sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Mais robusta, a economia brasileira pode ser penalizada pela falta de ação

David Oakley, Rachel Morarjee e Jonathan Wheatley

Costuma-se dizer que quando os Estados Unidos pegam um resfriado, o Brasil vem abaixo com uma pneumonia. "Mas, agora, os Estados Unidos estão na UTI e nós sequer espirramos", diz Aloízio Mercadante, membro do governista Partido dos Trabalhadores (PT) e assessor econômico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A idéia de que o Brasil, que já foi vulnerável às oscilações do mercado global, é finalmente capaz de ficar de manter-se de pé devido aos seus próprios méritos é popular dentro do governo e é confirmada pelos fatos. Mas para muitos analistas isso é confundir desejo com realidade. Eles só não sabem ainda se o Brasil terá pela frente uma correção dura e acentuada, ou se o país será capaz de planejar um pouso suave. Não obstante, uma análise dos últimos 15 anos deixa claro que algo de fundamental de fato mudou. De 1994 a 1999, o Brasil desistiu de tentar encontrar soluções mágicas para o problema crônico da inflação galopante e abraçou a ortodoxia, introduzindo três pilares de estabilidade econômica que continuam firmemente em vigor: estipulação de meta de inflação (o que significa que o Banco Central tem liberdade para ajustar as taxas de juros para controlar a inflação), uma taxa de câmbio flutuante e superávits primários do orçamento (anteriores ao pagamento das dívidas) suficientemente volumosos para manter a relação entre a dívida pública e o produto interno bruto em uma curva descendente. Enquanto implementava essa estrutura, o Brasil foi protegido de choques externos sucessivos - as crises mexicana, o asiática e russa ainda estão bem vivas na memória nacional - e o seu plano de estabilização esteve em vários ocasiões muito perto de perder o rumo.Quando Lula da Silva aproximava-se da sua primeira vitória na eleição de outubro de 2002, muitos investidores temiam que um governo do PT abandonasse a ortodoxia e quebrasse o país. O valor dos ativos brasileiros despencou. Mas, em vez disso, em uma famosa "carta ao povo brasileiro" (regida em parte por Mercadante), a equipe de Lula da Silva prometeu respeitar os contratos e não fazer nada que pudesse minar as políticas ortodoxas do governo anterior. Em vez de sair enfraquecida, a estabilidade do Brasil consolidou-se. O aumento da demanda global liderado pela China provocou uma disparada das exportações brasileiras, que baseiam-se predominantemente em commodities.Muito dinheiro foi injetado no país. O governo brasileiro tornou-se um credor líquido nos mercados internacionais e criou uma reserva de US$ 200 bilhões (? 135 bilhões, £ 110 bilhões) em moeda estrangeira, tornando o Brasil muito menos vulnerável a crises externas. Neste ano, o país foi recompensado com status de grau de investimento pela Standard & Poor's e a Fitch, duas das três maiores agências de classificação de crédito do mundo. O crescimento econômico, que durante duas décadas ficou em uma média de 2,5% ao ano, encontra-se agora entre 4% e 5% ao ano. Embora estes números possam ser inferiores àqueles dos outros grandes mercados emergentes, o Brasil está avançando a partir de um patamar mais elevado e, segundo os ministros, mais sustentável. Então, o Brasil deveria sem dúvida estar bem preparado para enfrentar uma desaceleração econômica global? Walter Molano, economista do BCP Securities de Greenwich, Connecticut, acha que não. "O desacoplamento é uma história de longo prazo", diz ele. "Cedo ou tarde a economia global será liderada pelas economias asiáticas, mas não ainda. A China ainda é relativamente pequena, se comparada aos Estados Unidos, e não é capaz de sustentar produtores de commodities como o Brasil. Tem havido muito entusiasmo e euforia, mas neste momento o Brasil está destinado a passar por uma liqüidação".Ele afirma que o Brasil apresentou um histórico misto no que se refere à aproveitação da disparada dos preços das commodities no decorrer dos últimos cinco anos. No setor privado, companhias como a Petrobras (petróleo), a Vale (mineração) e a CSN (aço) tornaram-se líderes globais. "Mas o governo, que sempre foi elogiado por não fazer nada, pagará agora o preço pela inação. Ele nada fez para modernizar a infra-estrutura, a qualidade da saúde e da educação ainda é terrível e a criminalidade é generalizada". Segundo Molano, se o Brasil acredita que não sofrerá as conseqüências de uma crise nos Estados Unidos e na Europa, o país está negando a realidade: "Não existe forma de o Brasil ocultar-se disso".Alexandre Lintz, economista do BNP Paribas em São Paulo, tem uma opinião semelhante. "Isso me lembra a Europa no início deste ano", diz ele. "Todos achavam que poderiam escapar do contágio da crise das subprimes dos Estados Unidos. Mas de repente ficou óbvio que isso não seria possível".Ele aponta para um índice de clima econômico produzido pelo instituto Ifo de Munique e a Fundação Getúlio Vargas, uma escola brasileira de economia. O trabalho previu de maneira acertada as recessões de 1998-1999 e 2001-2002, e agora está prevendo outra. Segundo ele, entre os fatores responsáveis por isto estão os custos crescentes de produção, causados em parte pelos preços mais elevados das commodities e também pelo aumento do custo da mão-de-obra (os salários aumentaram 10,5% em termos nominais no período de um ano até julho de 2008 e 3% após ser aplicada uma correção para a inflação no período - contra 1,7% após esta correção no período de um ano encerrado em junho). Ele também culpa uma disparada "superaquecida" de investimentos, especialmente na indústria de construção. E embora a demanda doméstica continue aumentando - impulsionada pelo acesso a um crédito mais barato - os gastos do governo também têm subido, acrescentando pressões inflacionárias. O resultado é que o Banco Central do Brasil terá de continuar elevando as taxas de juros. A sua taxa base já aumentou neste ano de 11,25% para 13%. Ele espera que ela chegue a 15,75% até o final do ano.Lintz acredita que o Banco Central, ao responder cedo e de forma agressiva ao aumento da inflação, será capaz de reduzir lentamente o excesso de velocidade da economia. Mas ele acha também que o crescimento brasileiro ficará paralisado no ano que vem. "Estamos apenas começando a perceber que o desacoplamento não ocorreu". Tradução: UOL
Visite o site do Financial Times

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

" Índice Big Mac ".


O BigMac e as exportações

Fonte: Beef Point

A revista inglesa The Economist usa há alguns anos um curioso e divertido índice para medir a paridade do poder de compra do dólar em diversos países, o "índice BigMac". Esse índice é uma maneira muito prática e interessante de acompanharmos o aumento do interesse dos frigoríficos pelo mercado interno brasileiro. Para a cadeia da carne, o índice do BigMac é ainda mais útil, uma vez que seu principal ingrediente é a carne bovina (em custo relativo). Esse ano, o índice mostra que o BigMac está mais caro no Brasil do que na maioria dos países.

Por Miguel da Rocha Cavalcanti, BeefPoint


Acesse :
http://www.economist.com/daily/chartgallery/displayStory.cfm?story_id=11784836&source=features_box4

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Toque pessoal faz instituição de crédito prosperar

Julia Werdigier, Varsóvia (Polônia)
Quando Ewa Rachwal faz uma visita a domicílio a um dos seus 150 clientes, é recebida mais como a amiga que não se vê há muito tempo do que alguém que vem, para receber o pagamento semanal de juros de um empréstimo.Rachwal é uma entre os mais de 28.000 agentes autônomos de uma empresa britânica, a International Personal Finance, que presta serviço como instituição de crédito para pessoas de origens modestas no Centro e no Leste da Europa, com pouco ou nenhum acesso aos bancos convencionais. Ao contrário da maior parte das principais instituições financeiras, a empresa está prosperando em meio à turbulência global no mercado de crédito que deixou muitos credores com prejuízos imensos e baixas contábeis.Embora o endividamento possa ser um conceito mal recebido nos Estados Unidos e no Oeste da Europa hoje em dia, parece mais atraente para as pessoas no Leste da Europa e de todas outras regiões que estão começando a se firmar na economia de consumo e anseiam por uma vida melhor.A International Personal Finance, ou IPF, encontrou meios de explorar esse mercado de uma forma antiga, ao oferecer o crédito diretamente e depois mantendo uma atenção personalizada nos clientes. Seus agentes visitam as pessoas em suas casas para avaliar melhor a capacidade de crédito delas, antes de oferecer pequenos empréstimos em dinheiro vivo no valor médio de US$ 500, para qualquer coisa, desde o conserto de uma máquina de lavar roupa a férias familiares. O pagamento de juros de cerca de 20% atraiu críticas de grupos de consumidores e reguladores, mas a companhia insiste que tais taxas são necessárias para pagar pelo serviço a domicílio e cobrir o seu risco. O lucro da IPF aumentou 40% este ano e suas ações, negociadas na Bolsa de Londres, subiram 52%, numa época em que os valores de muitos bancos americanos e do Oeste da Europa estão em declínio. Christopher Rodrigues, o presidente executivo da companhia, chama a IPF de 'Avon do setor de serviços financeiros', referindo-se à empresa global de vendas diretas de produtos de beleza.Rodrigues admite que a empresa não seja imune às incertezas da economia que atormentam outras instituições bancárias, mas o fato de evitar complexos modelos financeiros e o contato próximo com seus 1,94 milhão de clientes lhe permite minimizar o risco. Embora as despesas com baixas contábeis, representando 22% da receita, sejam substanciais, ela acompanha seus empréstimos cuidadosamente e evita surpresas vindas de perdas imensas e inesperadas.Balazs Pap, diretor da IPF na Polônia, explica que a abordagem dos negócios foi além das verificações de crédito com base em computadores da qual dependem os bancos maiores. Se "alguém lhe diz pelo telefone que tem um filho," diz ele, "e depois você anda pela casa e vê três pares de sapatos de tamanhos diferentes," o agente já sabe que algo está errado.Rachwal, que trabalha oferecendo empréstimos da IPF há oito anos, disse que quando visitou um cliente pela primeira vez, prestou muita atenção ao apartamento e tentou descobrir o máximo que podia, além das perguntas de rotina a respeito do nível de renda ou se a família possuía um telefone.Cada agente é responsável por uma pequena área da cidade que não abrange mais de 2,6 quilômetros quadrados, e é geralmente bem conhecido na comunidade. "As pessoas me cumprimentam nas ruas, conheço seus filhos e famílias," disse Rachwal. "Nem mesmo os membros da família os visitam com tanta freqüência quanto eu."O crescimento econômico no Centro e no Leste da Europa também ajudou a empresa a prosperar.Ao contrário do Oeste da Europa, onde o crescimento começou a se desacelerar drasticamente este ano e alguns países provavelmente venham a enfrentar uma recessão, as economias do Leste europeu devem manter uma taxa de crescimento médio em torno de 4% este ano, disse Neil Shearing, economista na Capital Economics de Londres. Essa é uma boa notícia para a IPF, que também opera na República Tcheca, Romênia, Eslováquia, Hungria e México e pretende se expandir para Rússia, Ucrânia e Índia. Com a expansão das economias, os clientes ganham mais e estão mais dispostos e em melhores condições de tomar emprestadas somas maiores.Mas mesmo no Leste da Europa a inflação começou a subir e haverá risco para os negócios da IPF se o desemprego também aumentar. A empresa diz que está preparada, caso as economias comecem a enfrentar dificuldades."Isso exigirá uma reação imediata de nossa parte," diz Pap, da unidade polonesa. "Precisaremos encerrar os acordos de empréstimos mais arriscados e reforçar nossas exigências para fornecer crédito. Mas devido ao contato direto com os clientes, podemos ver muito rapidamente as mudanças na situação deles."A empresa tem raízes que vêm de 1880, quando Joshua Waddilove, um filantropo, começou a fornecer crédito para famílias de trabalhadores britânicos. A empresa da família vendeu ações em uma oferta pública inicial em 1962 e se expandiu para outros produtos bancários, incluindo cartões de crédito.No ano passado, a controladora, Provident Financial, criou uma subsidiária para suas operações no exterior, a IPF.Agora, o lucro na IPF cresce de forma rápida, principalmente porque ela opera em uma região onde os mercados de crédito ainda estão relativamente pouco desenvolvidos. Na Polônia, 40% da população têm uma conta bancária, em comparação com 90% na Grã-Bretanha. A dívida das famílias aqui é 15,6% do produto interno bruto, em comparação com 98,7% nos Estados Unidos, 111% na Grã-Bretanha e 59,7% entre os países que adotam o euro.Para muitas das pessoas nos países que a IPF atende agora e as que espera alcançar no futuro, tomar emprestado de um banco pode ser mais barato, mas eles não têm essa opção. Hanna Krzysiewska-Rybinska, especialista em dietética num hospital, que vive com seu marido e sua mãe de 90 anos, disse que precisava do dinheiro rapidamente para ajudar o filho, motorista de táxi, comprar um carro novo."Ele não pode levantar um empréstimo por conta própria porque ele e a esposa acabaram de comprar uma casa nova e já têm uma grande hipoteca," diz Krzysiewska-Rybinska."Com o banco, eu preciso pagar em uma data fixa. Aqui eu tenho a flexibilidade de pagar depois."Krzysiewska-Rybinska tomou emprestados 5.000 zlotys poloneses (US$ 2.225), por dois anos. Ela agora terá que reembolsar 95 zlotys (US$ 42) por semana, o que significa que depois de dois anos ela terá reembolsado 9.880 zlotys (US$ 4.396). A taxa de juros é excepcionalmente elevada, mas o empréstimo é bem superior à média concedida pelo IPF. Os clientes da IPF na Polônia têm uma renda mensal média de 2.500 zlotys (US$ 1.112).Rodrigues disse que as taxas de juros da IPF não são muito mais elevadas que as comuns a vários cartões de crédito nos Estados Unidos e Europa, e ajudam a cobrir o risco de fornecer empréstimos a pessoas com um histórico de crédito limitado, ou mesmo sem qualquer um, e a pagar pela rede de agentes.A remuneração aos seus funcionários é estruturada de forma a evitar a concessão antiética de empréstimos, ele afirma. Os funcionários recebem apenas comissões, a maior parte das quais são concedidas com a cobrança de um pagamento de empréstimo e não quando um novo cliente se inscreve. Tradução: Cláudia Bozzo
Visite o site do The New York Times

