quarta-feira, 14 de outubro de 2009

TAXA SELIC


POLÍTICA ECONÔMICA INEFICAZ E FOCADA EXCESSIVAMENTE
NO MONITORAMENTO DA TAXA BÁSICA DE JUROS
( FOCO EXCESSIVO NA TAXA DE JUROS )

Paulo Sérgio Xavier Dias da Silva
psxds@hotmail.com

Artigo publicado no Dci, edição de 14/10/09

O governo federal insiste na utilização excessiva do monitoramento da taxa básica juros (Selic), como mecanismo preponderante de política monetária e não atua eficazmente na aplicação dos demais instrumentos de política econômica.

Três exemplos mais recentes extraídos do noticiário econômico evidenciam a política econômica inadequada que vem sendo executada pelo atual governo:
- proposta de postergação de parcela das restituições do imposto de renda prevista para este exercício, no valor de R$ 3 bilhões, adiada para o próximo exercício;
- previsão de aumento da taxa básica de juros para 2010, face às perspectivas de crescimento do PIB acima de 5%;
- desistência da taxação de 22,5% sobre os rendimentos da caderneta de poupança dos saldos superiores a R$ 50.000,00.
Dos três principais instrumentos de política econômica - política fiscal, política cambial e política monetária - o governo só privilegia esta última, através da adoção de elevadas taxas de juros, como única forma de manter a inflação sobre controle, por ser de mais fácil a sua aplicação, apesar dos efeitos danosos para toda a economia.
O balão de ensaio que o governo já lançou – de que será necessário aumentar a taxa Selic dos atuais 8,75%, para evitar efeitos inflacionários futuros - constitui-se também numa jogada para evitar o ônus político da tributação das cadernetas de poupança num ano eleitoral, pois, com o incremento dos juros básicos, as aplicações em renda fixa e nos fundos de investimentos voltarão a ficar mais atrativas. Os bancos serão novamente beneficiados, já que aplicam a maioria de seus recursos em títulos públicos e estavam pressionando contra a diminuição de seus lucros estratosféricos.
No que tange ao anúncio do adiamento das restituições do imposto de renda, configura-se, mais uma vez, o total fracasso da política fiscal. O governo insiste em manter gastos excessivos e desnecessários de custeio e de pessoal, ignorando a queda acentuada de arrecadação, ocasionada tanto pela redução da atividade econômica, quanto pela crise interna que se instalou na Receita Federal, com a demissão da ex-secretária Lina Vieira e de vários superintendentes regionais.
Com relação à política cambial, apesar do acerto em manter a taxa de câmbio flutuante, o governo insiste na compra maciça de dólares, que não vem mais surtindo efeito para conter a desvalorização mundial da moeda norte-americana.
Grande parte desses recursos deveria ser direcionada para desonerar as exportações e para investimento em infraestrutura e logística, reduzindo o Custo Brasil, tornando nossos exportadores mais competitivos no mercado externo e compensando os efeitos negativos da supervalorização do real frente ao dólar.
O nosso empresariado, mesmo sofrendo com uma das cargas tributárias das mais elevadas do mundo, continua praticamente imbatível, em temos de competitividade, até as portas de suas fábricas. Ultrapassado este limite, tem que reduzir substancialmente seus lucros para compensar os excessivos gastos em que incorreu até o embarque dos produtos e manter sua fatia de mercado no exterior, conquistada arduamente.
Como já comentamos em artigos anteriores, o Brasil perdeu uma excelente oportunidade para melhorar as vantagens comparativas frente aos nossos principais concorrentes externos, que estavam mais preocupados em sanear seus mercados financeiros abalados pela crise internacional iniciada no último trimestre de 2008.
O governo ficou preso na armadilha criada pela sua própria política econômica, não investindo o suficiente em infraestrutura e logística, não promovendo as reformas tributária e trabalhista e mantendo juros altos por um período muito longo.
Se a economia crescer numa taxa superior a 5% ao ano, o governo alega que teria de aumentar a taxa de juros para impedir uma aceleração na taxa inflacionária, se não expandir, a arrecadação vai continuar caindo e a “solução mágica” será, novamente, o aumento da carga tributária, que já chegou no seu limite máximo e vai ocasionar o acréscimo na sonegação e na inadimplência fiscal das empresas.
Por outro lado, os empresários ficam indecisos quanto ao crescimento da economia e receosos do aumento dos juros, pois para aumentar seus investimentos e capacidade de produção, dependem de boas perspectivas para seus produtos e serviços, da oferta de crédito e de taxas de juros compatíveis com o custo de oportunidade sinalizado pelo mercado financeiro para remunerar atrativamente o capital aplicado e evitar a sua participação na ciranda da especulação financeira.
De outro, os consumidores, necessitam de certa garantia para seus empregos e também de crédito, às taxas e prazos razoáveis, para voltar a intensificar suas compras.
Assim sendo, tanto pelo lado da oferta, quanto da demanda, o crédito é elemento fundamental para a expansão da economia brasileira e, retomar o aumento das taxas de juros é uma atitude ilógica.
O governo também atira no seu próprio pé, pois, se a economia não se acelera, a sua arrecadação não cresce, enquanto os gastos públicos se elevam demais, principalmente num ano de eleições, como 2010.
Não seria mais interessante reduzir a carga tributária, ampliar a base de arrecadação, incorporando mais contribuintes, e gastar com mais responsabilidade, priorizando os investimentos, no lugar de aumentar as despesas com a máquina estatal?
A meta da queda dos juros básicos, apesar de um ritmo mais cadenciado, deveria ser mantida, não aumentada, pois ainda é uma das taxas de juros reais mais elevadas do planeta.
O atual governo precisa considerar que política econômica e combate à inflação não se fazem baseada exclusivamente em taxas de juros altas. Que tal, por exemplo, a formulação de uma política industrial adequada, com incentivos para ampliação dos investimentos privados, da capacidade produtiva e da criação de mais empregos, só para exercitar e lembrar a existência de outros instrumentos fornecidos pela nossa velha amiga teoria econômica?


