domingo, 28 de setembro de 2008

Wall Street, descanse em paz: o fim de uma era


Julie Creswell e Ben White
Wall Street. Duas palavras simples que, assim como Hollywood e Washington, conjuram um mundo.Um mundo de grandes egos. Um mundo onde pessoas adoram apostar com dinheiro emprestado. Um mundo de negócios realizados na corda-bamba, impulsionados por computadores.Em busca de retornos cada vez maiores -e iates maiores, carros mais rápidos e coleções de arte mais caras para seus altos executivos- as firmas de Wall Street reforçaram suas mesas de negociação e contrataram gênios da física quântica para desenvolver programas à prova de falhas.Os fundos hedge colocavam os mercadores no vermelho (a alta da coroa dinamarquesa) ou no preto (a queda do PIB da Tailândia). E firmas de private equity reuniam fundos gigantes e saíam em uma onda de compras, adquirindo empresas como se fossem uma segunda esposa comprando sapatos Jimmy Choo em liquidação.Este mundo está em grande parte chegando ao fim.O imenso pacote de resgate que está sendo debatido no Congresso poderá ter sucesso em estabilizar os mercados financeiros. Mas é tarde demais para ajudar firmas como Bear Stearns e Lehman Brothers, que já desapareceram. O Merrill Lynch, cujo touro de sua marca registrada simbolizava Wall Street para muitos americanos, está sendo absorvido pelo Bank of America, localizado a centenas de quilômetros de Nova York, em Charlotte, Carolina do Norte.Para a maioria dos financistas que permanecem, com a exceção de alguns poucos superastros, os dias de dinheiro fácil e bônus gigantes são coisa do passado. O boom do crédito que levou ao crescimento explosivo de Wall Street secou. Os reguladores que ficaram de lado por muito tempo agora estão ávidos para refrear os bad boys de Wall Street e as práticas que se proliferaram nos últimos anos."Os dias aventureiros nos negócios das firmas de Wall Street, basicamente transformando a si mesmas em fundos hedge gigantes, acabaram. A verdade é que não eram tão bons", disse Andrew Kessler, um ex-administrador de fundo hedge. "Você não mais verá pessoal de nível médio ganhando um número de sete dígitos ou múltiplos números de sete dígitos que ninguém conseguia entender exatamente como conseguiram aquilo."O início do fim é sentido mesmo nos corredores do elitista e conservador Goldman Sachs, que, entre seus pares de Wall Street, resumia e definia a cultura de alto risco, alto retorno.O Goldman é uma firma que as outras firmas de Wall Street adoram odiar. Ele conta com alguns dos maiores fundos hedge e de private equity do mundo. Seus banqueiros de investimento são os mais inteligentes. Seus corretores, os melhores. São eles que ganham mais dinheiro em Wall Street, dando à firma o apelido de Goldmine (mina de ouro) Sachs. (Seus 30.522 funcionários ganharam em média US$ 600 mil no ano passado -uma média que inclui tanto secretárias quanto corretores.)Apesar dos executivos de outras firmas torcerem secretamente para que o Goldman cometesse pelo menos um grande erro, ao mesmo tempo eles se esforçavam ao máximo para copiá-la.Apesar do Goldman permanecer excelente na prestação de consultoria para fusões e na intermediação do lançamento de ações no mercado, o que ele faz melhor do que qualquer outra firma de Wall Street é negociar bens mobiliários. Isso envolve o uso de seus próprios fundos, assim como uma pilha de dinheiro emprestado, para fazer grandes apostas globais.Outras firmas tentaram seguir seu exemplo, acumulando risco e mais risco, na tentativa de capturar uma pitada da mágica do Goldman e de seus lucros estelares trimestre após trimestre.Ninguém chegou perto.Enquanto a crise de crédito tomava Wall Street ao longo do ano passado, levando o Merrill, Citigroup e Lehman Brothers a sofrerem prejuízos pesados em grandes apostas em ativos ligados a hipotecas, o Goldman continuava navegando sem grandes problemas.Em 2007, no mesmo ano em que o Citigroup e o Merrill demitiram seus presidentes-executivos, o Goldman registrou receita e lucros recordes e pagou a seu chefe, Lloyd C. Blankfein, US$ 68,7 milhões -o maior valor pago a um presidente-executivo de Wall Street.Mas até mesmo o menino de ouro de Wall Street não conseguiu suportar a turbulência que sacudiu o sistema financeiro nas últimas semanas. Após os problemas no Lehman e no American International Group (AIG), e do Merrill ter acertado às pressas sua compra pelo Bank of America há duas semanas, as ações do Goldman sofreram um golpe.A crise do AIG foi particularmente problemática. O Goldman era o maior parceiro de negócios do AIG, segundo várias pessoas ligadas à seguradora, que pediram anonimato por causa dos acordos de confidencialidade. O Goldman assegurou aos investidores que sua exposição ao AIG era imaterial, mas clientes e investidores nervosos abandonaram a firma, temerosos de que os bancos de investimento -mesmo um tão estimado quanto o Goldman- poderiam não sobreviver."O que aconteceu confirmou meu sentimento de que o Goldman Sachs, independente de quão bom fosse, não estava imune à sorte", disse John H. Gutfreund, o ex-presidente-executivo do Salomon Brothers.Assim, no último fim de semana, diante de poucas opções, o Goldman Sachs engoliu a pílula amarga e se transformou, entre todas as coisas, em algo simples e ordinário: um banco de depósitos.A ação não significa que o Goldman dará, tão cedo, torradeiras como brinde pela abertura de uma conta em uma agência em Wichita. Mas a mudança é um ataque à cultura do Goldman e ao âmago de seus lucros excepcionais nos últimos anos.Nem todos acham que a máquina de fazer dinheiro do Goldman ficará totalmente restrita. Na semana passada, o Oráculo de Omaha, Warren E. Buffett, fez um investimento de US$ 5 bilhões no banco, e o Goldman levantou outros US$ 5 bilhões em uma oferta separada de ações.Ainda assim, dizem muitas pessoas, diante de mudanças tão amplas, o Goldman Sachs poderá perder o que o tornava tão especial. Mas, até aí, poucas coisas permanecerão as mesmas em Wall Street. Tradução: Tradução: George El Khouri Andolfato
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sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Entenda a crise nos isteitis





