segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

ENFRENTAR OU REGREDIR COM A CRISE



Paulo Sérgio Xavier Dias da Silva
Artigo publicado no jornal DCI, edição de 11/02/09

A crise econômica internacional que teve origem nos EUA, a partir de setembro do ano passado, atingiu todo o planeta, apesar de formas diferenciadas, em função da situação do balanço de pagamentos e das reservas, da solidez do sistema financeiro e do grau de dependência do comércio exterior, das diferentes nações.
Neste contexto, o Brasil, apesar da importância de seu comércio externo e da redução dos preços de importantes itens de sua pauta de exportação, apresenta um elevado nível de reservas, um sistema financeiro bem estruturado, altamente capitalizado e sem créditos podres significativos e, um amplo mercado interno, condições que se traduzem num bom arsenal para enfrentar a crise.
No entanto, falta ao nosso governo, adoção de medidas mais eficazes e de urgente implementação, para que esta crise não se alastre de forma incontrolável.
Além da liberação imediata de abundante crédito para o setor produtivo e forte fiscalização do setor bancário, para que seus empréstimos sejam mais facilitados e com spread reduzido, o governo tem que fazer sua lição de casa, diminuindo os juros básicos, que estão absurdamente altos e na contra-mão dos demais países e gerindo melhor as finanças públicas, efetuando cortes no custeio e ampliando consideravelmente os investimentos.
Além do direcionamento de mais recursos para setores que absorvem mão de obra intensiva, como da construção civil, saneamento e outros considerados mais relevantes em termos econômicos, o governo deve aproveitar a oportunidade, em que a maioria dos países desenvolvidos e em crescimento encontra-se em recessão, para avançar, melhorando sua posição no mercado global, reduzindo o elevado “ custo Brasil “, investindo pesadamente na nossa deficiente infraestrutura , notadamente nas rodovias, ferrovias e portos.
Quando o mercado internacional retomar aos patamares anteriores, já teríamos eliminado ou amenizado grande parte de nosso gargalo para expansão das exportações e obteríamos vantagens comparativas expressivas frente a nossos principais concorrentes.
Aproveitando também, que a maioria das empresas, forçadas pelas atuais dificuldades financeiras e elevada carga fiscal, estão reduzindo ou deixando de recolher tributos, o governo federal deveria diminuir drástica e rapidamente os impostos, facilitando a aprovação da tão desejada e demorada reforma tributária.
No mesmo caminho, a inevitável queda da arrecadação da Previdência Social e a expansão do pagamento do seguro desemprego, ocasionadas pelas demissões que vêm aumentando sua escala e ainda atormentam toda a sociedade brasileira, poderiam ser bastante minimizadas com a redução dos encargos trabalhistas e com ações de estímulo fiscal e creditício para contratação de mão-de-obra formal. A flexibilização de contratos de trabalho e a cooperação com os sindicatos envolvidos seria fundamental, convencendo-os de que é melhor reduzir temporariamente alguns direitos ou vantagens dos empregados, do que não poder usufruí-los estando desempregados.
Assim sendo, o nível de consumo doméstico seria preservado e o nosso mercado interno, principal fonte de desenvolvimento econômico atual, poderia compensar e alavancar a saída da crise.
Neste cenário de turbulência, os empresários têm importante papel a desempenhar, a começar pelas entidades de classe, que necessitam se posicionar de forma mais contundente, exigindo do governo, adoção urgente das medidas necessárias e mudanças na condução da política econômica.
Acreditando que a atual crise, apesar de ter atingido a economia real, também apresenta forte componente psicológico, agravado pelas más notícias externas e influenciado por temores e desconfianças locais, sugerimos, que não deixando de atentar para as dificuldades da presente conjuntura econômica, os empresários devem manter o equilíbrio e a prudência, enfocando o seu próprio negócio e avaliem suas perspectivas a médio e longo prazo.
Esta crise, apesar de preocupante, é passageira. Se todos - governo, empresários e trabalhadores, fizerem sua parte, o mercado interno vai reagir mais rápido. Paralelamente, ações e medidas que também estão sendo tomadas nos países mais desenvolvidos surtirão efeito para recuperação paulatina do mercado externo.
As empresas que souberem atravessar os presentes obstáculos, sairão na frente e vão ampliar seus mercados. A máxima “crise é também sinônimo de oportunidade” parece bastante apropriada para esta fase.
Não se deve, portanto, tomar medidas precipitadas de interromper bruscamente, investimentos estratégicos já iniciados, demitir empregados compulsoriamente e alastrar ou deixar-se contaminar com pessimismo exagerado.
Aliás, a demissão de funcionários deve ser encarada como uma das últimas alternativas a serem consideradas, pois, além da perda de pessoal qualificado e treinado, vai acelerar a diminuição da rendas das famílias, reduzindo a demanda total e a arrecadação de impostos e retomando um ciclo vicioso, com o recuo da oferta de bens e serviços, gerando mais desemprego e queda nas vendas.
Deve-se também enfatizar, que muitos empresários ficaram em situação desfavorável, por se aventurarem na aplicação em derivativos cambiais, quando dispunham de liquidez elevada ou, foram vítimas da oferta de algumas instituições financeiras, que propuseram, para redução de juros e encargos de empréstimos concedidos, a tomada de recursos ou renegociação de dívidas atreladas à variação cambial, esquecendo do trágico episódio, ainda na lembrança dos brasileiros, dos contratos de leasing reajustados pelo dólar.
O empresário brasileiro é o mais preparado do universo para enfrentar crises, sua experiência em superar dificuldades, inflação alta, pacotes econômicos, juros excessivos, escassez de crédito, infraestrutura deficiente, carga tributária, altos encargos trabalhistas, cambio desfavorável, custo Brasil etc., não encontra nenhum paradeiro no mundo.
Em nossa experiência em recuperação de empresas em dificuldades financeiras, temos vivenciado a grande capacidade de nossas empresas em reverter cenários adversos.
Temos certeza que , num futuro próximo, o Brasil será considerado um exemplo a ser seguido em épocas de dificuldades e será objeto de um capítulo especial na literatura econômica.
Mesmo com toda conjuntura desfavorável, a previsão da maioria dos economistas é que o Brasil irá crescer entre 2% a 3% neste ano, enquanto na maiorias dos países aguarda-se recessão.
Vamos, portanto, esquecer o pessimismo e partir para ação, temos muito trabalho pela frente
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Autor: PAULO SÉRGIO XAVIER DIAS DA SILVA
Economista, graduado pela USP, com créditos de mestrado em administração. Assessor e consultor empresarial nas áreas estratégica, financeira e comercial, sendo especialista em recuperação de empresas em dificuldades financeiras. Atuou como diretor financeiro, executivo e assessor de várias instituições públicas e privadas , de entidades de classes empresariais e professor universitário.

www. paulosergioxavier.zip.net psxds@hotmail.com

fone: (11) 9617-0411

Um comentário:

Unknown disse...

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