Paulo Sérgio Xavier Dias da Silva é economista graduado pela Universidade de São Paulo (USP), consultor e assessor empresarial. Articulista do DCI, do Conselho Regional de Economia e de revistas e sites de economia e política.

ALIMENTOS.


Produção mundial de alimentos precisa subir 70% até 2050, alerta ONU

O relator da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Direito Humano à Alimentação Adequada, Olivier de Schutter, alertou hoje que a produção mundial de alimentos precisa aumentar 70% até 2050 para suprir a demanda crescente.


"Temos que enfrentar a situação", afirmou, ao participar do seminário Exigibilidade do Direito Humano à Alimentação Adequada e o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, em Brasília. Durante a abertura do evento, ele lembrou que mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo passam fome. "Isso é um recorde", disse.


A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) calcula que apenas os países em desenvolvimento precisam investir anualmente US$ 44 bilhões em agricultura para alimentar sua população - calculada em 9 bilhões de pessoas até 2050. Atualmente, os investimentos são de US$ 7,9 bilhões.


Schutter destacou, entretanto, que o aumento da produção de alimentos representa apenas "parte da equação" que envolve a segurança alimentar. Para ele, a fome é uma questão "multifatorial", que exige a inclusão de temas como cooperação internacional no debate, além de mecanismos que exijam dos governos não apenas a ampliação, mas o monitoramento da produção de alimentos.


O representante da FAO no Brasil, José Tubino, avaliou que o mundo tem "desafios gigantescos" provocados por "crises simultâneas que geram grande volatilidade da situação mundial". Ele citou, como exemplo, as crises financeira e energética e perguntou se será mesmo possível continuar transportando alimentos "de um lado do planeta a outro", como muitos países ainda fazem.


"É preciso pensar em como incentivar a produção de alimentos, em como reorganizar o mercado das commodities, na situação dos recursos naturais, sobretudo no Brasil e na América Latina, e em bioenergia", ressaltou.


Para Tubino, o mundo terá que enfrentar "mudanças radicais", inclusive provocadas pelas alterações climáticas. A grande pergunta, segundo ele, é se é possível continuar produzindo alimentos da mesma forma como é feito atualmente. O representante da FAO cobrou ainda a criação de uma aliança internacional contra a fome.


"Vamos ter a Cúpula Internacional da Alimentação, de 16 a 18 de outubro em Roma, e esperamos que os chefes de Estado tomem as decisões consideradas fundamentais para enfrentar a crise alimentar."



(Fonte: Agência Brasil)

sábado, 10 de outubro de 2009

DÓLAR


Desvalorização do dólar dá nova munição aos críticos de Obama

A forte desvalorização do dólar norte-americano está dando munição aos críticos do governo Obama e alimentando a preocupação a respeito da erosão do status da moeda de reserva.

Os políticos republicanos têm destacado a queda do dólar como evidência do enfraquecimento do poder norte-americano.

