quinta-feira, 28 de maio de 2009

DESEMPREGO NO MUNDO.




Desemprego no mundo atingirá 239 milhões em 2009, diz OIT
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) disse que, neste ano, a contração no mercado de trabalho vai ser maior que a esperada e que 2009 deve terminar com 239 milhões de desempregados ao redor do mundo.
Baseadas nos números do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a recessão econômica, as previsões atualizadas da OIT para o desemprego global foram apresentadas nesta quinta-feira pelo diretor-geral da OIT, Juan Somavía, em Genebra.
"Se em março previmos que, em comparação com 2007, o aumento no desemprego global seria de 24 milhões a 52 milhões de pessoas, hoje podemos dizer que o aumento vai variar entre 39 milhões e 59 milhões", disse Somavía numa coletiva.
Estes são os dois cenários previstos pela organização, o mais otimista e o mais pessimista. Mas Somavía disse esperar que a realidade fique "no meio termo entre os dois" panoramas.
Segundo as novas contas da OIT, 2009 deve terminar com o número de desempregados no mundo variando de 220 milhões a 239 milhões, o que significa que as taxas de desemprego global ficarão entre 6,5% e 7,4%.
"Somos testemunhas de um aumento recorde no número de desempregados e de trabalhadores suscetíveis a ficarem na pobreza no mundo todo", disse o diretor-geral da OIT.
O aumento moderado do desemprego "dependerá, em grande medida, da eficácia das medidas orçamentárias e fiscais que os governos adotaram para estimular a demanda, assim como do funcionamento do setor financeiro", acrescentou Somavía.
Por regiões, o relatório da OIT destaca que os países desenvolvidos, nos quais começou a atual crise financeira e econômica, serão os que mais demitirão. É "provável" até que a região concentre "de 35% a 40% do aumento total do desemprego em nível global, apesar de constituir menos de 16% da força total de trabalho no mundo".
Como exemplo significativo, o relatório, que não faz comentários específicos por países, cita os Estados Unidos, onde 2,6 milhões de pessoas ficaram desempregadas só no primeiro trimestre de 2009.
Já na América Latina, onde a taxa de desemprego em 2007 foi de 7,1% e a de 2009 deverá oscilar entre 8,4% e 9,2%, "houve uma capacidade de resistência", segundo Somavía.
"Os dados (gerais) são extremamente preocupantes. Para evitar uma recessão social mundial, precisamos de um pacto mundial para o emprego, que implique inserir a criação de emprego e a proteção social no centro das políticas de recuperação", declarou Somavía.
Este pacto mundial para o emprego será um dos assuntos centrais da Conferência Internacional do Trabalho, que acontecerá de 3 a 18 de junho, também em Genebra.
Durante a conferência, no dia 15, a OIT realizará uma cúpula mundial sobre o emprego, que deve contar com a presença de inúmeros chefes de Estado ou de Governo.
As novas previsões da OIT indicam ainda que 200 milhões de trabalhadores correm o risco de passar a fazer parte do grupo de pessoas que vivem com menos de US$ 2 ao dia dia.
Outra constatação é que a crise também atinge com força os jovens. Dentro deste grupo populacional, a expectativa é que, entre 2008 e 2009, de 11,6 milhões a 17,7 milhões de pessoas fiquem desempregadas. Se isto acontecer, a taxa de desemprego juvenil aumentará de 12,2% (2008) para entre 14,1% e 15,1%.
Somavía também se preocupa com a duração da crise do emprego. "Mesmo se houver uma recuperação econômica em 2010, o desemprego precisa de muito mais tempo para se recuperar. O mercado de trabalho se restabelece de forma muito mais lenta que o crescimento econômico", disse.
A OIT também calculou que, entre 2009 e 2015, 300 milhões de emprego no mundo terão que ser criados só para absorver o crescimento da força de trabalho, um dado preocupante se for levado em consideração que 2009 "é o pior ano desde 1991 quanto à criação de empregos".
"Os dados (gerais) são extremamente preocupantes. Para evitar uma recessão social mundial, precisamos de um pacto mundial para o emprego, que implique inserir a criação de emprego e a proteção social no centro das políticas de recuperação", declarou Somavía.
Este pacto mundial para o emprego será um dos assuntos centrais da Conferência Internacional do Trabalho, que acontecerá de 3 a 18 de junho, também em Genebra.
Durante a conferência, no dia 15, a OIT realizará uma cúpula mundial sobre o emprego, que deve contar com a presença de inúmeros chefes de Estado ou de Governo.
As novas previsões da OIT indicam ainda que 200 milhões de trabalhadores correm o risco de passar a fazer parte do grupo de pessoas que vivem com menos de US$ 2 ao dia dia.
Outra constatação é que a crise também atinge com força os jovens. Dentro deste grupo populacional, a expectativa é que, entre 2008 e 2009, de 11,6 milhões a 17,7 milhões de pessoas fiquem desempregadas. Se isto acontecer, a taxa de desemprego juvenil aumentará de 12,2% (2008) para entre 14,1% e 15,1%.
Somavía também se preocupa com a duração da crise do emprego. "Mesmo se houver uma recuperação econômica em 2010, o desemprego precisa de muito mais tempo para se recuperar. O mercado de trabalho se restabelece de forma muito mais lenta que o crescimento econômico", disse.