domingo, 24 de agosto de 2008

Lançamento : Dicionário Saber Juridico.


O Dicionário Saber Jurídico 2008 é um dicionário completo para termos jurídicos,


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Dinamarca


24/08/2008

Porque os dinamarqueses são o povo mais feliz do mundo

Por Matt Mabe

Há três anos, se você perguntasse a uma pessoa na Dinamarca o segredo da felicidade, você provavelmente receberia de volta um olhar intrigado. A mesma questão hoje, todavia, seria provavelmente respondida por um riso conhecedor e uma entre várias explicações.É preciso se acostumar com o fato de reconhecido como o povo mais feliz do mundo.Desde 2006, A Dinamarca, um país homogêneo de 5 milhões de pessoas na tempestuosa costa norte da Europa, foi agraciada com o título de lugar mais feliz da terra por duas pesquisas diferentes. As descobertas dos estudos invalidaram a percepção internacional de longa data de que a Dinamarca era um estranho e frio exportador de laticínios com uma grande taxa de suicídio, transformando o país em um modelo de harmonia social que está prosperando na era da globalização.A nova e improvável reputação do país —e a significativa atenção da mídia que isso engendrou— pode ter proporcionado um efeito ainda mais profundo nos próprios dinamarqueses ao desencadear um debate nacional sobre como eles vivem suas vidas. "Isso nos deu uma chance para refletir sobre como somos um país realmente equilibrado", diz Dorte Kiilerich, diretora administrativa do Visite a Dinamarca, a organização oficial de turismo do país.No início de 2006, a Dinamarca era a mesma de tempos atrás: um país tranqüilo, estável, mais conhecido por ser o berço de Hans Christian Andersen, dos Jardins Tivoli, e cenário do Hamlet de Shakespeare, do que por ser um epicentro de felicidade. O turismo estava em queda há uma década, e havia uma controvérsia internacional contra o país por causa de uma série de charges sobre o profeta Mohammed, publicadas por um jornal dinamarquês meses antes.Rede de segurança socialEntão em julho daquele ano, um pesquisador da Universidade de Leicester, na Inglaterra, divulgou um ranking dos países mais felizes do mundo depois de analisar dados de diversas fontes. O relatório concluía que os fatores econômicos relacionados com o sistema de saúde, padrões de vida e acesso à educação básica eram características determinantes da atitude geral dos países.A Dinamarca, com seus sistema de saúde gratuito, um dos PIBs per capita mais altos do mundo, e escolas de qualidade, veio em primeiro lugar.As notícias se espalharam rapidamente. Niels Martiny, estudante de antropologia social de 26 anos de idade na Universidade de Aarhus na segunda maior cidade da Dinamarca passou o ano passado no Peru fazendo pesquisa. Mesmo lá, as notícias sobre a pesquisa haviam chegado. "Eles estavam bastante surpresos", diz Martiny rindo. "Eles tinham uma idéia a respeito do povo nórdico ser muito reservado e sério."Os estrangeiros não foram os únicos a coçar a cabeça com os resultados. Os dinamarqueses ficaram igualmente confusos. "Muitos amigos meus ficaram surpresos", diz Martiny, que considera a si mesmo bastante feliz com sua própria vida, mas achou que o estudo pode ter cometido alguns erros. Os dinamarqueses, diz ele, tendem a não expressar suas emoções como pessoas de outras culturas fazem.Atingindo o equilíbrio corretoMas os resultados não foram apenas sorte. No começo desse verão, o instituto de Pesquisa de Valores Mundiais, em Estocolmo, que usa uma metodologia bem diferente, também descobriu que os dinamarqueses são as pessoas mais contentes do mundo. O estudo concluiu que os parâmetros mais seguros para medir o bem-estar de um país são a liberdade de escolha sobre como levar a vida, o encorajamento à igualdade de gêneros, e a tolerância às minorias. Novamente, em todos os aspectos, a Dinamarca levou o primeiro prêmio.O que a Dinamarca tem que nós não conseguimos compreender?Atingir o equilíbrio certo é provavelmente o que mais destaca o país, sugere Kiilerich, do Visite a Dinamarca. A felicidade na maior parte das sociedades nórdicas, que ficaram em boa colocação nas listas dos países mais felizes em ambos os estudos, é conseqüência de uma combinação inefável de força econômica e programas sociais. O modelo da Dinamarca se baseia em impostos altos e numa agressiva redistribuição de riqueza —uma maldição para muitos americanos defensores do mercado-livre— que resulta numa ampla variedade de serviços sociais como a saúde, aposentadorias, e escolas públicas de qualidade. E mesmo assim, o país conseguiu fazer com que esse modelo funcionasse sem impedir o crescimento econômico ou os incentivos para crescer. "A Dinamarca tem uma cabeça e um coração", diz Kiilerich.As fortes redes de segurança social que sustentam os cidadãos dinamarqueses do nascimento até a morte também são abertas para os estrangeiros. Kate Vial, uma americana de 55 anos que morou e trabalhou na Dinamarca por mais de 30 anos, desistiu de várias oportunidades para voltar aos EUA ao longo dos anos, preferindo criar seus três filhos na Dinamarca. Vial sabe que nunca será rica, mas disse que valoriza a família, a possibilidade de viajar, e a simples segurança econômica acima de tudo. "Eu basicamente escolhi um estilo de vida mais simples, em que eu posso ir a todo lugar de bicicleta e onde não tenho que ganhar muito dinheiro para sobreviver", diz.Algumas pessoas atribuem a atitude que prevalece entre os dinamarqueses como algo menos tangível, chamado de hygge (pronuncia-se "ruga"). Os dinamarqueses dizem que é uma palavra difícil de traduzir —e de compreender— mas é descrita como um sentimento acolhedor, de convívio, que envolve fortes laços familiares. "A essência disso é que você não precisa fazer nada além de entregar-se", diz Vial. "É uma combinação de relaxar, comer, beber, celebrar, passar tempo com a família."Quaisquer que sejam os motivos para a felicidade aparente da Dinamarca, os dois estudos indicam claramente que o país deve estar fazendo algo certo. Força econômica e sistema de apoio social à parte, Kiilerich diz que há algo no sangue do país que os outros países escandinavos não têm. "Nossos vizinhos nos adoram por causa disso, mas eles simplesmente não conseguem entender", diz. Tradução: Eloise De Vylder Visite o site do Der Spiegel

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Estado.