Do blog do Heraldo Leite


Este texto circula pela Internet e serve para mostrar, de forma o mais didática e simples possível, o que acontece nos EUA. O seu Biu tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender cachaça "na caderneta" aos seus leais fregueses, todos bebuns e quase todos desempregados.
Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose da branquinha (a diferença é o sobrepreço que os pinguços pagam pelo crédito e o aumento da margem para compensar o risco).
O gerente do banco do seu Biu, um ousado administrador formado em curso de emibiêi, decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um ativo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento tendo o pindura dos pinguços como garantia.
Uns zécutivos de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, PQP, TDA, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exatamente o que quer dizer. Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do seu Biu ). Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.
Até que alguém descobre que os bêubo da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu Biu vai à falência. E toda a cadeia sifu.




quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Meio Ambiente.


Energia verde deve criar 20 milhões de empregos até 2030

O desenvolvimento de energias alternativas deve criar mais de 20 milhões de empregos ao redor do mundo nas próximas décadas, à medida que os governos adotarem políticas de redução de gases causadores do efeito estufa, de acordo com um relatório da ONU divulgado nesta quarta-feira.Cerca de 2,3 milhões de pessoas já trabalham com energia verde, sendo metade em biocombustíveis, diz o relatório "Empregos verdes: rumo ao trabalho decente em um mundo sustentável e com baixo carbono", elaborado e patrocinado pelo programa ambiental da Organização das Nações Unidas.A criação de empregos vai depender da implementação e expansão dessas políticas nos países, incluindo a redução de emissões de gases causadores do efeito estufa e a migração de subsídios das antigas formas de energia para as novas em um esforço para diminuir o aquecimento global, diz o estudo.O relatório foi escrito antes da crise de crédito dos EUA abalar Wall Street e repercutir ao redor do mundo, o que pode desacelerar muitos setores, incluindo o de energias alternativas.O estudo diz que cerca de 12 milhões de novos empregos podem se criados ate 2030 na indústria e agricultura voltadas aos biocombustíveis.Os críticos dos biocombustíveis dizem que o etanol americano, feito principalmente de milho, faz pouco para reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa. Mas as empresas estão correndo para fabricar um etanol mais limpo de fontes como resíduos de lavouras e acelerando a plantação de lavouras não-comestíveis.O relatório afirma que muitos empregos na indústria de biocombustíveis não são justos com os trabalhadores."Grande parte dos empregos nas plantações de cana-de-açúcar e óleo de palma em países como Brasil, Colômbia, Malásia e Indonésia são mal remunerados e feitos em condições insalubres", diz o documento."Também existem preocupações de que a produção de biocombustíveis em larga escala possa expulsar um grande número de pessoas de suas terras no futuro", afirma o estudo. Um "acompanhamento de perto" será necessário para determinar que porção dos empregos em biocombustíveis podem ser contados como decentes, acrescenta.A fabricação, instalação e manutenção de painéis solares dede acrescentar outros 6,3 milhões de empregos até 2030, enquanto a energia eólica deve somar mais de dois milhões de empregos. Mais postos de trabalho podem ser criados nos setores de construção, reciclagem e fabricação de veículos alternativos, diz o relatório.O mundo vai tentar alcançar um acordo que suceda o Protocolo de Kyoto para tratar da mudança climática em um encontro da ONU em Copenhagem no final do ano que vem.