FONTE EFE

segunda-feira, 25 de maio de 2009

MORRE O FINANCISTA ROGER IAN WRIGHT




SÃO PAULO - O financista e empresário Roger Ian Wright morreu na sexta-feira, aos 56 anos, em um acidente aéreo, em Trancoso, no sul da Bahia, deixando para trás uma história de sucesso no mercado financeiro brasileiro.História que começou há 20 anos, quando Wright deixava a presidência da Adubos Trevo para assumir a Gardi Asset Management, empresa de gestão do Banco Garantia. Foi no Garantia que Wright conheceu o seu atual sócio na Arsenal Investimentos, José Eduardo Lacerda, e onde ajudou a escrever parte da história do mercado de capitais brasileiro.O principal capítulo talvez esteja registrado em 1992, quando Wright já era sócio do Garantia e tinha sob sua responsabilidade a corretora do banco.Quem conta esta parte da história é um dos principais executivos do banco Credit Suisse, José Olympio Pereira, e que era também sócio no Garantia à época.Olympio atribui a Wright o mérito de ter trazido os primeiros investidores estrangeiros ao país, que compraram parte das ações emitidas pela Continental 2001. "Por ser inglês, ele tinha um trânsito muito bom entre os investidores lá fora", conta.Wright nasceu na Inglaterra, mas, filho de mãe brasileira, logo se naturalizou. Ele escolheu os Estados Unidos para cursar a faculdade de administração, na Universidade da Pennsylvania.Mas foi no Rio Grande do Sul que iniciou sua carreira na Adubos Trevo, empresa da família de sua primeira esposa, a gaúcha Bárbara Luchsinger. Em 1996, Bárbara também morreu em um acidente aéreo, no Fokker 100 da TAM. Sete anos depois do acidente, Wright ingressou como conselheiro independente no conselho de administração da TAM. Ele foi o nome escolhido pelos fundos de investimentos que detêm 27% da companhia para representá-los. Foi membro do conselho entre 2003 e 2008, e um dos votos que elegeu Marco Antonio Bologna como presidente, em 2004.Ainda em 2007, outro acidente aéreo marcou a vida de Wright. Sua secretária, Simone Wetrupp, morreu no acidente com A320, também da TAM, que caiu em São Paulo. Bologna, atual presidente da TAM Aviação Executiva, conta que em abril de 2008 Wright deixou o conselho para se dedicar mais à sua vida pessoal e à vela. Um dos seus maiores amigos era Laers Grael, que contou em seu blog a história com Wright, lamentando a perda também da família do executivo.Seus dois filhos com a primeira esposa, seus netos, genro e nora e sua atual esposa também morreram no acidente em Trancoso. A nora, Heloisa Alquéres Vaz Wright, era filha do presidente da Light, José Luiz Alquéres. No currículo de Wright, o presidente do Credit Suisse, Antonio Quintella, destaca operações importantes como a assessoria dada à Coteminas na compra da Springs.Além disso, foi ele que reuniu Cemig, Andrade Gutierrez e Banco Pactual para a compra da Light. Quintella foi colega de Wright no Credit Suisse quando o banco comprou o Garantia. A Arsenal hoje assessora o frigorífico Independência em sua recuperação judicial. O sócio de Wright, José Eduardo Lacerda, diz que a companhia seguirá com a cultura empreendedora de seu fundador.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