22/08/2008

Intervenção do Estado volta ao centro da vida econômica

John Plender
Durante a melhor parte de um período de três décadas, elaboradores de políticas no mundo desenvolvido seguiram a linha de Ronald Reagan e Margaret Thatcher ao procurarem fazer com que as fronteiras do Estado retrocedessem. O mantra triplo "privatização, liberalização e desregulamentação" imperou.Mas os problemas que tiveram início nos mercados de crédito um ano atrás lançam agora uma sombra sobre a forte orientação de mercado das políticas ocidentais. Após o colapso de bancos como o Bear Stearns nos Estados Unidos e o Northern Rock no Reino Unido, e tendo como pano de fundo as atuais dúvidas quanto à viabilidade de gigantes do setor de hipotecas como o Fannie Mae e o Freddie Mac, a abordagem anglo-americana do capitalismo parece ter fracassado estrondosamente. Sendo assim, estaria o Estado mais intrusivo prestes a ensaiar um retorno, reduzindo a esfera do livre mercado, de forma semelhante à resposta governamental à crise da década de 1930? Qualquer comparação com o período deflacionário entre as duas guerras mundiais não se aplica, até porque os elaboradores de políticas dos Estados Unidos e da Europa conhecem as lições daquela era. Conscientes de que ações preventivas podem evitar uma depressão, os governos e os bancos centrais já estão respondendo ao colapso do crédito e à debilidade dos mercados imobiliários. Esta crise não deverá se agravar ao ponto de vermos filas de cidadãos famintos em busca de sopa gratuita. Nos Estados Unidos, a política monetária tem sido substancialmente abrandada, enquanto o ativismo fiscal de estilo keynesiano voltou à moda. Um reforço orçamentário de US$ 150 bilhões neste ano de eleição presidencial é provavelmente apenas um começo. As portas dos cofres deverão ser novamente abertas em resposta aos pedidos intensos de reduções de impostos e de aumento de investimentos em infra-estrutura. Tendo em vista a desaceleração econômica global, é quase certo que haverá mais ajuda financeira governamental nas economias avançadas até o ponto em que as regras fiscais elaboradas para restringir o tamanho do Estado entrem em colapso. A crise do crédito já provocou uma expansão involuntária do papel do Estado na forma das nacionalizações bancárias como a do Northern Rock, onde a estatização foi abraçada com relutância por um governo trabalhista. O Tesouro dos Estados Unidos poderá ver-se em uma posição similar em relação ao Fannie Mae e ao Freddie Mac. Uma questão interessante é saber se tal intervenção governamental ad hoc será repetida fora do setor financeiro. O colapso de um grande fabricante de motores em Detroit, algo que os mercados de dívidas estão esperando, poderá fazer com que muito em breve a expediência política entre me conflito com a probidade fiscal. Em uma recente defesa enérgica do capitalismo financeiro, Raghuram Rajan e Luigi Zingales argumentam que os livres mercados estão vulneráveis a ataques em épocas de crise porque se apóiam em bases frágeis, e a sua existência depende da boa vontade dos políticos.* A amplitude desta vulnerabilidade e da reação resultante após o estouro da bolha de crédito dependerá da gravidade da crise. Para muita gente ela já parece ser grave, ainda que nenhuma grande economia ocidental enquadre-se na definição técnica de uma recessão - dois trimestres sucessivos de crescimento negativo. A grande maioria das pessoas nos países de língua inglesa suportaram rendimentos estagnados e um alto nível de desigualdade salarial durante muitos anos, em grande parte porque ainda eram capazes de aumentar os seus padrões de vida ao tomar dinheiro emprestado para a aquisição de imóveis em um ambiente seguro, no qual o preço das moradias aumentava. Com o colapso do crédito, a aquisição de empréstimos ficou subitamente mais difícil e os valores das casas estão despencando, enquanto a alta dos preços dos alimentos e da energia empurram o custo de vida para cima. Neste ínterim, as críticas ao sistema financeiro crescem em altura e em rispidez, e elas não são feitas apenas por populistas vulgares. Em um discurso altamente crítico proferido no Clube Econômico de Nova York em abril deste ano, Paul Vocker, ex-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), afirmou: "Resumindo, o novo e brilhante sistema financeiro - apesar de todos os participantes talentosos e de todas as suas gordas recompensas - fracassou no teste do mercado".Neste cenário é compreensível que haja ressentimento quanto ao fato de banqueiros caprichosos estarem sendo resgatados. Este tipo de socialismo para os ricos dificilmente agradará os eleitores nos países mais seriamente atingidos pela crise. Isso sugere que a política fiscal poderá ser revertida para os moldes mais redistributivos da era anterior a Reagan e a Thatcher, com o retorno dos ricos ao raio de vigilância dos políticos. Quer os Estados Unidos elejam ou não Barack Obama presidente em novembro, a reforma fiscal proposta pelo candidato democrata, que atingirá com dureza as famílias com rendimento anual superior a US$ 250 mil, pode ser um indicador do que está por vir no universo dos países desenvolvidos. O cenário poderá também estar montado para que os políticos recuperem o poder até então concedido ao setor privado ou a agências independentes do Estado. O maior campo de batalha estará localizado no território dos bancos centrais. Antes da crise dos mercados de crédito, havia um amplo consenso de que a atuação independente dos bancos centrais contribuiu significativamente para "a grande moderação" dos últimos anos, na qual prevaleceu uma mistura benigna de inflação baixa e crescimento elevado. No momento atual não existe moderação, a estabilidade anterior revelou-se desestabilizante. Assim, os diretores de bancos centrais que irão se reunir neste final de semana em Jackson Hole, em Wyoming, são acusados de não terem conseguido entender plenamente as modificações estruturais no sistema financeiro e de não terem agido para conter a expansão da bolha de crédito. A independência dos bancos centrais parece ser mais vulnerável nos Estados Unidos, onde o Fed não goza daquela mesma proteção da qual o Banco Central Europeu desfruta devido ao Tratado de Maastricht, que seria quase impossível desfazer. Desde a operação de resgate do Bear Stearns em março último, uma rede generalizada de segurança foi estendida para os bancos de investimentos. Ao fazer tal coisa, o Fed rompeu com uma antiga convenção segundo a qual, em épocas de crise, os bancos centrais só devem emprestar com as maiores taxas de juros caso existam boas garantias, já que o valor e a liquidez de grande parte das garantias nos casos de hipotecas são questionáveis. O risco é que se volte sempre à estaca zero, já que a ação tomada sob os poderes emergenciais "temporários" é tida no mercado como uma garantia de ações similares quando uma nova turbulência emergir. O Fed poderia também tornar-se vulnerável a pressões para alocar créditos com o objetivo de atender aos desejos dos políticos. Conforme disse Volcker em abril: "Devido à aparente necessidade, poderes amplos foram exercidos de uma forma que não é nem natural nem confortável para um banco central. Como guardião do dinheiro do país, o Federal Reserve tem a responsabilidade básica de proteger o seu valor e de resistir às pressões crônicas que conduzem à inflação. Considerando que lhe foi concedido um alto grau de independência para exercer esta responsabilidade, o Federal Reserve deveria ser desvinculado - e ser visto como desvinculado - de decisões que pareçam favorecer instituições particulares ou parcelas politicamente sensíveis do eleitorado". Uma ameaça mais direta aos bancos centrais é oriunda do atual ambiente de estagflação. A inflação elevada faz com que seja difícil para os elaboradores de políticas governamentais reduzir as taxas de juros em resposta à desaceleração econômica, o que não contribuiu em nada para torná-los populares. Em tais circunstâncias a amplitude dos erros de políticas governamentais também é elevada. Tampouco, caso a recente reversão dos preços da energia e das commodities resultar em uma inflação mais baixa no ano que vem, a situação dos diretores de bancos centrais será necessariamente mais confortável. A meta de estabilidade de preços pode exigir que eles contrabalancem a política fiscal mais branda adotada para os governos a fim de conter a estagnação. Isso poderia fazer com que os políticos solicitassem que a política monetária não ficasse mais na mão de autoridades que não são escolhidas pelo voto.Se a repolitização insinuante da política monetária parece plausível - e a política monetária nunca foi totalmente imune à pressão política -, o retorno do "grande governo" é uma outra questão. Nos Estados Unidos, na Europa e no Japão os níveis elevados da dívida e os empecilhos políticos ao aumento do fardo fiscal conspiram contra um aumento significativo da proporção do produto interno bruto abocanhada pelo setor público.De toda forma, há um paradoxo inerente ao longo período de privatização e liberalização: a redução ínfima das fronteiras do Estado. Projeções da Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento revelam que de 1990 a 2009 os gastos governamentais como percentagem do produto interno bruto dos países membros deverão sofrer uma redução desprezível de 40,9% para 40,8%. Entre outras coisas, isso reflete a maneira segundo a qual a demanda por serviços públicos como educação e saúde aumenta inexoravelmente à medida que os países ficam mais ricos. O envelhecimento das populações contribuirá para as pressões sobre os orçamentos governamentais. Mas o fator que mais conspira contra o retorno do dirigismo integral é o clima intelectual. Na década de 1930, a economia planificada da União Soviética apresentou um elevado crescimento econômico enquanto o mercado livre dos Estados Unidos foi destroçado pela Grande Depressão. Isso pavimentou o caminho para um papel mais intervencionista dos governos no Ocidente, incluindo nacionalizações e uma crescente rede de previdência social. Muitos europeus do período pós-guerra assumiram que a presença do setor estatal nos escalões mais elevados da economia seria mais eficiente do que a alternativa do mercado. Eles também acreditaram, segundo frase do político britânico Douglas (mais tarde, Lorde) Jay, que "o homem em Whitehall sabia melhor das coisas". Hoje em dia a situação é outra. A teoria da escolha pública, com a sua visão dos políticos e burocratas como "maximizadores da utilidade pessoal", influenciou fortemente o pensamento econômico. Os erros e escândalos que ocorrem periodicamente nas democracias maduras deixaram os eleitores desiludidos com as elites políticas. Enquanto isso, o setor estatal não conseguiu cumprir as suas promessas no Ocidente, e fracassou completamente na União Soviética. Assim, atualmente a política intervencionista gera um ceticismo generalizado. Somente no setor bancário, graças aos fracassos recorrentes e catastróficos do gerenciamento de riscos, o setor estatal parece contar com mais simpatias do que o privado. Dito isto, a Guarda Platônica está fazendo um retorno modesto nas teorias dos acadêmicos norte-americanos Cass Sunstein e Richard Thaler, que atualmente atraem Obama e David Cameron, o líder dos conservadores britânicos. Eles defendem o "paternalismo libertário", segundo o qual os governos estimulam os cidadãos a comportarem-se em sintonia com as metas de politicas públicas. Um exemplo clássico de estímulo útil é a inclusão automática das pessoas em esquemas de poupança, proporcionando a elas, ao mesmo tempo, a opção de sair, o que teve o efeito de elevar drasticamente a participação. Este tipo de tática de estímulos conta com atrações óbvias para os políticos. O seu custo é baixo e ela não padece do problema do tipo "vencedores e perdedores", porque os perdedores, sendo vítimas da inércia, podem não perceber perda nenhuma. Nos países nos quais as eleições precisam ser ganhas a partir do centro do espectro político, a combinação de metas públicas e escolhas sintonizadas com o mercado poderia atrair tanto a direita quanto a esquerda. Mas, no final, tudo se resume a tomar conta do eleitor, e o sucesso dependeria da sabedoria e da integridade daqueles que escolhem as metas de políticas monetárias. De qualquer forma, isto equivaleria a um pequeno retorno do Estado.O maior problema é o cabo de guerra pós-bolha entre a intervenção do governo e a regulação derivada das preocupações do mercado. Esta é, de acordo com George Soros, o famoso gerente de fundos de hedge, a pior crise financeira desde a década de 1930. Mas hoje em dia seria impossível criar legislações relativas aos bancos e às securities do tipo que os parlamentares introduziram naquela época, porque atualmente os mercados financeiros são globais. A extrema complexidade desses mercados também transforma a tarefa dos legisladores em um pesadelo. Um problema identificado por Rajan e Zingales é o fato de "um mercado verdadeiramente livre e competitivo ocupar um espaço intermediário muito delicado entre a ausência de regras e a presença de regras sufocantes. Isto porque o espaço intermediário é tão estreito que o capitalismo na sua melhor forma é bastante instável".A bolha de crédito não foi um simples fracasso do mercado, mas sim um fracasso de liderança empresarial, governança corporativa e gerenciamento de riscos, exacerbado pelas estruturas distorcidas de incentivos existentes nos bancos. Estas são também questões difíceis de se resolver com legislações. E não se sabe se existe vontade política para montar uma vasta rede de controles em torno do sistema financeiro, especialmente ao se considerar a preocupação política nos Estados Unidos quanto à competitividade internacional dos mercados e das transações norte-americanas. O que está claro é que o Comitê de Basiléia, que estabelece a estrutura regulatória para as operações bancárias em todo o mundo, será beneficiado em termos de liquidez. As atividades comerciais controladas pelos próprios bancos terão que ser apoiadas por capitais bem mais regulatórios. As agências de rating que se mostrarem incapazes de avaliar os riscos em instrumentos estruturados complexos estarão sujeitas a controles mais rígidos. E serão impostas maiores restrições no setor de financiamentos, bem como maior fiscalização.O risco é que a lei das conseqüências involuntárias se aplique. Afinal, foi o regime de Basiléia de capital de risco avaliado que, no princípio, fez com que os bancos transferissem os bens das folhas de balanço, e foi aí que o mercado de crédito começou a desmoronar. Uma nova onda de inovações financeiras para a facilitação das decisões regulatórias pode estar vindo por aí. A fé no poder auto-equilibrante do mercado está, sem dúvida, em baixa. Assim, embora o New Deal - ou políticas do tipo "Grande Sociedade" possam estar fora de questão, existe o potencial para que o Estado imponha responsabilidades políticas aos tecnocratas encarregados da elaboração de políticas, sujeite os banqueiros rebeldes a mais regulamentações e amplie o setor estatal em resposta ao fracasso de corporações politicamente sensíveis. No conflito perene entre política e mercados, não há dúvida de que a política é, neste momento, mais popular.* "Saving Capitalism From The Capitalists", Crown Business(2003) ("Salvando o Capitalismo dos Capitalistas", Editora Crown Business, 2003). Tradução: UOL