domingo, 21 de setembro de 2008

CD DICIONÁRIO SABER JURÍDICO.


Lançamento : Dicionário Saber Juridico.

O Dicionário Saber Jurídico 2008 é um dicionário completo para termos jurídicos,
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US$ 700 bilhões em termos reais.





David Stout

Em Washington, EUA

"Um bilhão aqui, outro acolá, e logo você estará falando sobre dinheiro de verdade".

A famosa frase do senador Everett McKinley Dirksen, republicano de Illinois, foi pronunciada há muito tempo (ele morreu em 1969), antes que jogadores de beisebol com mãos pesadas ganhassem milhões de dólares por ano na liga principal, numa época em que US$ 1 bilhão era de fato muito dinheiro.Mesmo levando em conta a inflação e o contexto dos gastos federais atuais, US$ 700 bilhões é uma soma enorme. Ela representa mais de US$2.000 dólares para cada homem, mulher e criança dos Estados Unidos.Colocando de outra forma, US$ 700 bilhões são mais do que o Produto Interno Bruto anual da Argentina e Chile juntos, de acordo com almanaques atuais.Representam quase 70% do PIB do Canadá.Mas para ficar verdadeiramente impressionado com o verdadeiro valor de US$ 700 bilhões, basta olhar para quanto dinheiro o governo dos Estados Unidos gasta em programas sociais e, pior ainda, o quanto ele gastou em guerras ao longo dos anos.A soma é mais ou menos o quanto o Pentágono espera gastar no ano fiscal que termina em 30 de setembro, incluindo os custos das campanhas no Iraque e Afeganistão. A informação é do Centro de Controle e Não-Proliferação de Armas, um grupo de pesquisa de Washington, que citou números do Serviço de Pesquisa do Congresso e dados do Departamento de Administração e Orçamento.O grupo calcula que os Estados Unidos gastaram US$ 670 bilhões (em dólares de 2007) na guerra do Vietnã, portanto a cifra que circula hoje em Washington seria suficiente para pagar pelo conflito novamente, em dinheiro e em lágrimas.Novamente, calculando em dólares de 2007, US$ 700 bilhões seriam suficientes para pagar mais de 20% do que os Estados Unidos gastaram na Segunda Guerra Mundial, diz o grupo de pesquisa. A soma é quase duas vezes o que o país gastou na Primeira Guerra, e muito mais do que o dobro do que gastou na guerra da Coréia.Os Estados Unidos gastaram meros US$ 7 bilhões, em dólares de 2007, lutando a guerra hispano-americana em 1898 - quase o mesmo valor que o governo federal gastou este ano no Programa Head Start.Este ano, o Head Start está ajudando pouco mais de 900 mil crianças de famílias pobres, de acordo com o Departamento de Saúde e Serviços Humanos. É claro, o Head Start é popular politicamente, e geralmente visto como um dos programas mais benéficos inspirados pelo presidente Lyndon B. Johnson.Já foi comentado que, apesar de a burocracia federal não conseguir angariar somas astronômicas de dinheiro para pagar por cuidados de saúde e outras necessidades, ela parece preparada para fazer o mesmo para aliviar um desastre financeiro, principalmente porque, do contrário, os tremores seriam sentidos muito além dos cânions de Wall Street.E ainda há outra forma de olhar para isso: US$ 700 bilhões são mais de 40 vezes o que a NASA gastará neste ano fiscal.Se confiarmos nos Estados Unidos, como faz o presidente Bush, poderíamos esperar que todas as hipotecas problemáticas que o governo vai comprar se transformassem em bons investimentos.Mas voltemoso à cifra impressionante de US$ 700 bilhões. Pode-se dizer, em tese, que eles são suficientes para pagar pelo programa Head Start pelos próximos 100 anos, assumindo que todo o dinheiro será investido com sensibilidade e de forma conservadora o suficiente para acompanhar a inflação - uma estratégia de investimento aparentemente não muito popular hoje em dia. Tradução: Eloise De Vylder
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sábado, 20 de setembro de 2008