FOLHA DE S.PAULO : ENTREVISTA JOSÉ DUTRA VIEIRA SOBRINHO.


ENTREVISTA JOSÉ DUTRA VIEIRA SOBRINHO


Bancos e governo ganham com desconhecimento financeiro .


Matemático critica falta de transparência sobre investimentos e culpa a própria população pelo alto custo do crédito

MATEMÁTICO financeiro que ensinou banqueiros e bancários a fazerem contas na calculadora HP, o professor José Dutra Vieira Sobrinho, 70, diz que a ausência de transparência dos bancos e do governo e o despreparo dos gerentes acarretam grandes perdas aos pequenos investidores e às pessoas que tomam crédito. Também critica o desconhecimento matemático dos clientes, que se pautam mais pela base do "se Deus quiser, vai dar certo" do que pelo planejamento.


TONI SCIARRETTADA REPORTAGEM LOCAL MAURO ZAFALON DA REDAÇÃO


Dutra afirma que o debate sobre a mudança no rendimento da poupança deve instigar o consumidor a exigir do banco taxas de administração menores nos fundos, informações mais claras e precisas. Para Dutra, chegou o momento de o país buscar simplificar procedimentos corriqueiros e facilitar as negociações.Procurada, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) informou que decidiria se caberia comentar as declarações de Dutra após analisar o conteúdo. Leia a seguir alguns trechos da entrevista à Folha.

FOLHA - Qual a sua avaliação para a solução encontrada pelo governo para a poupança?


JOSÉ DUTRA VIEIRA SOBRINHO - Até me surpreendeu positivamente. O governo não poderia reduzir a taxa porque não passaria no Congresso. Então, inventa a história de tributar acima de R$ 50 mil. Estabeleceu um critério que tem um princípio de justiça de onerar mais que tem saldo maior. Mas tem uma série de outras regrinhas que, daqui a pouco, mesmo que um sujeito tenha R$ 900 mil, ele não paga nada. Tinha que resolver porque os fundos estão menos competitivos que a poupança.


FOLHA - A partir de quando é melhor o cotista deixar o fundo e aplicar na poupança?DUTRA - Se o fundo cobra uma taxa de administração superior a 1,5%, já começa a perder da poupança. Um cidadão que tem o dinheiro aplicado e que nunca se atentou para isso descobre agora que a taxa de administração do fundo dele é de 4%. Ele perde dinheiro.


FOLHA - Os bancos terão de reduzir as taxas de administração?

DUTRA - A debandada dos fundos de investimento para a poupança vai ser muito maior do que a da poupança para os fundos. Esse investidor que está no fundo fatalmente vai pressionar o banco a reduzir as taxas de administração. Não tenha dúvidas de que os bancos estão estudando até onde podem reduzi-las. Não há mais espaço para taxas de 3% a 4%.


FOLHA - Não é ignorância do investidor esse desconhecimento do peso das taxas de administração?

DUTRA - O problema é que você não se toca em relação a isso.Desde o Plano Cruzado os fundos rendiam muito, davam um baile na poupança. Eu entrei em um fundo de previdência em que eles descontavam uma taxa de carregamento de 10%.Para cada R$ 100 aplicados, eles descontavam R$ 10 e aplicavam R$ 90. Muitos anos depois, descobri que meu fundo de previdência pagava 0,5% mais TR. Era o rendimento da poupança e ainda tinha imposto. Eu fui enganado. E olha que eu sou especialista em cálculo.Há uma falta de ética em tudo isso, porque o banco sabia que a poupança pagava mais.