Nesta quarta-feira, Sarah Palin, a ex-candidata republicana à vice-presidência, adicionou sua voz àqueles que estão expressando preocupação com as consequências do aumento da dívida norte-americana e dependência do petróleo estrangeiro. "Nós podemos ver o efeito disso no preço do ouro, que atingiu uma alta recorde hoje, em resposta aos temores com o dólar enfraquecido", escreveu em sua página no Facebook.

A maioria dos economistas atribui o recente aumento do preço do ouro às ações de alguns poucos investidores que estão se protegendo do temor de inflação nos Estados Unidos. E eles apontam que os mercados mais profundos de títulos norte-americanos não exibem sinal de preocupação com a inflação. De fato, os analistas dizem que a desvalorização do dólar deriva mais do crescente apetite dos investidores por risco e das perspectivas de aumento das taxas de juros em outros lugares.

Nos últimos seis meses, o dólar se desvalorizou 11,5% em termos ponderados pelo comércio.

Tim Geithner, o secretário do Tesouro norte-americano, disse no fim de semana que os Estados Unidos farão "tudo o que for necessário" para manter a confiança em sua moeda.

"É muito importante para os Estados Unidos que continuemos tendo um dólar forte", disse. "Nós reconhecemos que o papel importante do dólar no sistema resulta em fardos e responsabilidades especiais para nós, de forma que faremos tudo o que for necessário para manter a confiança."

Entretanto, a ansiedade em relação ao dólar se estende além dos círculos políticos conservadores.

Na semana passada, Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial, alertou que os alertas recentes dos chineses e outros grandes credores norte-americanos a respeito do endividamento dos EUA poderiam piorar nos próximos meses.

"Os Estados Unidos estariam equivocados em considerar garantido o lugar do dólar como moeda de reserva predominante do mundo", disse Zoellick. "Olhando adiante, haverá cada vez mais outras opções para o dólar."

Grande parte do debate atual segue a resposta política tradicional nos Estados Unidos sempre que a moeda sofre desvalorização. Mas agora ele é acompanhado pelos alertas dos credores dos Estados Unidos, muitos dos quais estariam de olho em grandes compras norte-americanas de ativos reais, como propriedades e empresas.

"O dólar sempre foi uma questão de testosterona entre as classes políticas norte-americanas", disse Norm Ornstein, um analista veterano do conservador Instituto da Empresa Americana. "Desta vez pode haver um debate legítimo em torno do status de reserva do dólar, mas Sarah Palin não está qualificada a participar dele."

Apesar da mais recente queda do dólar estar atraindo atenção, os analistas dizem que é preciso colocá-la em contexto. Em termos ponderados pelo comércio, o dólar está basicamente de volta a onde estava ano início da crise financeira, em 9 de agosto de 2007, segundo dados do Federal Reserve, o banco central norte-americano.


Tradução: George El Khouri Andolfato
Edward Luce e Krishna Guha
Em Washington (EUA)

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

RECEITA FEDERAL.


Receita cobra R$ 4,7 bi de crédito tributário de empresas

A Receita Federal iniciou uma ação para cobrar créditos tributários de empresas que somam R$ 4,7 bilhões. As intimações foram enviadas 110.605 empresas.

Segundo a Receita, os contribuintes intimados estão sujeitos à nova sistemática de cobrança dos devedores do fisco. A etapa de intimação é a primeira do novo procedimento, que termina com a inscrição na Divida Ativa da União. A ação fiscal teve início no dia 1º de outubro.

O procedimento adotado anteriormente era de cobrança por lote, semestral ou anual. Agora, a cobrança será mensal e contínua. "É uma atividade permanente da RFB. A tempestividade nas ações de análise dessas declarações e, se for o caso, o envio para cobrança, deverá reduzir inadimplência", afirmou o Secretário da Receita Federal do Brasil, Otacílio Dantas Cartaxo.

A cobrança é restrita aos débitos vencidos a partir de 1º de dezembro de 2008. O prazo para atendimento dessa ação de cobrança é de 30 de novembro.

Débitos

A Receita Federal informou que até esta sexta-feira (9) os sistemas informatizados registraram 302.164 pedidos de adesão ao parcelamento de débitos. Destes, um total de 209.640 já estão validados. A validação é garantida após o pagamento da primeira parcela do pedido de adesão.

O contribuinte que desejar aderir ao parcelamento deverá protocolar pedido exclusivamente nos site da PGFN ou da Receita Federal, até as 20h do dia 30 de novembro de 2009.