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

O príncipe Charles e o especulador


Marc Roche

Em Londres

Seu brasão negro ornado de 15 moedas de ouro e ladeado por duas aves com uma pluma no bico é testemunha. O príncipe Charles é sem dúvida o herdeiro do trono da Inglaterra, mas também é o 24º duque da Cornualha. E com esse título - o menos conhecido - uma das personalidades mais ricas do reino. Recentemente, para surpresa geral, o filho mais velho de Elizabeth II se lançou na especulação imobiliária britânica.Até o monarquista mais dedicado aos Windsor deve estar desconcertado com a recente criação da Telesma, um fundo de investimentos em projetos imobiliários do qual o príncipe controla um terço dos ativos. Uma de suas associações filantrópicas, The Foundation for the Built Environnment [Fundação para o Ambiente Construído], age como consultora dessa estrutura dirigida pelo dono da Land Securities, a maior promotora imobiliária britânica cotada na Bolsa.A missão do fundo é investir em projetos de desenvolvimento sustentável no Reino Unido. O Crédit Suisse está encarregado de levantar o resto do capital junto a grandes fortunas do Oriente Médio que desejam colocar seus petrodólares em propriedades com a etiqueta "Charles Inc"."A existência da monarquia é fundamentalmente antidemocrática, um fator de divisão social em um ambiente feudal": para Stephen Haseler, chefe autoproclamado do movimento republicano, essa iniciativa salienta a ânsia de lucros da realeza. Jorge VI, o pai da rainha, um dia chamou a família real de "a Firma". A expressão é mais que nunca atual. E o príncipe Charles vestiu sem dificuldade os hábitos de presidente dessa empresa florescente.Os lucros brutos do ducado da Cornualha superaram os 16 milhões de libras (20,2 milhões de euros) no exercício 2007-2008. Esse desempenho é tanto o resultado do sucesso da linha de alimentos biológicos Duchy Originals quanto de investimentos imobiliários. Durante estes últimos sete anos a compra e venda de terrenos, casas, escritórios ou espaços comerciais trouxeram 43 milhões de libras ao tesouro principesco. Elizabeth II também não fica atrás, como demonstra o aumento dos lucros do Crown Estate, que administra os enormes ativos imobiliários da coroa.Mas a constituição da Telesma ocorre no pior momento. A combinação de crise de crédito, desmoronamento do setor imobiliário e desaceleração econômica obriga dezenas de milhares de famílias a abandonar suas moradias a seus credores. Esse país de pequenos proprietários está em plena depressão. Quanto ao imobiliário comercial, desmorona.Para os críticos dessa aventura na selva da especulação, o príncipe de Gales responde que, ao contrário de seus pares promotores imobiliários bilionários - os Westminster, de Walden ou Buccleuch -, ele é apenas um milionário de segunda categoria. Aliás, as ruínas inabitáveis do castelo de Tintagel são a única residência oficial na Cornualha. Lá onde nasceu, segundo a lenda, o rei Arthur. Nobody is perfect. Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
Visite o site do Le Monde

sábado, 16 de agosto de 2008

Comércio Justo.


Por que esta manga é mais cara?
Um ilustre desconhecido por aqui, o dito "comércio justo" começa a pingar nas gôndolas do país
Eduardo Knapp
A manga Tommy normal é vendida pelo produtor a R$0,50 o quilo, e o consumidor final paga R$1,65; no "comércio justo", o produtor vende a fruta por R$1,22, que chegaria ao consumidor por R$ 4,03 o quilo

CYRUS AFSHARDA REPORTAGEM LOCAL Você topa pagar um pouco mais por um produto feito sem danos à natureza ou exploração desumana do trabalho, sabendo que sua compra ajuda a desenvolver comunidades pobres? Milhares de consumidores no mundo topam. São a base do dito "comércio justo".Muito mais conhecido na Europa, o "comércio justo", ou "solidário", ou ainda "ético" é um movimento social e um sistema internacional de comércio, que busca atenuar desigualdades nos países pobres, por meio da venda de produtos feitos em padrões sustentáveis.No Brasil, produtos com o certificado do comércio justo ainda são raros em supermercados. Mas isso pode mudar a partir desta semana, quando serão lançadas as normas nacionais desse comércio.Por aqui, o sistema começou a ganhar algum espaço no final dos anos 90 e só se tornou mais estruturado a partir de 2003. A proposta para normatizar o comércio justo no Brasil, que será levada agora, no dia 19, a um encontro internacional sobre o tema, no Rio, dá a ONGs e empresas a competência de certificar produtos, orientadas pelo Inmetro. Ela foi desenvolvida por Senaes (Secretaria Nacional de Economia Solidária), Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e outras entidades da sociedade civil. Surge quase dois anos depois da criação de suas linhas gerais."Quando a coisa é muito "democrática", feita a 20 mãos, o processo se arrasta", diz Vanucia Nogueira, 47, superintendente do Centro de Excelência de Café do Sul de Minas, que trabalha com pequenos agricultores na região de Varginha.Enquanto não vão para as gôndolas daqui, produtos nacionais de comércio justo já certificados internacionalmente são exportados para a Europa, como manga, suco de laranja e café. Essas mercadorias são vendidas pelo "preço justo", isto é, suficiente para que pequenos produtores consigam manter tanto um padrão de vida digno quanto os modos tradicionais de produção.Um exemplo é o café. Em Minas Gerais, uma saca (60 kg) comum custa por volta de R$ 250, de acordo com o Centro de Excelência de Café do Sul de Minas. Já uma saca da produção "justa" rende ao pequeno produtor R$ 310, quase 25% a mais que o preço de mercado.Isso é financiado na outra ponta da cadeia, pelo consumidor. A diferença entre o preço comum e o "justo" varia segundo o país e o produto.Em São Paulo, o Sam's Club vende o café de comércio justo por R$ 7,38 (250 g), 17,6% mais barato que um café gourmet (R$ 8,96). Mas bem mais caro que um café comum (R$ 2,30). Apesar dos preços altos, o mercado ético mundial cresceu a uma taxa anual média de 40% nos últimos cinco anos. Em 2007, cresceu 47% e movimentou 2,3 bilhões de euros, segundo a Fairtrade, entidade que reúne 23 certificadoras internacionais e produtores da América Latina, Ásia e África. As certificadoras atestam para o consumidor que os produtos seguem os padrões do sistema."O comércio justo oferece aos consumidores uma poderosa oportunidade para assumir a responsabilidade pelo que compram. Cada vez mais pessoas se preocupam com a procedência da mercadoria e querem saber se os produtores envolvidos obtêm remuneração justa", diz Verónica Sueiro, coordenadora da Fairtrade.

Argentina : Inflação.


Fonte : America Economia -

15-08-2008 Actualidad
Índice de lágrimas al consumidor
por Rodrigo Lara Serrano, Buenos Aires

Empleados del Indec afirman que se los desplaza por negarse a manipular estadísticas. Otros dicen que no están para discutir metodologías de cálculo.
"He visto, personalmente, a encuestadores llorando y diciendo: traje el pan a 4 y me lo bajaron a 2,5". Cynthia Pok, ex encargada de la Encuesta Permanente de Hogares del Instituto Nacional de Estadística y Censos de Argentina (Indec), tiene algo de esos personajes secundarios de las novelas de Tolstoi: alguien perfectamente anónimo que, de pronto, se encuentra atrapado en medio de un puente en plena batalla.
Lo de batalla no es una metáfora. Hace un tiempo, un grupo de empleados de estadísticas pasó a entregar un petitorio de aumento de sueldo al Ministerio de Economía. "Sabían que íbamos. Nos hicieron entrar y de pronto cierran las puertas, la luz estaba baja y en el hall nos esperaba la patota que nos amenaza acá, en el Indec. Se nos abalanzan y nos comienzan a golpear. Caí al suelo. Los empleados de Economía trataban de pararlos, pero la pelea duró de 20 minutos a media hora. La policía federal (con hombres en el ministerio) estaba viendo y no intervino".
El pugilato ocurrió entre gente de la ATE (Asociación de Trabajadores del Estado) y de UPCN (Unión de Personal Público de la Nación), los dos sindicatos que conviven en el Indec. ¿Qué es lo que ha convertido a los empleados del otrora prestigioso instituto en capuletos y montescos? Simple. Una discusión sobre aceptar, o no, 10 a 12 puntos de inflación "extras".
Desde que en el primer trimestre de 2007 los encargados de varias áreas de la entidad comenzaron a ser desplazados, estalló la polémica. Los expertos, como Pok, denunciaron que se los transfería a otros puestos por su negativa a manipular estadísticas para bajar la inflación. El gobierno arguyó que, por el contrario, los desplazados eran funcionales a intereses privados para subirla: inversionistas que tienen bonos que se ajustan por un índice ligado a la inflación. Y que, por el contrario, alegan que las autoridades los están "defaulteando" a escondidas, al ocultar la tasa real de inflación.
Porque de haber inflación, hay. La otra discusión es por qué. Con superávits fiscales sostenidos sobre el 3%, las autoridades esgrimen que el origen de la inflación está en el desfase entre la demanda contenida que explotó al recomponerse los ingresos, y los cuellos de botella de inversión y producción. Centros de investigación como el CERX, describen lo anterior más bien como "una recomposición de los márgenes de ganancias de sectores productivos que habían bajado sus márgenes al mínimo". Lo anterior está en consonancia con los economistas que hablan de una clase media alta -ligada al boom de los commodities agrícolas y con consumo de país desarrollado- subsidiada por servicios públicos (gas, electricidad y agua) con precios congelados, cuyo poder de compra es altísimo. Entonces, si le suben los precios, los paga.
Visiones más liberales sostienen que lo que ocurre es que el gobierno expande el gasto demasiado por sobre la expansión de los ingresos.
Pero ¿de qué niveles de inflación estamos hablando? El problema es que oficialmente no es posible saberlo. "Este año la inflación será del 20-22%" contesta el economista Mariano Lamote, del centro de estudios Abeceb. "Nuestra estimación la ubica en torno del 28%", es la visión del también economista Ricardo Delgado, de Ecolatina. El último Informe de Inflación del Banco Central dice que los precios (minoristas) en el IPC-Resto (medición del Indec a la llamada "inflación subyacente" que no incluye energía) llegó, en junio, a un 12% . Y agrega en una frase para "entendidos": "Los diferentes indicadores de precios disponibles continúan mostrando variaciones divergentes". Algunos de alrededor del 20%.
Argentina es un país federal, de modo que varias provincias miden sus propios IPC. Los resultados para el primer semestre van desde un 6,8% para Mendoza a un 14,9% de la patagónica Río Negro, pasando por el 14,8% de San Luis, el 14,5% de Salta, el 12,4% de Tierra del Fuego y el 11,1% de Chaco. No hay que ser sabio para extrapolar un 21% anual en 2008 si la tasa cae el segundo semestre. O un 26-28% si recrudece tras un descenso en el último bimestre.
A este último respecto, las opiniones están, de nuevo, divididas. Lamote comenta que la inflación "en los dos últimos meses viene cayendo", en correlato al enfriamiento de la economía. Las ventas se desaceleran, desciende la producción industrial. Sin embargo, no es claro si ello se debe a los efectos del paro agrario de tres meses que congeló el consumo, o es un fenómeno de más largo aliento. En declaraciones a la prensa, el economista favorable al gobierno Eduardo Curia advirtió que sospechaba "que estamos en una trayectoria del tipo serrucho, donde habrá altibajos en la actividad vinculados a presiones en el consumo contra la inflación". Sería una mala noticia. Ahora, además del índice informal, más de acuerdo con sus intereses, los agentes podrán elegir la parte del "serrucho" que más les sirva.
Para la analista política y titular de Romer & Asociados, Graciela Romer, las encuestas muestran que la gente de la calle sufre "el serrucho" que golpea sus ingresos. Y ello tiene efectos políticos. "Ya a principios de año había un profundo malestar sobre la inflación creciente". De hecho, la disputa reciente sobre los impuestos a la exportación "fue una rebelión fiscal sobre la cual se montó la clase media que sufre el peso de la inflación en el deterioro de su calidad de vida". Eso, "y no un parecido con Dinamarca o Suecia, en que a la gente le haya dado un ataque de republicanismo, explica lo que pasó".
La derrota del gobierno de Cristina Kirchner, al anular el aumento impositivo, abrió la expectativa de una solución consensuada para el Indec. La oposición y varios amigos del gobierno piden, eso sí, la renuncia de Guillermo Moreno, el secretario de Comercio, que controla la entidad. En la Casa Rosada hay silencio, luego de haber defendido el cambio de metodología. Mientras, un juez investiga la manipulación de los índices y se ha pedido que la justicia nombre un veedor que reestablezca el cálculo de la manera tradicional.
Damián Comas, secretario general de UPCN en el Indec, el sindicato mayoritario en la entidad acusado de obedecer a Moreno, dice: "No discutimos metodologías de cálculo. Somos una organización sindical". Y agrega: "Trabajo acá hace 15 años. El cuestionamiento estuvo siempre". Por su parte, Pok, miembro del sindicato de ATE (Asociación de Trabajadores del Estado), se molesta. "Nadie conoce la nueva metodología. No está publicada". Y asegura que UPCN apoya a las autoridades porque "se han reclutado unas 300 personas nuevas sin capacitación", afines a ese sindicato.
Una fuente del Indec ajena a estos grupos, que pide reserva de su identidad, explica que, por un lado, "el gobierno tenía el aval para sacar a personas vinculadas a ATE porque sus concursos habían caducado". Pero, por otro, "cómo lo hizo fue horrible". Y ahora "hay gente de UPCN que cobra fortunas por tareas insignificantes. Cuidar una puerta $ 6.000 (US$ 2.000)". Esos empleados, indica, son unos 50, y están ligados al polémico Moreno. "La verdad es que muchos de ellos son buena gente. Defienden el índice nuevo porque ¿dónde van a cobrar lo que cobran acá? Y lo de la emboscada es cierto. Fue una locura".