FOLHA - O gerente do banco está preparado para alertar o cliente de que está fazendo um mau negócio?Ele tem interesse em fazer isso?

DUTRA - Estou muito à vontade para falar disso porque sou um dos professores que mais ministraram cursos para o mercado financeiro. O gerente, de modo geral, tem uma formação técnica que deixa a desejar. Em muitos casos ele sabe o que seria melhor para o cliente, mas em boa parte não sabe. O gerente é orientado para vender determinados produtos. Tem as metas dele. Por trás de tudo isso eu vejo uma falta de ética.


FOLHA - Quem é o culpado? São os bancos? O aplicador que se omite em relação a seu próprio dinheiro?

DUTRA - Dada essa dificuldade de cálculo, a grande maioria não tem a mínima ideia de quanto está pagando no cheque especial, por exemplo. É falta de conhecimento do cliente, do gerente, falta de transparência do banco. E falta de ética.


FOLHA - Falta ética de quem? Alguém está sabendo de fato o quanto o outro está pagando?DUTRA - Quando se analisa todo esse quadro, você vê que está faltando ética. De quem? Dos responsáveis pelas operações, os executivos das instituições financeiras. Os dirigentes dos bancos no Brasil perderam há muito tempo a sensibilidade. É como se eles não tivessem nenhuma responsabilidade além da empresa dele e do lucro do banco. Deixaram passar critérios profundamente injustos.


FOLHA - Esses executivos ganham com a ignorância da sociedade?

DUTRA - Em todo o planeta, você tem ganho em cima do desconhecimento das pessoas. Veja quanta gente se iludiu com o [Bernard] Madoff [ex-presidente da Nasdaq, acusado de fraude financeira].


FOLHA - Como simplificar os procedimentos para que todos entendam o que acontece com o seu dinheiro?

DUTRA - Para calcular o cheque especial, deve-se ter uns cinco critérios. Cada um faz de um jeito. É de uma complexidade tão absurda que, para entender, o sujeito precisa de uma formação matemática muito boa. Nos outros países, as coisas são simples. Se você pesar tudo isso, vai entender esse desgaste que todos nós sofremos.Qual seria a solução? Que tal colocarmos na mesma mesa representantes de Procon, ProTeste, entidades de defesa do consumidor, Febraban, Ministério Público, juízes? Temos um exemplo positivo, a CET (Custo Efetivo Total), que é a obrigação do banco de informar o custo da operação efetivamente cobrada, incluindo tarifas e tributos. Reuniu todas as partes na discussão.


FOLHA - Falta concorrência no setor bancário?

DUTRA - Costumam me perguntar por que as taxas de juros são tão altas. As pessoas do mercado e as associações de classe respondem há mais de 20 anos: é porque aqui a inadimplência é muito alta. Na verdade, as taxas são altas porque não existe concorrência ou ela é mínima. Lembro-me bem quando vieram os bancos estrangeiros para cá. A ideia do Banco Central era que eles poderiam oferecer taxas menores e forçar a redução nas taxas.Vieram bancos americanos, britânicos, espanhóis. O presidente desses bancos vinha do país de origem. Como o executivo é avaliado? Pelo resultado. Por que ele vai oferecer juros de 4%, 4,5% se o brasileiro está disposto a pagar 6%? Sabe o que eles fizeram? A taxa média cobrada não difere da dos bancos aqui. Então os culpados somos nós? É a população brasileira que, pela falta de informação, tem culpa nisso. Mas também tem a falta de transparência. As regras são obscuras.


FOLHA - É conveniente para o governo, para a Receita Federal, em particular, manter essa falta de transparência?