Poderão ser pagos ou parcelados, em até 180 meses, inclusive, o saldo remanescente dos débitos consolidados no Refis (Programa de Recuperação Fiscal), Paes (Parcelamento Especial), Paex (Parcelamento Excepcional) ou no parcelamento ordinário. Mesmos débitos já excluídos desses parcelamentos estão abrangidos pela lei.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

PROF. MARCIO POCHMANN -IPEA.



Agora o capitalismo quer nosso cérebro

"Os 10% mais pobres do Brasil - 20 milhões de brasileiros - vivem com renda média mensal per capita de R$ 70 e transferem R$ 35 dos R$ 70 em impostos para o Governo, porque os impostos indiretos são os que mais oneram essa população", diz o economista Márcio Pochmann, presidente do IPEA.

O economista da Unicamp, Márcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), esteve em Aracaju (SE) para uma palestra e conversou com a Caros Amigos. Ele defende a completa refundação do Estado brasileiro.

O professor analisa a crise internacional e revela números surpreendentes das desigualdades no Brasil. Pochmann é categórico quando fala em educação: "Ela não transforma. Ela conforma para o trabalho".

Ele garante que a atual crise econômica possibilita entrarmos em um novo padrão civilizatório em que os parâmetros de produção e consumo vão mudar. Chama a atenção para o meio ambiente e considera que o mundo vive um período de desgovernança pública.

É enfático ao tratar de República e democracia no Brasil: "Na nossa democracia sobram partidos e faltam ideias"; "dizemos que temos República no Brasil, mas não temos. República significa igualdade de oportunidades".

Pochmann é um dos maiores pesquisadores do País sobre o mundo do trabalho. É especialista em emprego e salários e autor de 27 livros sobre inclusão social, desenvolvimento econômico e políticas de emprego. Entre os livros de sua autoria do economista estão O Desafio da Inclusão Social no Brasil e Relações de Trabalho e Padrões de Organização Sindical no Brasil. Na Unicamp, é professor do Instituto de Economia e atua no Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit).

Como o senhor avalia a crise financeira mundial?

Márcio Pochmann (MP) - Essa crise é uma crise do modo de produção capitalista, uma crise estrutural, sistêmica, uma crise que não é exclusivamente financeira, embora tenha sido nessa esfera que ela se originou. Essa crise impôs perdas expressivas aos ricos, impôs a queda da taxa de lucro das empresas, especialmente de alguns setores industriais. A crise impactou a área social. Estamos convivendo com maior desemprego, com aumento das desigualdades. Essa crise está contaminando o mundo da política. Cinco países tiveram alternância de poder em função, inclusive, do agravamento da crise. Não tivemos crises anteriores com problemas ambientais. Os impactos ambientais são extremamente degradantes. Temos uma crise inédita nesse sentido. Vale dizer que é uma crise que encontra o mundo, os países, em quase sua totalidade submetida à lógica mercantil. Nunca tivemos uma crise anterior com uma profundidade como esta. E não tem saída a curto e médio prazo porque a crise afetou as estruturas do padrão capitalista de produção e consumo. Não há como garantir a sustentabilidade da acumulação de capital.

O senhor diz que essa crise é de produção e consumo. Explique o que é a crise de consumo?

MP - O que deu sustentabilidade de longo prazo ao capitalismo no século 20 foi a produção de bens de consumo duráveis, como por exemplo, a casa própria e o automóvel. Não são apenas eles, mas a casa e o automóvel simbolizam o consumo no capitalismo do século 20. A produção desses bens se difundiu pelo mundo, no entanto, apenas um quarto da população mundial tem acesso a esse padrão de consumo. Apenas um quarto. É o que praticamente temos no Brasil. Para que esse padrão de consumo tivesse padrões mundiais, especialmente no mundo onde a renda per capita é muito baixa, foi necessário o aprofundamento do subdesenvolvimento, que é o que se pressupõe no Brasil. Em outras palavras: para que aqui no Brasil pudesse se instalar a indústria automobilística e a produção nacional comparável ao os países ricos foi necessário concentrar profundamente a renda, para poder viabilizar o padrão de consumo dos mais ricos. Se a gente for a qualquer cidade brasileira a gente vê segmentos sociais que participam de alto padrão de consumo. Há bairros de qualquer cidade brasileira onde há casas com garagem com quatro, cinco carros, cada membro da família tem um automóvel. Há casas compatíveis com padrão hollywoodiano de habitação.

É, aqui os ricos vivem muito bem...