domingo, 10 de agosto de 2008

500 Maiores Empresas da América Latina


[ 12 de agosto de 2008 - 10h45 ]
Economática: lucro da Petrobras é 3º maior das Américas
São Paulo - O lucro líquido da Petrobras no segundo trimestre deste ano, de R$ 8,783 bilhões, é o terceiro maior das Américas entre as companhias de capital aberto no período, sem considerar as empresas canadenses, de acordo com levantamento da Economática.
Convertido pela taxa de câmbio do encerramento de junho, o lucro da Petrobras foi de US$ 5,517 bilhões, abaixo apenas dos resultados das petrolíferas americanas ExxonMobil, de US$ 11,680 bilhões, e Chevron Texaco, de US$ 5,975 bilhões.
A mineradora Vale é a outra companhia brasileira que aparece na lista da Economática, na décima quarta colocação entre as mais lucrativas das Américas no período. A Economática levou em conta o resultado da mineradora pelo padrão contábil brasileiro (BR Gaap), que totalizou R$ 4,573 bilhões no período de abril a junho deste ano, ou US$ 2,873 bilhões. (AE)






Jaime Contreras e Rodrigo Díaz


RESUMO DE ARTIGO DA ECONOMIA AMERICA


Olhe cuidadosamente para a Petrobras. A empresa cresceu 30,1% em 2007, com vendas de US$ 96,3 bilhões. Com esse impulso, levou o segundo lugar entre as maiores empresas da América Latina: superou a PDVSA por US$ 58 milhões e está a US$ 7,5 bilhões de alcançar a Pemex.Se em 2008 a Petrobras mantiver o ritmo médio de crescimento dos últimos dez anos (de 18,63%) – e supondo que suas rivais mexicana e venezuelana também –, poderíamos adiantar que a companhia fechará o ano como a maior da América Latina em vendas (de fato, as cifras dos primeiros meses deste ano e suas descobertas de petróleo já poderiam confirmar essa tendência).O caminho da Petrobras para chegar à condição de maior empresa da América Latina é so-mente uma das diversas manifestações da forte liderança que as empresas brasileiras come-çam a exercer na região como um todo. As companhias brasileiras são as que mais crescem em vendas (35% em 2007, enquanto as 500 maiores empresas registraram média de 23%). Além disso, são as que lideram em mais setores e são, de longe, as principais protagonistas de todos os indicadores de crescimento desta edição das 500 da AméricaEconomia, nosso estudo anual que reúne uma completa informação financeira sobre as grandes corporações da Améri-ca Latina. Esta revista que você tem em mãos é uma edição cheia de recordes: as vendas conjuntas das 500 maiores da região somaram nada menos que US$ 1,95 trilhão (sim, com treze zeros), o dobro do registrado em 2003. Há outras formas de ver esse avanço: hoje, são 437 as empresas da região que registram vendas acima de US$ 1 bilhão, 103 mais do que no ano passado. E neste ano a “nota de corte” para participar do seleto grupo das 500 chegou a US$ 822 milh-ões, contra US$ 570 milhões no ano passado.Esta edição mostra ainda a recuperação neste ranking das empresas mexicanas, que desde 2002 vinham sofrendo uma queda sustentada em sua participação: de 241 entre as 500 maio-res em 2002 para somente 111 em 2006. Em 2007, seu número voltou a subir, para 134 em-presas. A expansão das empresas brasileiras e mexicanas castigou suas congêneres argentinas, colombianas, chilenas, peruanas e venezuelanas, que perderam terreno e cujo número, soma-do, foi reduzido de 169 para 144.Tais dinâmicas contradizem o senso comum de que as empresas localizadas em economias com moedas que se valorizaram frente ao dólar seriam as mais beneficiadas. Isso devido ao fato de que, como usamos o dólar norte-americano como unidade de análise para todas as empresas, nos países onde o valor do dólar tivesse caído mais as empresas apresentariam maiores taxas de crescimento. Mas a realidade é mais complexa.Embora a valorização de 17% do real frente à divisa dos EUA possa explicar em parte o bom desempenho das empresas brasileiras, esse mesmo fator não ajudou as de outros países cuja moeda também se valorizou em relação ao dólar, como o Peru, a Colômbia e o Chile. Isto porque, quando um produto é caro, não será fácil exportá-lo mesmo se seu preço diminuir, o que afeta negativamente o crescimento das empresas. Prova disso é que, entre as empresas que fazem parte da lista das 500 maiores, a importância das vendas no exterior se reduziu de 47,5% em 2006 a 39,8% em 2007. Na verdade, o que realmente se esconde por trás dos bons resultados das 500 maiores em 2007 é o aquecimento das economias internas. Aí, sim, houve boas notícias. Em 2007, a Amé-rica Latina registrou seu quarto ano de expansão consecutiva acima dos 3%, com um cresci-mento estimado pela AméricaEconomia Intelligence de 4,67%. Dinheiro no bolsoO setor petróleo/gás continua a ser o mais relevante entre as maiores empresas da região: com US$ 494 bilhões em vendas, representam 25% do total faturado por todas as 500. É seguido pelo setor comércio, que já se acomodou no segundo lugar, enquanto o de telecomunicações está em terceiro. Possivelmente, o caso mais interessante do ponto de vista setorial é da side-rurgia/metalurgia, que cresceu 54,9% em 2007, colocando-se como o quarto mais importante em vendas.O destaque da mineração vai por outro lado: apesar de os preços dos minerais terem galgado novas alturas, as vendas das empresas do setor cresceram apenas 22,2%, abaixo da média ge-ral das 500. Não obstante, especialmente graças ao alto preço do cobre, conquistaram lugares protagônicos em todos os indicadores de rentabilidade incluídos nesta análise.
Rentabilidade, aliás, parece ser algo cada vez mais escasso. De fato, a soma do lucro das 500 maiores empresas da região cresceu apenas 18%, menos que a média do aumento das vendas.Sobre rentabilidade, o ROE (lucro sobre patrimônio) médio das 500 caiu levemente, de 18,5% em 2006 a 18% em 2007. A queda do ROA (rentabilidade sobre ativos) médio foi menor: de 7,4% em 2006 passou para 7,3% em 2007.Esse cenário pode ficar mais evidente nos próximos meses. Isto porque este ranking das 500 maiores é publicado em meio a um panorama global incerto, no qual o maior mercado está em recessão e em que existem fortes ameaças de inflação e de aumento de taxas de juros em vá-rios países. Isso sem contar o preço do petróleo, que, apesar de beneficiar as empresas petrolí-feras, pressionou o custo da energia em geral.E esse é um fator importante: as 500 maiores empresas provavelmente também são as maiores consumidoras de energia da região.Algumas empresas já começaram a notar esses fatores em seus resultados para o primeiro semestre de 2008, e naquelas em que isso ainda não acontecem eles possivelmente serão no-tados durante o segundo semestre. Uma situação que poderia afetar o crescimento das 500 maiores como um todo. Mas vale repetir o clichê: tempos de crise também são tempos de oportunidades. E nossas 500 maiores corporações também são as organizações com mais re-cursos para enfrentar tempos difíceis e fazer negócios onde alguns só encontram problemas
.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

BOLIVIA.




"Bolívia dos ricos" faz oposição a Evo Morales e quer presidente longe do Palácio Quemado


João PeresEspecial para o UOL


Em La Paz (Bolívia)


Avenidas largas, montanhas ao fundo, casas espaçosas com carros novos na garagem. Assim são Achumani e Calacoto, dois bairros da Zona Sul de La Paz que mais parecem fazer parte de outra Bolívia. E que integram um bloco político completamente distinto daquele que floresce no centro e na periferia da capital. Se nas regiões mais pobres Evo Morales é rei, não se pode dizer o mesmo dos redutos da classe alta.