DUTRA - Essa falta de transparência dificulta o contato com o cidadão e facilita não dar explicações. A Receita Federal também mantém o seu cliente distante. Isso é altamente confortável para ela. É um distanciamento conveniente que facilita as coisas para quem acaba procedendo de forma errada em detrimento do interesse do cidadão. As pessoas de ambos os lados acabam não se dedicando e valorizando muito esse entendimento. A culpa dessa grande bagunça que existe neste país é de todo mundo.Então, se somos todos culpados, vamos conversar para ver se podemos estabelecer critérios os mais simples possível.Se nós entendermos tudo, será fácil entrarmos em um acordo. Cada um falando um língua, aí não tem jeito. A gente está propondo uma campanha de esclarecimento para fixação de critérios, mas, para isso, precisamos colocar de um lado as instituições e de outro representantes dos consumidores.


FOLHA - Como o governo falta com a transparência?

DUTRA - Descobri por acaso analisando a TR que, na verdade, eles sempre arbitraram o rendimento da poupança por um percentual da taxa Selic, que era uma das propostas discutidas para mudar o rendimento da caderneta. Depois precisava dar uma roupagem científica para isso. Sabe o que BC fez? Bolou toda aquela fórmula: parâmetro A, B, redutor, tudo bobagem. É brincar de faz de conta e vai por aí afora.


FOLHA - Qual a maior fonte de ignorância financeira?

DUTRA - Existe uma súmula da STF que diz textualmente que é vedada a capitalização de juros [taxas compostas], ainda que expressamente convencionada. O que significa isso? Que você faz um contrato que tem juros compostos, mas pela lei não poderia. O que está errado? Essa afirmação bate de frente com tudo aquilo que nós fazemos no mercado financeiro e mundial.É o caso de perguntar ao ministro do STF: o senhor já emprestou dinheiro ou fez aplicação financeira em banco? Tem dinheiro no FGTS? Já? Então, usou juro composto. Esse cinismo em relação à matemática, que é uma ciência exata e neutra em relação às partes, é inaceitável. É uma demagogia barata, que acaba mantendo o cidadão brasileiro numa ignorância sobre assuntos que nem são complicados.


FOLHA - E qual o custo da ignorância para sociedade?

DUTRA - É um custo muito alto.A maioria das pessoas tem dificuldade em compor o próprio orçamento. Na hora em que vai comprar a prazo, vai atentar se a prestação cabe no orçamento.Compra confiando no futuro, na manutenção do emprego.Vai implicar para cada cidadão uma despesa maior do que aquela que ele teria se tivesse um conhecimento de cálculo; não precisa ser um especialista.O Brasil teve uma inflação crônica durante mais de 30 anos. Ninguém fazia um orçamento porque não tinha condição. O brasileiro não tem tradição de controle, de planejamento. É completamente desregrado, muito na base do "se Deus quiser, vai dar certo". Na primeira dificuldade que tem, não paga a prestação. Tudo isso gera um custo para sociedade muito grande. Há uma série de transtornos e falta de capacidade de fazer um mínimo de planejamento. Não são só pessoas simples; tem pessoas que ganham muito bem e são extremamente desorganizadas.


FOLHA - Houve progressos?

DUTRA - Com essas discussões, a sociedade de modo geral vai lucrar. A discussão leva a um esclarecimento. O lado positivo é que o consumidor vai começar a se inteirar. Vai se tornar mais esclarecido, o mercado vai ser muito mais transparente, os bancos vão se preocupar em dar informações mais claras.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

OBSSESSÃO PELA REDUÇÃO DO SPREAD CHEGOU TARDE E NO ENDEREÇO ERRADO.