MP - Os ricos vivem aqui muito melhor que a classe média e os ricos nos Estados Unidos e na Europa porque aqui os ricos não pagam impostos. E lá não existe como aqui essa massa de serviçais. É manicure, empregados domésticos, cortador de grama, faxineira, ou seja, um exército de prestadores de serviço. No Brasil, as famílias de classe média e ricas têm, em média, 13 serviçais à sua disposição para prestar serviços. São 13, no mínimo, ou seja, são mais de 20 milhões de pessoas que constituem esse exército com remuneração extremamente baixa. Por que é possível ir para uma pizzaria, churrascaria no Brasil e comer de forma extravagante pagando preços módicos? Porque aqueles que lá trabalham, o pizzaiolo, o churrasqueiro têm remunerações extremamente baixas. O que chama atenção é que viabilizar e internalizar esse padrão de consumo é somente possível com uma brutal concentração de renda, com um sistema tributário que concentra renda, que tira dos pobres e dá para os ricos e com um Estado que se organizou para atender fundamentalmente os ricos, o andar de cima da sociedade, como dizia Milton Santos. Esse andar de cima tem tudo. Tem banco público, tem sistema de tecnologia, tem compras públicas, ou seja, montou- se uma estrutura para sustentar os de cima. Isso não é uma experiência exclusivamente brasileira, mas talvez chegamos a maior sofisticação.

E esse padrão de consumo tem forte impacto ambiental, não é?

MP - Claro. O mundo com 6,5 bilhões de habitantes e que apenas um quarto participa do padrão de consumo, mantido esse padrão de consumo, daqui a três décadas a temperatura da terra será três a quatro graus superior ao que é hoje. Três ou quatro graus podem não ser muito para nós, individualmente, mas a elevação da temperatura nesse patamar significa aqui no Brasil problemas muito sérios. Por exemplo, a produção de café, que hoje é feita em várias regiões no País, só poderá ser possível no Rio Grande do Sul. Nós teremos problemas gravíssimos de seca em algumas áreas e enchentes em outras. Estaremos falando não mais em Floresta Amazônica, mas na grande savana amazônica. Não estou pregando o caos, não. O que estou chamando atenção é que levado adiante esse modelo de produção e consumo, nós precisaríamos de três planetas para conformar a difusão desse padrão de consumo para mais pessoas.

E quem ou quais instituições mundiais podem resolver os problemas da crise e seus reflexos?

MP - Este é um aspecto grave. Estamos vivendo a plena desgovernança no mundo. Nós vivemos um quadro de profunda anarquia do ponto de vista público porque as instituições que foram constituídas para fazer a governança pública do mundo estão completamente esgotadas para viver a nova realidade. Com o encerramento da 2ª guerra, estabelece-se a Assembléia Geral das Nações Unidas, ou seja, a ONU, que tinha o objetivo de estabelecer um padrão de convivência, de regulamento mínimo entre países. Veja, a ONU somente conseguiu fazer uma conferência sobre a crise só agora no mês de junho, quer dizer, quase um ano depois da crise ter se manifestado. A ONU não consegue reunir os países para estabelecer convergências. O Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) que estavam presentes nas crises anteriores, dizendo façam isso e aquilo, simplesmente desapareceram. Mal e porcamente conseguem projetar se a economia vai ou não crescer, ou seja, não têm o que dizer. Esse padrão de regulação pública está falido.

E o G-20 e outros organismos estariam esgotados também?

MP - O G-20 não é uma instituição. Como vai colocar em prática as medidas lá acordadas? Um exemplo do que foi discutido lá: não é possível no mundo de hoje a existência de paraísos fiscais, locais para onde vão recursos, às vezes de lavagem de dinheiro, sem qualquer tributação e controle. O G-20 chegou a essa conclusão, mas só à conclusão. Quem vai dizer isso? O G-20? Como estabelecer um novo padrão de governança pública no mundo, especialmente no momento em que há uma profunda concentração do poder econômico? Veja, nós temos 500 grandes corporações transnacionais que governam o mundo. Qualquer setor da atividade econômica que nós olhamos tem quatro, cinco grandes corporações que dominam o mercado. Nós estamos vivendo uma época que não são mais os países que governam o mundo, mas as grandes empresas. O segundo pós-guerra criou as Nações Unidas, os países tinham as empresas. Os países eram maiores que as empresas. Hoje a realidade é inversa. As empresas têm os países.

Como assim, as empresas têm os países?