George Soros e a crise em Wall Street.


20/09/2008


George Soros: "Wall Street não está afundando, Wall Street está em crise"

Claire Gatinois e Anne Michel


Em entrevista ao "Le Monde", o multibilionário George Soros, 77 anos, um guru dos mercados financeiros nos Estados Unidos, oferece a sua análise da crise. Um especulador experiente, ele denuncia os "fundamentalistas do mercado", mas critica também o Federal Reserve (Fed) e o Tesouro americano. Ele os considera como responsáveis pela formação de uma "super bolha", que acabou mergulhando os Estados Unidos e a Europa na recessão.Le Monde - Wall Street está afundando. Estaríamos assistindo à queda do império americano?George Soros - Wall Street não está afundando, Wall Street está em crise. Os efeitos desta crise dependerão da sua duração. A situação não é fatal: nós estamos à beira do precipício, mas ainda não caímos nele. O mercado segue funcionando. Em contrapartida, o fato novo que ocorreu nos últimos dias é que a possibilidade de uma explosão do sistema existe efetivamente.O que está acontecendo é inacreditável! É a conseqüência daquilo que eu chamo de "o fundamentalismo de mercado", baseado naquela ideologia do "deixa rolar" e da auto-regulação dos mercados. A crise não foi provocada por fatores externos, ela é apenas a conseqüência de uma catástrofe natural. Foi o sistema que provocou sua própria perda. Ele implodiu, ou seja, sofreu um colapso por dentro.Le Monde - Teria o mundo da política a sua parte de responsabilidade nisso? E o que dizer dos reguladores do mercado?George Soros - Alan Greenspan [o antigo dirigente do Fed] tem lá sua parte de responsabilidade em tudo isso, sim, porque ele reduziu e manteve as taxas de juros baixas demais, por um período excessivo; e também porque ele deu ampla liberdade para os promotores da inovação financeira, considerando que o mundo das finanças tinha mais a ganhar com isso do que a perder. As autoridades de controle também são responsáveis pela crise, por terem dado uma liberdade excessiva aos atores dos mercados, e por terem deixado se desenvolver um mercado do credito monstruosamente extenso. Vejam só o tamanho do mercado dos derivados de créditos! As quantias que ele movimenta são calculadas em milhares de bilhões de dólares. O resultado desta política é uma crise financeira que mergulha no sofrimento, inúmeras vítimas inocentes.Le Monde - O que o senhor pensa das intervenções, efetuadas em regime de emergência, da administração americana? Serão elas eficientes?George Soros - Henri Paulson (o secretário do Tesouro) reluta em utilizar o dinheiro público. Primeiro, ele recusou-se a assinar um cheque em branco para salvar [as companhias de financiamento hipotecário] Freddie Mac e Fannie Mae, antes de se ver obrigado a fazê-lo alguns meses mais tarde. Nós assistimos às mesmas hesitações em relação ao banco de investimentos Lehman Brothers, o qual as autoridades acabaram abandonando à sua própria sorte, e também em relação à seguradora AIG que, por sua vez, foi salva em razão do risco sistêmico que a sua falência representava. Era mesmo necessário fazê-lo, porque, caso contrário, a situação teria se tornado incontrolável. Mas, essas ações são demoradas e contraproducentes. Enquanto as autoridades hesitam, a situação vai se deteriorando. Além disso, essas intervenções são paliativas, e não preventivas.Le Monde - A crise de 1929 tem sido citada como referência. Será