnologia, isso não é nada além do habitual nos condomínios com esse padrão. "Não vai ter satélite vigiando ou tanque na porta. É um condomínio, não um bunker", afirma Daniel Mcquoid, da JHSF.O rateio desse custo é um atrativo. "Aqui, há pessoas para dividir a conta de uma segurança reforçada", aponta Raquel. "Assaltantes preferem prédios isolados. Vão pensar duas vezes antes de assaltar um empreendimento com essa proteção."A violência da metrópole pesou também na decisão de Camilo de embarcar no conceito "4 em 1". "Apesar de eu morar em uma rua sem saída, trata-se de uma segurança muito mais frágil se comparada à do shopping e à dos prédios", diz ele, que calcula a economia que terá. "Vou desembolsar muito menos do que gastaria com seguranças particulares." Ele compara a despesa para dispor da mesma proteção na atual casa com os R$ 3.000 mensais que desembolsará no condomínio.É um preço que embute mais que segurança. "Assim que as torres comerciais ficarem prontas, pretendo me transferir para lá. Vou trabalhar de carrinho de golfe e almoçar em casa todos os dias", planeja. "Qual morador de São Paulo tem o privilégio de fazer isso?"

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Standard & Poor's eleva rating do Brasil para grau de investimento


Standard & Poor's eleva rating do Brasil para grau de investimento
Folha Online / Epaminondas Neto /A agência de classificação de risco Standard & Poor's, uma das principais, anunciou que elevou o rating soberano (nota de risco de crédito) do Brasil para grau de investimento, a melhor classificação para receber investimentos estrangeiros. Com a decisão, o rating do Brasil em moeda estrangeira em longo prazo passou de BB+ para BBB-, nota que já está incluída no grupo classificado como grau de investimento.O grau de investimento é a classificação dada pelas agências de rating a países com poucas chances de deixar de honrar suas dívidas.Com a nota, o Brasil poderá receber recursos de grandes fundos internacionais que só têm autorização para investir em mercados que já conquistaram essa chancela de bom pagador.A agência também elevou o rating do Brasil em moeda local de longo prazo de "BBB" para "BBB+", enquanto o rating para moeda local de curto prazo foi ajustado de "B" para "A-3". Já a perspectiva para o rating brasileiro foi colocada como "estável". Na metodologia da S&P, isso significa que o rating deve ser mantido pelos próximos dois anos, com poucas chances de ser alterado.Em seu comunicado, a S&P afirma ainda que a revisão do rating brasileiro reflete "a maturidade das instituições do Brasil e da política monetária" e "a melhoria das tendências de crescimento". A S&P faz ressalvas em relação à dívida pública, que "permanece mais alta do que os outros com outros países BBB".Mesmo com essa ressalva, a agência pondera ainda que "um registro razoavelmente previsível de políticas pragmáticas de gestão fiscal e da dívida ameniza esse risco".A S&P não esquece da dívida externa, "que caiu dramaticamente", diz. Em fevereiro, o governo brasileiro anunciou com estardalhaço que o país tinha se tornado "credor externo líquido", isto é, que as reservas cambiais, somadas aos créditos privados no exterior, haviam superado o valor da dívida externa pública e privada.O anúncio da S&P surpreendeu o mercado financeiro e mesmo integrantes do governo, que somente esperavam novidades para 2009 devido ao impacto, ainda desconhecido, da crise econômica americana sobre as economias emergentes.No final de fevereiro, a presidente da agência de classificação de risco Standard & Poor's no Brasil, Regina Nunes, havia dito que o Brasil estava no caminho certo para alcançar o grau de investimento, mas antes precisava melhorar os números da dívida interna, reformular a legislação tributária e investir em infra-estrutura.EntendaO rating é uma opinião sobre a capacidade de um país ou uma empresa saldar seus compromissos financeiros. A avaliação é feita por empresas especializadas, as agências de classificação de risco, que emitem notas, expressas na forma de letras e sinais aritméticos, que apontam para o maior ou menor risco de ocorrência de um "default", isto é, de suspensão de pagamentos.Para publicar uma nota de risco de crédito, os especialistas dessas agências avaliam além da situação financeira de um país, as condições do mercado mundial e a opinião de especialistas da iniciativa privada, fontes oficiais e acadêmicas.O rating é sempre aplicado a títulos de dívida de algum emissor. Se uma empresa quer captar recursos no mercado e oferece papéis que rendem juros a investidores, a agência prepara o "rating" desses títulos para que os potenciais compradores avaliem os riscos.As agências, portanto, classificam debêntures, "medium-term notes", títulos de dívida conversível, mas não ações.