Nas arborizadas ruas de Calacoto, em La Paz, Evo não tem apoio

A empresária Maria Eugênia Barreiro acha que o país retrocedeu


Nas lojas de grifes famosas, bares e restaurantes de preços mais altos, não há espaço para os tradicionais adesivos "Evo Si" que podem ser encontrados em todo o resto da cidade. E também não existem as pichações em muros louvando as conquistas do presidente indígena.Nas ruas arborizadas de Achumani e Calacoto, cresce uma oposição que não acompanha o sentimento do restante do altiplano boliviano, que é de apoio incondicional a Evo Morales. Para a nutricionista Verônica Cortez, a verdade é que o governo atual não é muito diferente dos anteriores. "Há muita corrupção, muito egoísmo. E é um governo carregado de ódio, de ressentimento, que tem muita energia ruim".A empresária Maria Eugênia Barreiro considera que a Bolívia já era um país atrasado em cem anos e agora está retrocedendo ainda mais. Ela pensa que as nacionalizações de algumas empresas, como as que operavam no setor de gás, foram muito prejudiciais ao país: "quem virá investir se há uma insegurança bárbara? Que empresário virá à Bolívia se não sabe o que vai acontecer amanhã?"Ao lado de Maria Eugência, a contadora Regina Medina concorda e acrescenta que há uma crise econômica terrível. O preço do frango, item fundamental do cardápio boliviano, nunca esteve tão alto.Para o militar reformado Julio Arano Saldaña, a única saída é a revogação do mandato de Evo Morales no domingo, quando a Bolívia vai às urnas para decidir se o presidente e oito dos nove governadores devem continuarseus mandatos. Ele acredita que se Morales não deixar o Palácio Quemado, o país vai chegar a uma guerra civil por conta da demanda de alguns estados por maior autonomia em relação ao governo central.Nos bairros de Achumani e Calacoto, ninguém esconde que a relação de Morales com o presidente da Venezuela Hugo Chávez incomoda. A enfermeira Jaqueline Mela admite que seu presidente chegou até a ter ações que outros governos não tiveram, mas afirma que ele se deixou influenciar muito pelo colega venezuelano. "Agora querem militarizar a todos nós. Não temos porque estar esperando outros países. O governo está provocando a todos, fazendo com que nos enfrentemos".Conforme constatamos, a oposição a Evo Morales está muito mais perto do que ele imagina e não é preciso cruzar a Bolívia até o departamento de Santa Cruz de La Sierra para encontrar descontentes com o presidente do país.
FINAL :

16/08/2008 - 18h01
Confirmada vitória esmagadora de Morales em referendo

Por Carlos Alberto Quiroga
LA PAZ (Reuters) - A Corte Nacional Eleitoral da Bolívia confirmou neste sábado a esmagadora vitória do presidente do país, Evo Morales, no referendo de domingo passado, mas o líder da oposição recebeu o resultado da consulta com uma enxurrada de insultos.
O presidente, de esquerda e origem indígena, acaba de cumprir a metade de seu mandato de cinco anos. Ele foi ratificado no cargo com 67,41 por cento dos votos válidos, informou a autoridade eleitoral, num momento em que setores conservadores retomam manifestações de protesto regionais.
Além de Morales, também foram ratificados os governadores de quatro departamentos que formam a chamada "meia lua" opositora e são liderados por Rubén Costas, de Santa Cruz.
Com esse resultado, permanece ativo o choque entre a nova Constituição "plurinacional" e socialista defendida por Morales e as reivindicações regionais de autonomia.
A divulgação da contagem de 99,99 por cento dos votos das seções eleitorais coincidiu com distúrbios em Santa Cruz, bastião direitista no leste da Bolívia, onde manifestantes defensores da autonomia regional tomaram brevemente na sexta-feira a sede da polícia.
"Os resultados confirmam uma vez mais a legitimidade de duas agendas que se opõem, o que obriga à busca de um ponto comum, antes que os surtos de violência se estendam perigosamente", disse o diretor do independente Centro para a Democracia Multipartidária, Guido Riveros.
O resultado confirmou também a prevista derrota dos governadores dos departamentos andinos de La Paz e Cochabamba, aliados dos quatro departamentos da "meia lua", que desafiam Morales com suas ações pela autonomia.
A proclamação oficial dos resultados não será feita antes da última semana de agosto porque a votação terá de ser repetida em três seções do departamento de Oruro, no Altiplano, mas esses sufrágios são insignificantes no total de 21.974 urnas habilitadas para 4,04 milhões de eleitores em todo o país.
De acordo com o cômputo final, Morales recebeu 2,1 milhões de votos, ou 67,41 por cento, dos 3,3 milhões depositados, superando amplamente a votação com que chegou à presidência em janeiro de 2006: 1,5 milhão de votos, ou 53,7 por cento.
A participação eleitoral foi uma das mais altas na história boliviana: 83,33 por cento, segundo as autoridades eleitorais.
A Organização dos Estados Americanos rechaçou denúncias de supostas irregularidades no referendo e "validou a consulta em todos e cada um dos nove" departamentos, segundo declarou em Assunção, no Paraguai, o secretário-geral da entidade, José Miguel Insulza, de acordo com a imprensa local.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

CURSO : FINANÇAS PESSOAIS


Objetivo

Conscientizar o participante da importância em administrar as finanças pessoais, independente do quanto se ganha. O descontrole financeiro trás como conseqüência a irritação, a desmotivação, o desânimo, o stress, a preocupação afetando diretamente a vida pessoal, familiar e profissional.Neste curso o participante vai receber orientações de como implementar de maneira prática e simples as soluções necessárias.
Programa
Primeiro dia:-
Por que temos dificuldades financeiras?- Quando e onde começou essa carência financeira?- Qual orientação básica faltou no processo da educação financeira?- Como, de maneira simples, implementar a solução?
Segundo dia:-
Importância do orçamento doméstico para equilíbrio das receitas e despesas, e quais razões porque o brasileiro normalmente não faz.- Como elaborar um orçamento.- Como usar adequadamente o crédito bancário.- Na compra à vista ou prazo: qual o melhor procedimento.- Qual o melhor plano de pagamentos para aquisição de um imóvel.- Em havendo correção qual o indexador mais apropriado.- Como calcular, de maneira prática, a taxa de juros cobrada nas operações de empréstimos e ou financiamentos.- Custo Efetivo Total: em que consiste e qual a sua importância.- Em que aplicar os recursos disponíveis: renda fixa, renda variáveis ou imóveis.- O que é como funciona a Previdência Privada.
Pós-palestra
É disponibilizado aos participantes o e-mail dos instrutores para consultas pessoais.Data de realização: 03 e 04 de Setembro de 2008Horário: das 19:00 ás 22:00 horasLocal: Auditório da Sede da Ordem dos Economistas do Brasil Vd. Nove de Julho, 26 - São PauloInscrições e Informações: (11) 3291-8734/35 E-mail:
eventos@oeb.org.br

Fome: nao basta só produzir mais

Javier Diez Canseco
Lima / Meio Ambiente –

A fome assola boa parte do mundo. Os preços dos alimentos disparam, resultam inatingíveis para milhares de pobres. Subiram 83% em três anos. Jean Ziegler, da ONU, qualifica o fato como um " silencioso assassinato em massa". Violentos levantamentos sacodem o Haiti, Senegal, Egito, Camerún, Costa do Marfim, Mauritânia, Etiópia, Yemen, Uzbequistão, Tailândia, Indonésia, Filipinas e até a Itália. No Peru, o aumento dos preços de alimentos provoca crescentes protestos, erosiona a corrupta gestão do alanismo (desesperado, reparte sacolas de comida com as FFAA à noite), e aumenta a adesão à Greve Nacional. A preocupação é mundial: Unicef e o BM instam os países produtores a controlar desproporcionados aumentos de preços e evitar revoltas sociais.
Iniciamos o século XXI em pleno desenvolvimento da revolução científico-técnica, um progresso sem precedentes da tecnologia e da produtividade, sendo capazes de alimentar todo o planeta. Ademais, a China e a Índia abrem passo ao desenvolvimento. O capitalismo disse ter derrotado o socialismo e pregou a validez de uma ideologia única: a ganância e o lucro constituem o motor da economia; o principal instrumento são as grandes multinacionais; a desregulação e o quase desaparecimento do Estado é uma religião. Mas a fome faz o mundo recordar que as coisas são muito diferentes. Ziegler culpa a "globalização da monopolização dos ricos na Terra" e as multinacionais de uma "violência estrutural". Claro, mais querem comer e não basta só produzir mais, como bem sabemos no Peru. Requer distribuir com justiça o produzido e que todos tenham direito a ter acesso a um nível de vida digno, o que não interessa as multinacionais. Sua maior produção e lucro é a custa do povo humilde, de vergonhosos privilégios tributários, ou de priorizar incondicionalmente o uso da água para a grande mineração, danando o ecossistema, o agro e a pecuária que são espaços de desenvolvimento sustentável, nao esgotável e de segurança alimentar para a naçao. Nós, povos originário, sabemos bem disso, já que fomos obrigados a abandonar uma próspera agricultura para sermos dizimados na exploraçao mineira colonial
Não basta desenvolver ciência e tecnologia. Urge que cheguem à gente e sirvam a seu bem-estar, não só aos lucros dos grandes conglomerados econômicos. Também não é possível que um "mercado" desregulado e manejado por imensos monopólios imponha suas condições de rapinha a Estados raquíticos e inoperantes pondo os lucros empresariais excessivos sobre o direito à vida das pessoas.
O arroz, por exemplo, duplicou seu preço internacional nos últimos três meses. Uma feroz seca açoita a Austrália (reduzindo em 98% sua colheita que abastecia 20 milhões de bocas diárias). Será casualidade ou produto do aquecimento global gerado por um modelo de industrialização que explode e maltrata a natureza em lugar de conviver com ela? Mas, nós nos perguntamos: que efeito está tendo, no aumento de preço dos alimentos e do combustível, graças à invasão de Bush no Iraque? (além disso, por que –se produzir um barril não custa mais de 12 dólares– se vende acima de 115 dólares?) E, certamente, devemos analisar o impacto que –sobre o preço dos alimentos– tem a pressão dos Estados Unidos e os países industrializados em orientar o setor agrícola para a produção de biocombustíveis e energia –mais rentável para eles– em vez de servir os requerimentos de alimentos de milhões de pobres. Finalmente, a que nos levará a intervenção do capital especulativo que aproveita a situação e investe –como o fez antes com ouro, minerais e petróleo– na compra a futuro de alguns alimentos, empurrando seu aumento?
Ao efeito do capitalismo selvagem (assim denominado por João Paulo II), soma-se o impacto do servilismo do governo de Alan García aos interesses das grandes multinacionais de mineração e financeiras, sua penosa e incondicional adesão ao pensamento do "Consenso de Washington" e suas políticas, assim como sua carência de uma política de segurança alimentar e de verdadeira promoção da agricultura, salvo os favores feitos a certos setores de exportadores que não chegam a 5% dos produtores agrários do Peru.
Alan Garcia não põe em ordem os grandes especuladores, não aplica o prometido imposto ao lucro exagerado do setor de mineração, não regula preços básicos para as pessoas nem aumenta os salários. Mantém seus amigos da UN no Banco Central de Reserva do Peru , como Velarde, embora sua política fracasse. Além disso, quer que esperemos o esbanjamento da mesa de banquete de seus amigos, que esperemos na madrugada –às vezes– um pacote de alimentos no valor de 6 dólares, repartido por soldados. E os que questionarem sua política, arriscam a ser "terrucos", detidos e processados (como os 7 da fronteira com o Equador, ou os dirigentes da Greve Nacional do setor Agrário) ou receber balas na cabeça (como os camponeses de Ayacucho), disparadas por atiradores "fantasmas". Mas Alan García aprenderá que medo e chumbo não acalmam a fome de pão e de justiça dos peruanos.
________________________Javier Diez CansecoMembro do Conselho Editorial de Sinpermiso. Artigo publicado em
www.sinpermiso.info.
(Fonte:
www.miradaglobal.com)

terça-feira, 5 de agosto de 2008

USA - Fraude cartão de crédio.