Paulo Sérgio Xavier Dias da Silva
psxds@hotmail.com

Demorou muito tempo e foi necessário que a economia nacional ficasse numa situação desfavorável e a pressão aumentasse, para que o presidente Lula fosse acometido de uma verdadeira obsessão pela diminuição do spread bancário.
Apesar de ficar muito incomodado e proclamar em várias ocasiões que os juros no Brasil deveriam baixar, nada de contundente foi feito pela equipe econômica e em especial, pelo Banco Central.
Nem mesmo os sucessivos apelos do Vice-Presidente José de Alencar, proferidos até em hospitais, enquanto enfrentava e vencia problemas de saúde eram atendidos.
Há muito tempo - e, mais recentemente com o advento da crise econômica internacional - que economistas, empresários, sindicalistas, enfim, a quase totalidade da sociedade brasileira, vêm clamando para uma redução significativa dos extorsivos juros bancários, particularmente da taxa Selic, praticada pelo irredutível Banco Central.
Além de outras medidas complementares que não foram tomadas pelos gestores da área econômica, a que causa mais mal estar e indignação, sendo considerada a vilã número- um da crise, é indubitavelmente, a política de juros elevados praticados pelo Banco Central.
Para surpresa geral, no dia 08 de abril, Antonio Ferreira de Lima Neto, foi demitido de presidência do Banco do Brasil, sob alegação que demorava para reduzir os juros e o spread cobrados pelo banco.
Se não houve outras razões camufladas para a demissão, o motivo apresentado parece exagerado.
É evidente que o Banco do Brasil, por ter características de banco social, não deveria acompanhar a ganância da maioria dos bancos privados, mas, em contrapartida, tem de atender os interesses de seus acionistas minoritários e sinalizar para o mercado que se trata de uma instituição financeira rentável e confiável, sob pena de ver suas ações desvalorizadas.
Neste contexto, o endereço mais apropriado para saciar a obsessão presidencial deveria ser, primeiro, o Banco Central.
Se o Banco Central não visa lucro e seu acionista é o governo federal , que sempre almejou e alardeou que os juros deveriam baixar, não deveria tolerar tal insubordinação. Em qualquer banco ou empresa, o principal executivo que contrariar as determinações de seus acionistas majoritários é imediatamente exonerado.
Somos plenamente favoráveis que o Banco Central tenha liberdade para conduzir a política monetária e seja o guardião de nossa moeda, mas essa autonomia tem que ser vigiada e não se podem permitir ações que contrariem os maiores interesses nacionais, de desenvolvimento econômico, geração de emprego e renda. Política monetária e combate a inflação não se resumem somente em aumentar e manter juros altos. É um expediente de fácil implementação, que deve ser usado em ocasiões especiais, por determinado período de tempo e que tem que ser bem dosado, para não provocar efeitos perversos e desnecessários.
Qualquer vestibulando para um curso de economia sabe que ao aumentar, de forma expressiva, a taxa de juros, numa economia extremamente dependente de crédito como a nossa, a demanda se retrai, o consumo cai e a inflação regride. Mas, o remédio tem que ser bem administrado e o processo de cura tem de incluir outros procedimentos, caso contrário, somente com uma overdose do mesmo medicamento, o doente vai direto para a UTI.
A taxa Selic, também denominada de “ juros primários “, é a base de referência para a formação dos juros praticados no mercado financeiro. Se essa taxa já é elevada, parte-se de um patamar mais alto, para se definir o valor do CDI – Certificado de Depósito Interbancário, que se traduz num sinalizador do custo de captação entre os bancos e demais instituições financeiras, que, a partir deste piso, agregam o famoso spread, termo da moda, citado até nas conversas de botequim e nas esquinas de nossas cidades.
Assim sendo, a prioridade zero a ser atacada é a redução efetiva da taxa Selic, e depois o spread bancário.
“O amaldiçoado spread”, nada mais é do que a diferença entre o custo de captação dos bancos e os juros cobrados para os tomadores de seus empréstimos e financiamentos, incluindo os custos operacionais, nível de risco de inadimplência das operações, cunha fiscal e, principalmente, lucros elevados.
Em primeiro lugar, o governo tem que fazer sua parte, diminuindo mais os tributos incidentes nas operações financeiras e usando a redução do compulsório como moeda de troca para que haja um melhor direcionamento e agilização na concessão de crédito, notadamente para os setores mais produtivos e estratégicos e para as pequenas e médias empresas.
A aprovação mais acelerada do cadastro positivo implicaria redução do custo atribuído à inadimplência e possibilitaria a fixação de taxas de juros menores e diferenciadas.
No que tange aos custos operacionais, os bancos já tomaram as providências necessárias com a racionalização das suas atividades, informatização, enxugamento do quadro de pessoal e obtenção de economias de escala, com consecutivas incorporações e fusões.
Quanto aos generosos lucros, como vivemos numa economia de mercado, ou se estabelece um esquema de maior concorrência, em que os bancos estatais deem exemplo e o governo adote mecanismos de incentivos fiscais, ou, em último caso, aumenta-se simplesmente o imposto sobre os lucros dos bancos, na mesma facilidade com que os juros são elevados.