esta uma comparação pertinente?George Soros - A grande diferença em relação à crise de 1929 é a atitude das autoridades. Elas entenderam que era preciso agir em defesa do sistema, mesmo se as modalidades de intervenção são complicadas e caras, e mesmo se não faz parte da sua cultura promover a intervenção do Estado.Le Monde - O que vai acontecer agora? Quais serão as conseqüências dessa crise para a Europa?George Soros - A fonte dos problemas está nos Estados Unidos, mas a Europa também está interessada. No que lhe diz respeito, o futuro dependerá da maneira com que as autoridades irão administrar a crise. Em função das reduções das cotações das matérias-primas, nós vamos ingressar num período de deflação. Eu penso que seria oportuno diminuir as taxas.Le Monde - A economia real será prejudicada por esta crise?George Soros - Esta crise vai se disseminar na economia real, sim. Os Estados Unidos, sem dúvida já estão em recessão, e este processo vai se acelerar no decorrer dos dois próximos trimestres. Os bancos já restringiram fortemente seus créditos. E a opinião pública americana ficou chocada com tudo o que aconteceu nesta semana. Daqui para frente, os consumidores não vão mais se endividar. Eles consumirão menos.Le Monde - Os países emergentes, como a China, também serão atingidos?George Soros - Considerando-se o desaquecimento brutal que deverá atingir a economia mundial, as exportações chinesas irão diminuir. As autoridades têm condições para agirem no sentido de estimular a economia, por meio das suas reservas de câmbios, mas, será que elas procederão corretamente? A China é um Estado burocrático e, em função disso, a crise econômica poderia degenerar numa crise política, da mesma forma que aconteceu na Indonésia em 1998. A crise do capitalismo americano poderia acabar derrubando o comunismo chinês.Le Monde - O que fazer para sair desse caos?George Soros - O sistema financeiro americano como um todo precisa ser repensado. Os bancos de investimentos deverão contar com a ajuda dos bancos de depósitos. Vai ser preciso implantar novas formas de regulação. A missão das autoridades consiste em impedir a formação de bolhas financeiras. Para tanto, elas têm instrumentos à sua disposição e elas deverão utilizá-los. O crédito precisa ser regulado, da mesma maneira que o mercado monetário. É preciso exigir dos bancos que eles acumulam fundos próprios em maior quantidade. É preciso também impedir que os preços no setor imobiliário desmoronem, e ainda limitar o número de penhoras das casas hipotecadas.Le Monde - De Barack Obama ou de John McCain, qual dos dois lhe parece reunir melhores condições para efetuar as reformas necessárias?George Soros - Eu penso que Obama tem uma melhor compreensão da situação.Le Monde - O senhor chegou a perder dinheiro nesta crise?George Soros - Eu não perdi dinheiro, mas nada ganhei. Só que eu não pretendo revelar para vocês aqui os meus segredos.Le Monde - O senhor é o "pai" dos hedge funds (fundos de investimentos mais especulativos e agressivos), cujos excessos estão no cerne da crise. O senhor não estaria arrependido de tê-los criado?George Soros - Eu não sou o pai dos hedge funds, mas sim, apenas um deles. Se eu tivesse que recomeçar tudo do zero? Eu especularia melhor... Tradução: Jean-Yves de Neufville
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terça-feira, 16 de setembro de 2008

Turbulência lá .. Queda aqui...