MP - Alguém acha que o Brasil governa a Petrobras? Ou será a Petrobras que governa o Brasil, embora seja uma empresa pública? O faturamento anual das três maiores corporações do mundo é equivalente ao PIB do Brasil, que é a nona economia do mundo. O faturamento da Petrobrás era maior que o PIB da Argentina. Estamos em uma realidade onde existe uma pequena cidade de cinco mil habitantes e lá se instala uma siderúrgica e contrata três mil pessoas, gera faturamento, parte vai para a prefeitura em impostos, mas quem vai mandar naquela cidade? O prefeito democraticamente eleito ou o presidente daquela siderurgia? Hoje, muitos governantes se tornaram caixeiros viajantes de grandes empresas. O faturamento das 50 maiores corporações do mundo é maior do que o PIB de 100 países.

E o Brasil, diante dessa crise? De que forma ela nos afeta? Estamos nos comportando bem para sua superação?

MP - Estávamos indo em uma trajetória muito positiva de crescimento. Nos últimos cinco anos estávamos conseguindo combinar expansão econômica com melhorias sociais. O Brasil crescia duas vezes, quase três vezes mais do que crescia nos anos 80, e com isso houve uma melhora significativa do mercado de trabalho. Nós chegamos a 2007, por exemplo, com 50% dos trabalhadores ocupados com algum tipo de proteção trabalhista, seja por carteira, seja por conta da contribuição à Previdência Social. Ocorre que as décadas de 80 e 90 foram muito difíceis para o mundo do trabalhador brasileiro. Nos últimos 5 anos tivemos uma crescente de melhora significativa. Tivemos a redução do número de pobres, redução das desigualdades, incremento e ampliação no salário mínimo. O crédito melhora, há recuperação do volume de gastos sociais. A crise atinge o Brasil nessa trajetória positiva de expansão.

Por isso não sentimos tanto os reflexos da crise mundial?

MP - Não só por isso. O Brasil não repetiu as políticas que anteriormente adotava diante de crises, pelo menos, analisando o período de 1980 para cá. De 80 para cá tivemos três crises importantes. A primeira foi da dívida externa, em 1981/83; a segunda foi a recessão no Governo Collor, 1990/1993; e a terceira foi a crise financeira na passagem do primeiro para o segundo mandato do presidente (FHC), uma crise onde se fez acordo com o FMI. Nessas três crises houve um padrão de política pública: era o de acreditar que a saída da crise se dava pelo mercado externo e não interno, ou seja, aumentava nossa subordinação às decisões internacionais. Nas três crises há uma repetição. O governo aumentou impostos, reduziu os gastos públicos, arrochou salários e não ampliou as políticas que atendem a base da pirâmide social. De outubro do ano passado para cá o governo do presidente Lula não repetiu essas medidas, pelo contrário.
O governo tem mantido o gasto público e até ampliado, ou seja, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não foi reduzido por conta da crise, e começou uma política habitacional ampla, onde pela primeira vez teremos 400 mil moradias sendo construídas para atender as pessoas muito pobres. O governo não aumentou impostos, pelo contrário, reduziu impostos. O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) é um exemplo. Mas teve medidas de redução do Imposto de Renda (IR). Tivemos a ampliação do salário mínimo que subiu em fevereiro em 12% e o aumento do número de famílias atendidas pelo Bolsa Família. É importante dizer que pela primeira vez desde 80 os pobres não estão pagando os custos da crise como no passado. Os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) provam que de outubro do
ano passado a março deste ano cerca de 315 mil pessoas saíram da condição de pobreza nas regiões metropolitanas. Isso mesmo na crise. De 80 para cá, em todas as crises houve aumento do desemprego e da pobreza. Nesta, até agora isso não ocorreu. Então, é uma forma diferente de enfrentar a crise.

Tudo bem que não entramos no grosso da recessão, mas também não vamos crescer, não é isso? Ou é possível acreditar em um crescimento?

MP - É verdade que tivemos alteração na trajetória de crescimento. Diferentemente de outros países, como Índia e China, que não tiveram recessão, tiveram redução na taxa de expansão do crescimento, mas vão continuar crescendo 6%, 7% ao ano. Nosso diferencial em relação à China e à Índia decorre do estrago que o neoliberalismo fez no Brasil. Apesar de todas as medidas que foram tomadas, medidas anticíclicas, ainda estamos distantes de um programa ousado de enfrentamento da crise que nos permita sair dela em condição superior que ingressamos. Por exemplo, em todos os períodos de crise e depressão, o Brasil soube ousar. Mesmo durante o autoritarismo, o Brasil reagiu. Nós fizemos o segundo plano nacional de desenvolvimento, que ajudou a completar a sua estrutura industrial. O Brasil construiu um investimento importante na matriz energética que foi o Proálcool. O Pró-álcool foi uma resposta à crise do petróleo de 1973. Agora estamos diante de uma oportunidade histórica. É a primeira vez que o Brasil enfrenta uma crise pelo regime democrático.