EUA indiciam 11 em 'maior caso de fraude' da sua história

Autoridades americanas indiciaram 11 pessoas suspeitas de envolvimento no roubo de informações sobre cartões de crédito no maior caso de roubo de identidade da história dos Estados Unidos.Os 11, que são de cinco países diferentes, são acusados de roubar mais de 40 milhões de números de cartões de débito e crédito e depois vendê-los em uma "conspiração internacional". Eles teriam invadido sistemas de computadores usados por comerciantes e bancos para instalar softwares que lhes davam acesso a dados confidenciais.Entre as lojas que tiveram seus sistemas invadidos, estavam redes populares como a TJ Maxx (de roupas) e a Barnes & Noble (de livrarias).O Departamento de Justiça dos Estados Unidos definiu o golpe como "o maior e mais complexo caso de roubo de identidade" a resultar em acusações formais. Segundo o departamento, o caso provocou prejuízos "generalizados" entre bancos, comerciantes e consumidores comuns. "Este caso destaca a nossa crescente vulnerabilidade ao roubo de informações pessoais", afirmou o secretário de Justiça dos EUA, Michael Mukasey."Casos como este mandam uma mensagem clara àqueles que podem se sentir tentados a abusar das nossas redes de computadores para roubar informação e prejudicar pessoas e negócios que respeitam as leis." A investigação contou com a cooperação de outros países, incluindo Turquia e Alemanha.O governo americano tem tentado melhorar a sua abordagem para crimes de roubo de identidade, que têm um custo estimado em bilhões de dólares todos os anos para o país. Em 2006, o governo do presidente George W. Bush instituiu um grupo de trabalho com 17 departamentos e agências federais.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

RECEITA FEDERAL : NOVOS CONCEITOS.


LINA MARIA VIEIRA

Nova secretária da Receita quer maior número de alíquotas no IR

Para substituta de Jorge Rachid, duas alíquotas apenas sobrecarregam muito aqueles que ganham menos
PRIMEIRA MULHER a assumir a Receita Federal, Lina Maria Vieira, 57, diz que será uma "leoa com os sonegadores, com os maus contribuintes". Em sua primeira entrevista no cargo, na manhã do último sábado, ela disse à Folha que considera necessário ampliar o número de alíquotas do Imposto de Renda das pessoas físicas, atualmente de 15% e 27,5%. "Acho, sim, necessário aumentarmos a progressividade na tributação do Imposto de Renda das pessoas físicas."
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A nova secretária da Receita não deu detalhes do modelo que considera mais adequado para o IR das pessoas físicas. A elevação do número de alíquotas é defendida pelo PT, mas sempre encontrou resistência na cúpula da Receita durante a gestão de Jorge Rachid, demitido do cargo na quinta-feira. Entre as medidas que defende para ajudar na fiscalização, está a volta da CPMF, chamada agora de CSS (Contribuição Social da Saúde). "Para efeito de controle e cruzamento de informações, mesmo que seja uma alíquota de 0,0001%, para a Receita é importante, mas como instrumento de controle." Ela adiantou que recebeu como missão da Fazenda preparar um "pacote de simplificação" fiscal e avisou que pretende acompanhar de perto as discussões no Congresso Nacional sobre a reforma tributária enviado pelo governo Lula. A seguir, os principais trechos da entrevista.

FOLHA - Como é ser a primeira mulher a assumir a Receita? A sra. se sente uma "leoa"? LINA MARIA VIEIRA - Venho trabalhando na administração tributária ao longos dos últimos 30 anos. No início da carreira eu era muito técnica. Depois, assumindo cargos, fui adquirindo tarimba na área de gestão, melhorando o relacionamento com entidades empresariais, com os demais órgãos do Ministério da Fazenda, com as secretarias de Fazenda dos Estados. Agora, essa coisa da "leoa" é uma marca da época do grande [Francisco] Dornelles [atual senador pelo PP-RJ]. Nesse caso, sou uma "leoa" sim, mas com os sonegadores, com os maus contribuintes. Serei implacável na defesa da sociedade.
FOLHA - A sra. vai tentar fazer com que os brasileiros entendam por que eles pagam tributos? VIEIRA - Levantei a bandeira da educação fiscal na 4ª Região [Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte], que é um trabalho demorado, mas precisamos iniciá-lo. Criamos a frase: "Receita Federal do Brasil: um leão em defesa da sociedade", para melhorar a imagem da Receita com a sociedade, para que ela entenda nossa função, mostrando que todo trabalho de combate à sonegação, ao contrabando, ao descaminho e à pirataria é uma proteção à indústria e ao comércio nacionais. É preciso também fazer um trabalho profundo para que as pessoas comecem a entender que elas pagam tributo, ele não cai do céu, é pago por todo cidadão e temos de ter o conhecimento e a capacidade de cobrar dos gestores públicos a boa aplicação dos recursos. De nada adiante bater recordes de receita se você não trabalha a qualidade do gasto.
FOLHA - A sra. acha que há espaço para novas desonerações? VIEIRA - Um dos pontos que nós trazemos para esta gestão na Receita é exatamente trabalharmos a simplificação, a desburocratização e a desoneração. Vamos fazer um pacote de simplificação, apresentar isso ao ministro [Mantega] para que consigamos melhorar a relação do fisco com a sociedade. É desejo do presidente Lula e uma das determinações que recebi do ministro.
FOLHA - A sra. pode adiantar as medidas desse pacote? VIEIRA - A primeira já foi lançada: é o fim da declaração para os isentos. Há algum tempo a Receita vinha trabalhando com a visão de que isso trazia demanda desnecessária no atendimento. O próximo passo é melhorar a qualidade nos centros de atendimento. Nossa missão é prestar um atendimento de excelência ao cidadão. Há outros projetos, como o Simples Nacional, em tramitação, com a inclusão de novas atividades.
FOLHA - A sra. vai discutir o Supersimples com o Congresso? VIEIRA - Vamos lá já nesta semana levar algumas sugestões que foram discutidas com os secretários estaduais e a Receita. Num primeiro momento, defendo a criação de um modelo feito no Rio Grande do Norte, chamado "Contribuinte Cidadão", para dar dignidade às pessoas que estão no comércio, mas na informalidade, como sacoleiros, pequenos feirantes e barraqueiros. No Estado, eles têm isenção do pagamento de ICMS até R$ 36 mil [de faturamento], mesma medida discutida no Congresso com a criação do MEI (microempresário individual). Existem outros pontos que foram levantados, como a inclusão de outras atividades [no Simples Nacional].
FOLHA - Mas a sra. foi contra o Supersimples? VIEIRA - Fui contra alguns dispositivos. Acredito que o Brasil não pode ser "vestido" com tamanho único. Nossas diferenças regionais e econômicas são gritantes. Conseguimos com muito êxito -quando eu era coordenadora do Confaz- incluir três limites: para os Estados que tinham até 1% do PIB, até 5% e acima de 5%, em vez do limite único de R$ 2,4 milhões. Não passava pela cabeça de ninguém ter um limite único para São Paulo e para o Piauí, por exemplo. Isso era inaceitável. Eu era contra alguns dispositivos, eram coisas lógicas.
FOLHA - O que a sra. acha de o Imposto de Renda das pessoas físicas ter apenas duas alíquotas? É possível aumentar esse número? VIEIRA - Precisamos aumentar [o número de alíquotas]. Se estamos aí para fazer justiça fiscal, essa é uma justiça que tem de ser feita. Temos de estudar. É coisa de sentar com a equipe da Receita. Talvez eles tenham algum estudo, mas acho, sim, necessário aumentarmos a progressividade na tributação do IR das pessoas físicas.
FOLHA - Para aumentar a progressividade o que a sra. considera mais adequado: criar alíquotas intermediárias ou superiores a 27,5%? VIEIRA - Em relação a essas alíquotas, nos demais países elas são bem maiores, há um alargamento dessas alíquotas. Precisamos enxergar que [no Brasil] apenas duas alíquotas sobrecarregaram muito aqueles que têm renda menor. Vou ter de me respaldar nesses estudos, nas experiências internacionais, para firmar uma convicção do que é melhor. Certamente vamos ter de fazer a ampliação dessas alíquotas, em termos de números. É necessário, é um clamor da sociedade.
FOLHA - O governo avalia isso? VIEIRA - Minha posição vai ter de se coadunar com as intenções do governo, não posso fazer isso sozinha. A Receita dá o estudo técnico. Pessoalmente, acho que é necessário ampliar [o número de alíquotas].
FOLHA - A criação do imposto sobre grandes fortunas também pode ajudar na progressividade? VIEIRA - Há muito tempo já existem dispositivos nesse sentido que nunca foram regulamentados. Há necessidade de aprofundamento desses estudos para vermos o que é melhor. Já existe a tributação estadual [através do Imposto sobre Transmissão "Causa Mortis" e Doações]. É algo que, se tiver de ser implementado, vai haver uma discussão muito ampla sobre isso. Neste momento, é melhor eu não opinar porque estamos vivendo um momento de muita especulação.
FOLHA - Alguns Estados adotaram programas de devolução de parte do ICMS para estimular as pessoas a pedir nota fiscal. É possível adotar esse mecanismo na esfera federal? VIEIRA - No plano federal acho mais complicado. O que queremos é essa parceria com os Estados e, nesse sentido, temos como apoiá-los nesse processo que eles já vêm desenvolvendo no combate à sonegação.
FOLHA - Qual a opinião da sra. sobre a carga tributária brasileira próxima de 37% do PIB? VIEIRA - A carga tributária vem crescendo, mas também é preciso deixar claro que a eficiência da Receita, o crescimento da economia, o ganho das pessoas, tudo isso reflete em melhoria da arrecadação. O trabalho do "leão" da Receita é proteger a nossa indústria. Quando trabalhamos [contra] a sonegação e a concorrência desleal, estamos dando condições ao comércio nacional de crescer.
FOLHA - Tendo sido secretária de Fazenda do Rio Grande do Norte, a sra. acha que o governo tem de ampliar a participação de Estados e municípios nas contribuições federais? VIEIRA - Essa é uma discussão muito grande no Confaz. A reforma tributária certamente vai trazer à discussão todos esses pontos. Temos de enxergar as atribuições inerentes aos municípios, aos Estados e à União, e colocá-los em condições de atender a sociedade plenamente. A preocupação maior é que todos os entes federados tenham condições adequadas de atender a sociedade, porque há um clamor muito grande por saúde de qualidade, educação, segurança e infra-estrutura. Temos de ver o que cabe a cada um ao dividir o bolo do que se arrecada.
FOLHA - A sra. já tem alguma idéia para reduzir a sonegação no país? VIEIRA - Precisamos fortalecer o relacionamento com as secretarias estaduais. É como o combate ao crime organizado: você não combate só, precisa de toda a força policial junto. Com a sonegação é a mesma coisa. A Receita, sozinha, não vai conseguir combatê-la, mas, aliada a outros atores, como as secretarias dos Estados e dos municípios, com todo o corpo fiscal, temos condições de montar um projeto forte.
FOLHA - O que a sra. acha da recriação da CPMF, agora como CSS? VIEIRA - Para efeito de controle e cruzamento de informações, mesmo que seja uma alíquota de 0,0001%, é importante, mas como instrumento de controle para a Receita Federal.

domingo, 3 de agosto de 2008

BOVESPA.