Após tombo do dia anterior, Bolsa sobe 1,68%; dólar vai a R$ 1,82

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que operou em queda durante boa parte desta terça-feira, inverteu o desempenho próximo do fim dos negócios e encerrou o pregão em alta de 1,68%.


Na sessão anterior, havia despencado 7,59% por conta do agravamento da crise financeira nos Estados Unidos.
O Ibovespa, principal indicador do mercado brasileiro de ações, subiu 1,68%, a 49.228,92 pontos. O dólar comercial avançou 0,44% e fechou cotado a R$ 1,82 na venda .

Apesar de tudo, não é hora de sair da Bolsa, dizem analistas
Esta reversão do quadro na Bovespa foi puxada também pelo desempenho dos mercados norte-americanos, que passaram a subir após a decisão do Fed, o banco central norte-americano, de manter a taxa básica de juros da economia em 2% anuais, em reunião que aconteceu na tarde desta terça-feira.
Embora o mercado esperasse um corte de 0,25 ponto percentual na taxa, a decisão do Fed foi bem aceita pelos investidores.
Segundo analistas, é como se o Fed passasse uma mensagem de que não é necessário fazer nenhum movimento na economia no momento.
Crise
A semana começou com um temor nos mercados mundiais sobre um possível colapso no sistema bancário mundial. As Bolsas começaram a despencar depois de o Lehman Brothers, quarto maior banco de investimento do país, ter pedido concordata.
Para tentar acalmar os mercados, nesta terça-feira diversos Bancos centrais voltaram a injetar um grande volume de recursos nos mercados financeiros globais.
De Sydney a Frankfurt, as autoridades monetárias despejaram bilhões de dólares em fundos emergenciais para tentar evitar o fechamento dos mercados de crédito, mas mesmo assim o movimento não conseguiu impedir o aumento do custo dos empréstimos interbancários.
O Federal Reserve (Fed, banco central americano) disponibilizou US$ 50 bilhões para ajudar as instituições financeiras em crise.
O Banco Central Europeu (BCE) colocou 70 bilhões de euros (US$ 98,09 bilhões) no mercado nesta terça, seguindo a injeção de 30 bilhões de euros feita na véspera.O temor sobre pedido de concordata também ronda a seguradora AIG.
As três principais agências de classificação de risco do mundo rebaixaram os ratings de crédito da empresa, frustrando as esperanças de se salvar uma das maiores seguradoras do mundo em meio à escalada da crise financeira.
Os rebaixamentos tornam mais remota a possibilidade de que a gigante norte-americana levante o dinheiro necessário para lidar com sua própria crise de liquidez
Para tentar conter a crise, o banco britânico Barclays emergiu como comprador em potencial do segmento de corretagem do banco de investimento Lehman Brothers. O Lehman tinha se colocado à venda para potenciais compradores enquanto lutava para cobrir suas volumosas perdas relacionadas às hipotecas, mas as negociações fracassaram no final de semana depois que as autoridades indicaram que o governo não prestaria socorro à instituição a fim de facilitar a compra.