Se nada mais for feito, o presidente Lula corre sério risco, ao comparecer a uma outra reunião do G-20, num futuro próximo, quando for questionado pelo presidente Barack Obama, na presença dos principais líderes das nações desenvolvidas, por que o Brasil ficou numa situação econômica tão difícil, quando tinha todas as condições para reverter a crise e se destacar no panorama internacional, vai ter que puxar o braço do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles e dizer “ Esse é o cara “.




Paulo Sérgio Xavier Dias da Silva
Economista graduado pela USP.
Consultor e assessor empresarial, especializado na
recuperação de empresas em dificuldades financeiras.

domingo, 3 de maio de 2009

CONSUMO




Classe média baixa é que deve impulsionar economia em 2009
Neste ano, marcado pela crise, a classe média baixa é que deve puxar a economia."Quando analisadas as classes sociais, a maior participação no potencial de consumo está nas mãos (ou no bolso) da classe B2, representada por domicílios com renda média mensal de R$ 2,3 mil. Em termos de crescimento, as classes C1 e C2, respectivamente com renda média de R$ 1,4 mil e R$ 950, foram as que apresentaram maior crescimento entre 2008 e 2009", afirmou o diretor da Target Marketing, Marcos Pazzini.De acordo com ele, a classe C, por si só, será responsável por mais de 30% do consumo nacional neste ano.Classe média baixa sustentaPara o economista Guilherme Costa, que é professor do curso de Administração das Faculdades Integradas Rio Branco, a classe média baixa emergente é que está mantendo o nível das atividades econômicas de uma certa forma sustentável, evitando uma recessão como nos países do hemisfério Norte, que preveem um crescimento negativo de seus PIBs (Produto Interno Bruto) em relação a 2008."Cerca de 27 milhões de indivíduos saíram das classes econômicas D e E para a classe C, que são famílias com renda entre R$ 1,5 mil e R$ 4,5 mil, e que, portanto, engordaram a classe média, com direito a cartão de crédito para compras, a poder adquirir seu primeiro carro zero quilômetro, a adquirir seu computador e diversos aparelhos eletroeletrônicos, como DVDs, celular, além de linha branca".O professor ressalta ainda a importância dessa classe média: "o eixo dinâmico de nossa economia, em 2009, nesses tempos de turbulência econômica, vem a ser os produtos da classe média brasileira, que não dependem do mercado externo para produzir nem de capitais externos", afirmou, colocando nesta lista de produtos os alimentos, vestuário, higiene pessoal e cosméticos.De acordo com Costa, está previsto para janeiro de 2010 um salário mínimo de R$ 506, já anunciado pelo governo, e isso terá um impacto grande no consumo das famílias, que irão às compras de bens e serviços.Classes altasEm relação às classes mais altas, o que se observa, de acordo com o diretor da Target Marketing, é que houve perda do potencial de consumo. Em 2008, essas classes, somadas, representavam 66,7% do consumo nacional e, em 2009, serão responsáveis por 63,8%. Esses 2,9 pontos percentuais de perda representam menos R$ 51,2 bilhões no bolso dos consumidores dessas classes."Em relação à classe A1, ela é responsável por 4,1% do consumo brasileiro, mas em termos de população, ela concentra apenas 0,6% dos domicílios. Com relação ao cenário econômico atual, ela foi prejudicada, pois em 2008 ela foi responsável por 4,6% do consumo e continha 0,7% dos domicílios"


.Por: Flávia Furlan Nunes30/04/09 - 12h25InfoMoney