A hora da verdade (para a bolsa brasileira)
24.07.2008
Mais de 12 trilhões de dólares evaporaram dos mercados de capitais em todo o mundo nos últimos 12 meses. Na Bovespa, a tensão não pára de subir. A bolsa virou mico? Não. Mas parece ser o fim da exuberância irracional — e isso é bom

Evelson de Freitas


Sede da Bolsa de Valores de São Paulo: saída dos estrangeiros e entrada de pequenos investidores brasileiros
Por Eduardo Salgado e Giuliana Napolitano
EXAME Grandes ganhos e enormes perdas fazem parte da natureza do mercado financeiro e — mais especificamente — das bolsas de valores. Sempre foi assim. E provavelmente sempre será, ainda que a maioria dos mortais não possa prevê-los com precisão. No início do século 18, o físico Isaac Newton, um dos maiores gênios matemáticos que a humanidade já produziu, foi uma das vítimas da quebra de expectativas que o mercado, ciclo após ciclo, gera. Newton foi um dos investidores da South Sea Company, empresa britânica que prometia grandes lucros com a exploração comercial dos mares do Atlântico Sul. Parecia perfeito, num momento em que o comércio internacional ganhava força. Mas os planos não se concretizaram, o negócio tornou-se inviável, os investidores correram para vender suas participações e a South Sea quebrou. O acontecimento é descrito hoje como uma das primeiras bolhas financeiras da história. Newton foi engolido por ela e definiu sua frustração com a imprevisibilidade do mercado da seguinte forma: “Posso calcular o movimento das estrelas, mas não a loucura dos homens”.
Desde então, o capitalismo produziu, em intervalos irregulares, uma série de bolhas: o crash de 1929, a crise imobiliária japonesa nos anos 80, a exuberância irracional da internet na década de 90 e — a última delas — o chamado subprime americano, uma seqüência de perdas que começou com empréstimos imobiliários sem garantias e se espalhou por todo o sistema financeiro dos Estados Unidos. A crise do subprime completa agora um ano sem que se possa prever até quando “a loucura dos homens” vai gerar estragos e qual a dimensão exata deles. Estamos atravessando um período de expiação, e é nas bolsas de todo o mundo que suas conseqüências se manifestam mais rapidamente. Nos últimos 12 meses, 12 trilhões de dólares evaporaram dos mercados de capitais ao redor do mundo. Assustados e ansiosos para cobrir prejuízos em outros negócios, grandes investidores deixam os pregões, vendendo suas ações e derrubando as cotações. Isso inclui a Bovespa, a incensada bolsa brasileira. Durante todo este ano de turbulência internacional, a Bovespa comportou-se exemplarmente. Foi um dos poucos pregões do mundo a acumular uma alta — 10% em 12 meses. Mas seria ingenuidade achar que os investidores brasileiros — abençoados por um período de expansão na economia interna e com a valorização do preço das commodities agrícolas e minerais — passariam incólumes aos sucessivos maus resultados das instituições financeiras americanas, à ameaça de aumento da inflação e à desaceleração do crescimento mundial. Desde o início do mês de junho, o Índice Bovespa, que mede o desempenho das ações mais negociadas, caiu 18% — foi o período mais longo de quedas desde 2002. No acumulado de 2008, até o fechamento desta edição, as perdas eram de 6,6%. Novas ofertas de ações tornaram-se raras — foram três desde o começo deste ano. E cerca de 70% das empresas que abriram o capital nos últimos quatro anos valem hoje menos do que valiam na época de seus IPOs (veja reportagem na pág. 24). Bem-vindo à vida como ela realmente é. A exuberância demonstrada pela bolsa brasileira nos últimos anos pode ter feito crer aos 2,5 milhões de investidores do país — entre aqueles que investem diretamente e os que aplicam por meio de fundos — que a trajetória do mercado aponta sempre para cima. Mas essa não é a ordem natural das coisas. “Os altos e baixos do mercado são comuns, mas muitos investidores pareciam ter se esquecido desse detalhe”, diz o americano Jim Rogers, ex-sócio do investidor húngaro George Soros e dono da empresa de investimentos Rogers Holdings. “Agora estamos em pleno momento de depuração.” E isso não é necessariamente ruim.
O principal alimento da turbulência recente na bolsa brasileira é o histórico de más notícias vindas dos Estados Unidos. “Cresce a percepção de que não haverá uma solução rápida e fácil para essa situação”, diz o americano Robert “Bear” Arnott, sócio da consultoria financeira Research Affiliates. Dias atrás, o IndyMac, banco com nome de lanchonete e uma carteira carregada de hipotecas podres, quebrou na Califórnia. As próximas semanas e meses prometem surtos de grandes emoções. O governo americano quer colocar em prática o plano de salvamento das companhias Fannie Mae e Freddie Mac, que correm o risco de quebrar. Juntas, elas respondem por quase metade dos 12 trilhões de dólares de hipotecas nos Estados Unidos. É improvável que a falência se concretize, mas a má situação dessas companhias é mais uma demonstração de fragilidade na maior economia do mundo, responsável por cerca de 30% do consumo do planeta. E isso já é suficiente para despertar — como diria Newton — o medo e a loucura dos homens. “Fannie e Freddie são parte do problema, mas, mesmo depois que se encontre uma solução para essas empresas, muito mais sangue será derramado”, diz Kenneth Rogoff, professor de economia da Universidade Harvard e ex-economista-chefe do FMI. Em setembro, três grandes bancos de investimento publicarão seus resultados trimestrais — entre eles o Lehman Brothers, um dos que estão em situação mais vulnerável. Ao longo desse caminho, as bolsas devem continuar reagindo aos anúncios do desempenho da economia americana e às oscilações na cotação do petróleo.
É nesses momentos que o investidor se torna mais seletivo, premia as ações de empresas consideradas sólidas e foge do risco. Muito da performance razoável da Bovespa ante outros pregões do mundo aconteceu por causa da atração que papéis de empresas como Vale e Petrobras exercem. Juntas, as ações das duas companhias representam 30% de todo o volume transacionado na Bovespa. Quando os preços dessas ações sobem puxados pelo boom das commodities — como tem sido o caso nos últimos tempos devido à crescente demanda de China e Índia —, o Índice Bovespa acompanha o movimento. A cada anúncio de descoberta de petróleo da Petrobras, aumenta o apetite dos investidores pelos papéis da estatal. Além disso, a pulverização no número de investidores ajudou. Hoje, cerca de 500 000 brasileiros aplicam diretamente na bolsa. “Existe uma forte correlação entre o aumento da riqueza de um país e a entrada de investidores locais na bolsa de valores”, diz Jim O’Neill, chefe do departamento de pesquisas econômicas do banco Goldman Sachs e autor do termo Bric, que designa o grupo de países formado por Brasil, Rússia, Índia e China. E, mais do que uma mudança quantitativa, houve um avanço em termos de qualidade. Uma parcela considerável desses investidores tem seguido o célebre conselho de John Templeton, um dos maiores financistas americanos: o melhor momento para investir em ações é quando “o pessimismo está no auge”. Nos últimos seis meses, investidores estrangeiros em fuga tiraram 6,7 bilhões de reais em ações da Bovespa, enquanto aplicadores brasileiros colocaram os mesmos 6,7 bilhões na bolsa, ajudando, assim, a diminuir o impacto da queda. Essa tendência se manterá? É difícil dizer.
Mercados de ações funcionam, basicamente, movidos por expectativas e, nesse ponto, mesmo com a desaceleração da economia americana e global, as projeções para o Brasil são positivas. Economistas do FMI que acabaram de atualizar suas previsões estimam que o Brasil crescerá 4,9% neste ano e 4% no ano que vem. Apesar da perspectiva de queda no ritmo da expansão, a economia brasileira, segundo o FMI, deve ficar acima da média mundial. Se essas previsões se materializarem, o país completará seis anos de crescimento superior a 3%. “Mesmo com o aumento da inflação e dos juros, a economia brasileira segue robusta”, diz Zeina Latif, economista-chefe do banco Real. Caso se confirme esse ambiente de crescimento econômico puxado por um mercado interno aquecido e pela produção de commodities, aumenta a chance das companhias de entregar os resultados prometidos aos investidores. É graças a essa expectativa que a maioria dos analistas ainda acredita que a bolsa brasileira sairá dos atuais 60 000 pontos para fechar o ano com 80 000.
Mesmo em meio à crise — e com o segmento de IPOs e ofertas de ações praticamente parado —, as empresas brasileiras vêm conseguindo se financiar lançando mão de outros mecanismos do mercado de capitais. As emissões de títulos de dívida somaram 17 bilhões de reais no primeiro semestre deste ano, quase 30% mais que no mesmo período de 2007, por exemplo. “Isso não ocorria no passado, quando os mercados costumavam ficar fechados para companhias sediadas no Brasil”, diz o advogado José Eduardo Carneiro Queiroz, sócio responsável por mercado de capitais do escritório Mattos Filho, de São Paulo. Há quem aposte que, além de sustentar a expansão das empresas para fazer frente à demanda crescente do mercado interno, esses recursos poderão ser utilizados para promover uma nova onda de internacionalização — dessa vez, tendo os Estados Unidos como alvo preferencial. “É um momento único: as empresas americanas estão baratas em razão da crise e da desvalorização do dólar, e as companhias brasileiras estão sólidas”, diz Charlie Welsh, fundador da Mergermarket, empresa inglesa especializada em estudos sobre fusões e aquisições. Para ele, um exemplo desse movimento foi a compra da cervejaria Anheuser-Busch pela belgo-brasileira InBev.
Apesar do otimismo, é possível que esse prognóstico positivo sobre o futuro da economia e da bolsa brasileira sofra alterações. Quedas bruscas no preço das commodities e uma drástica piora do quadro econômico nos Estados Unidos são os principais temores. Nos próximos meses, a economia americana viverá em meio a duas pressões conflitantes. “Por um lado, é preciso conter o crescimento para controlar a alta dos preços, mas o desaquecimento não pode ser forte demais ou haverá recessão mais adiante”, diz Vincent Reinhart, ex-diretor do Federal Reserve e atual membro do American Enterprise Institute, de Washington. Logo nos primeiros meses da crise, uma facção dos economistas achava que a melhor imagem para descrever o futuro da economia americana seria uma linha em V (ou seja, a atividade cairia rapidamente e teria uma recuperação igualmente veloz). Hoje, com o aperto do crédito, os especialistas se dividem entre os que acham que a atividade fará um traçado em U (queda, estabilidade em patamares baixos e aumento firme da atividade) e os que apostam num W (períodos de oscilações bruscas e radicais). Ninguém consegue dizer com segurança se já se chegou ao fundo do poço, e não está descartado o cenário de estagflação, a conjunção perversa de estagnação econômica com inflação, cenário que se concretizou pela última vez na década de 70. “A história é pontuada por momentos de expansão interrompidos por períodos de rupturas”, diz Nouriel Roubini, professor de economia da Universidade de Nova York que foi assessor da Presidência durante o governo de Bill Clinton. Quando cada um deles vai começar e terminar é algo que nem mesmo os grandes gênios foram capazes, até agora, de prever.