A democracia brasileira está amadurecida e consolidada para o enfrentamento da crise?

MP - Esse é um problema. Em nossa democracia sobram partidos e faltam idéias. Como construir convergências nacionais? Essa é a questão. A democracia exige convergência nacional e o partido político é instrumento disso. Democracia não é falar mal do governador, do presidente, falar qualquer coisa. Democracia é construção de convergências, de projetos estruturantes. O desafio que temos pela frente é enorme. A democracia nos dá essa condição. Não é mais o FMI, a ditadura que nos impossibilita de praticarmos o novo. Quem está impossibilitando somos nós mesmos, dada nossa incapacidade de construirmos convergências. Chamo a atenção que a crise não é só destruição, mas uma oportunidade de construção de algo superior. Ela abre perspectiva do enfraquecimento da dominação política que antes moldava o mundo, ou seja, abre a possibilidade de construção de um novo padrão civilizatório.

Como assim? Um novo padrão civilizatório?

MP - No século 19 tínhamos uma sociedade agrária. Naquele momento quase tudo era trabalho. Há 100 anos as mulheres eram apenas máquinas de reprodução humana, essa era a sua função social. Homens e mulheres viviam 35 anos de idade, em média. Uma mulher que vivia até 35 anos poderia ter tido de 15 a 20 filhos. Era necessário ter muitos filhos porque se trabalhava na terra, a produtividade era muito baixa e precisava ter muita gente mexendo na terra. Viver era trabalhar na sociedade agrária. Começava-se a trabalhar aos cinco, seis anos de idade. Não tinha escola. Não tinha regulação do mercado de trabalho. Se trabalhava até morrer. Não tinha alternativa. Na sociedade agrária 75% da vida estavam comprometidos com o trabalho. Tudo isso foi superado pelo padrão da sociedade urbano industrial. Nesse velho padrão as pessoas viviam até 60 anos de idade, em média, começavam a trabalhar depois dos 15. Ingressam no mercado de trabalho e ficam 30, 35 anos na mesma ocupação. Concluída essa fase do trabalho, viviam mais uns 10 a 15 anos e encerravam o ciclo de vida. Essa sociedade permitiu que o trabalho significasse 40% do tempo de vida, sendo 60% restantes de inatividade para o trabalho formal.

Então com o século 21 entramos em um outro processo civilizatório.

MP - Isso. Ocorre que diferente da sociedade do século 19 e 20, a sociedade do século 21, que não têm um nome ainda, seja lá pós-industrial, da informação, do conhecimento, é uma sociedade muito diferente. Agora as pessoas vão viver 100 anos de idade ou mais. Ora, alguém viver 100 anos muda completamente a trajetória de vida. Uma das principais funções da escola dos ricos, da elite é construir com as crianças, individualmente, seu projeto de vida. Para alguém que vai viver 100 anos terá dormido 30 anos. Alguém já planejou seu sono? Planejou o local onde dorme? Evidentemente que todo mundo quer chegar aos 100 anos com tudo funcionando. Portanto, o planejamento de como dormir, o que comer, o que fazer são decisivos para essa vida saudável com mais idade. Nessa sociedade do conhecimento o principal ativo não é mais o trabalho material.

O principal ativo é o trabalho imaterial. Numa sociedade agrária e urbano-industrial, o que concentrava o trabalho era a agricultura, pecuária, indústria, construção civil. Esses trabalhos são tangíveis, eu posso contá-lo, ou seja, há um produto físico, há uma concretude no esforço do trabalho humano, manual ou intelectual. Na sociedade do conhecimento, o que domina é o trabalho imaterial. No Brasil de hoje 70% dos postos abertos são no setor terciário, de serviços. Na sociedade do conhecimento, por conta das novas formas de gestão do trabalho, das tecnologias, está se trabalhando cada vez mais fora do local de trabalho. Trabalha-se em casa, em todos os lugares, pelo celular, pela internet. O trabalho não é mais exercido no local fixo e não temos regulação. Estamos entrando numa sociedade em que podemos ficar 24 horas plugados no trabalho. Este é um trabalho extenuante. O capitalismo não quer mais só o nosso coração, quer o nosso cérebro. Este trabalho fora de casa é um trabalho que gera produtividade, gera riqueza, uma riqueza que não está sendo disputada pelos sindicatos, não está sendo tributada pelo sistema tributário, ou seja, essa riqueza está gerando grandes ricos e está sendo muito concentrada. A repartição dessa produtividade imaterial nos permitiria construir outra sociedade. Por exemplo, na sociedade que se constitui não há razão técnica nenhuma para que a jornada de trabalho ultrapasse as 12 horas semanais. São três dias por semana, quatro horas por dia e pronto.