Problemas com bancos vão até o fim do ano pelo menos
Os fantasmas da crise voltavam a assombrar o mercado apenas seis meses depois de a quebra do banco americano Bear Stearns ter sido evitada, numa operação costurada pelo Fed que resultou na compra da instituição pelo JP Morgan.
Toda essa crise bancária está relacionada com os problemas no chamado mercado de "subprime" (hipotecas de baixa qualidade), que vieram a público em meados do ano passado.
"Depois de um ano de crise, chegam notícias como essas. Fica o medo de que ainda haja mais contaminação", disse Kelly Trentin, analista da SLW corretora.
Segundo o economista e vice-presidente da SulAmérica Investimentos, Marcelo Mello, bancos como o Lehman Brothers envolveram-se na crise porque, no auge do otimismo com a compra de imóveis, decidiram investir no setor de hipotecas.
Mundo
As Bolsas de Valores européias caíram nesta terça-feira para o menor nível de fechamento desde maio de 2005, com o aumento do nervosismo de investidores sobre o destino da AIG . Além disso, ações de commodities seguiram a queda acentuada dos preços dos metais e do petróleo.
O índice FTSEurofirst 300 caiu 2,55%, para 1.091 pontos, dando sequência à queda de 3,6% de segunda-feira. No ano, o índice acumula desvalorização de 28%.
Acompanhando o desenrolar da crise financeira, os mercados asiáticos também fecharam em forte queda nesta terça-feira. A Bolsa de Tóquio encerrou a sessão de terça-feira com baixa de 4,95%. O índice Nikkei 225 perdeu 605,72 pontos, a 11.609,72, o menor nível desde 8 de julho de 2005.A Bolsa de Xangai registrou queda de 4,47%. A Bolsa de Taiwan também teve grande perda de 4,89%, a 5.756,59 pontos, o menor nível em quase três anos.O índice Hang Seng da Bolsa de Hong Kong encerrou a sessão em baixa de 5,4%.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Leão está cada vez maior e chega aos 700 bilhões





Data.: 9/9/2008
Fonte.: Diário do Comércio

O fisco já arrecadou este ano em tributos R$ 700 bilhões. Tudo o que a União, estados e municípios receberam dos contribuintes desde o primeiro dia de 2008 pode ser visualizado em tempo real no Impostômetro, painel eletrônico instalado em frente à Associação Comercial de São Paulo (ACSP), ou no site www.impostometro.com.br
A fome do Leão está cada vez maior, já que, em 2007, esse montante foi alcançado no dia 14 de outubro, mais de um mês depois.
De acordo com cálculos do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), responsável pelo levantamento dos valores arrecadados, até o fim do ano deverão entrar nos cofres do governo R$ 1,045 trilhão em impostos. No ano passado, a receita tributária foi de R$ 926,842 bilhões.
Com R$ 700 bilhões, é possível construir mais de 52 milhões de casas populares, 8,7 milhões de redes de esgoto e mais de 2,7 milhões de postos de saúde. O Brasil vai começar a próxima semana com uma arrecadação tributária de R$ 700 bilhões. O valor representa tudo que foi arrecadado pelas três esferas de governo – União, estados e municípios – desde o primeiro dia de 2008 e pode ser visualizado em tempo real no Impostômetro, painel eletrônico instalado em frente à Associação Comercial de São Paulo (ACSP), ou no site www.impostometro.com.br . Em 2007, esse montante foi alcançado no dia 14 de outubro. Com R$ 700 bilhões, é possível construir mais de 52 milhões de casas populares, 8,7 milhões de redes de esgoto e mais de 2,7 milhões de postos de saúde.
Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), responsável pelo levantamento dos valores arrecadados, até o fim do ano entrarão nos cofres do governo R$ 1,045 trilhão em impostos. No ano passado, a receita tributária foi R$ 926,842 milhões.
O presidente ACSP, Alencar Burti, vê com preocupação os números do Impostômetro. "Confirma-se, mês a mês, um avanço substancial no montante de impostos arrecadados no País", afirmou. "Ou seja, continua crescendo a transferência de recursos do setor privado para o Estado, sem a contrapartida da melhoria nos serviços e prejudicando a competitividade do produto nacional."
Para Burti, mudar a gestão dos recursos pode representar uma oportunidade para reverter essa situação e contribuir para o desenvolvimento nacional. "Como a concorrência não é mais entre empresas, mas entre países, e aproveitando as perspectivas favoráveis geradas pelas descobertas de petróleo no pré-sal, se os governos adotarem agora um estilo de gestão