Então se muda completamente o conceito de trabalho, de estudo, de vida?

MP - É. Na sociedade do conhecimento não há justificativa técnica, não há razão alguma que as pessoas comecem a trabalhar antes dos 25 anos de idade. Não é a sociedade do conhecimento? O principal ativo não é a informação? Por que começar a trabalhar cedo? Por que começar a trabalhar antes de ter completado a universidade? Mas isso já existe no Brasil. Dificilmente vamos encontrar um filho de rico que tenha começado a trabalhar antes dos 25 anos de idade, depois de ter completado a universidade, ter feito MBA, ter estudado fora do país. Somente no Brasil os filhos de pobres estão condenados a trabalhar sempre. A gente quer dar trabalho para os filhos dos pobres, não quer educação. As ações de educação são todas voltadas para o mercado de trabalho. Os filhos dos pobres começam muito cedo a trabalhar. Por começar muito cedo, eles não estudam e vão ocupar os piores postos no mercado de trabalho brasileiro. Temos república no Brasil? Não temos república, nada. República significa a igualdade de oportunidades. E se há os que começam a trabalhar aos 15 anos de idade e outros só aos 25, não há igualdade de oportunidade. Os filhos dos ricos vão começar depois e ocupar os principais postos do mercado de trabalho, seja no setor público, seja no setor privado. O mercado de trabalho reproduz a desigualdade. Os filhos de pobres continuarão sendo pobres e os filhos dos ricos sendo ricos.

Isso sem falar dos jovens que abandonam os estudos.

MP - No Brasil temos 37 milhões de jovens na faixa etária de 16 a 24 anos. A metade desses jovens não estuda. A outra metade que estuda está fora de série, não acompanha a relação idade e série. Os jovens filhos de pobres no Brasil só estudam quando trabalham. Nós não temos estudantes que trabalham, mas jovens trabalhadores que estudam. Quando falta trabalho ou a renda é pouca ele abandona o estudo. Este ano 500 mil jovens do ensino médio abandonarão a escola por não ter complementação de renda. Um jovem que trabalha e estuda está comprometendo 16 horas diárias, ou seja, não tem tempo pra estudar. Trabalhar e estudar não combina. É por isso que o Brasil avança na oferta de vagas e piora na qualidade de ensino. O padrão civilizatório superior exige educação para a vida toda. Na sociedade do conhecimento não dá para exercer uma profissão ao longo da vida sem estar estudando e isso significa um abandono profundo da sociedade passada. Só estudam crianças, adolescentes e alguns jovens... Isso acabou.

Os desafios da educação são enormes?

MP - Ocorre que a educação de hoje não transforma as pessoas. Não está transformando. A educação conforma as pessoas para o mercado de trabalho. Não é uma educação para a vida. A educação que nós vamos precisar daqui para frente é educação para a vida, isso significa inverter a educação do jeito que ela é agora. O princípio da educação é a do especialista. Todo mundo quer ser especialista. Você vai ao hospital e tem lá o especialista em dedo direito, em dedo esquerdo. Tem o advogado especialista em uma área, outro em outra área, ou seja, a nossa estrutura educacional é de especialistas. O problema é que abandonamos o princípio da universalidade, isto é, da unidade do conhecimento. Todos tínhamos uma unidade do conhecimento. Hoje não temos. O resultado é que temos o especialista que sabe cada vez mais de menos coisas. A sociedade do conhecimento, da informação, nos coloca dados, análises de forma absurda que não temos condição de acompanhar, sistematizar. Resultado, nós estamos nos transformando cada vez mais numa população de ignorantes, analfabetos. Na minha área, por exemplo, não consigo acompanhar a profusão de livros, teses, artigos... Isso só da minha área de conhecimento. E as outras áreas?

Nesse novo padrão civilizatório qual o papel da educação?

MP - A educação tem o papel nobre, não só de reconstituir a base de conhecimento, mas de ser um agente de transformação, da sistematização do conhecimento. É uma atividade nobre, inclusive do ponto de vista da sociabilidade. À educação caberá esse papel rico de reconstruir os laços sociais porque hoje estamos diante de uma sociedade doentia, uma sociedade que consome remédios em um volume impressionante, uma sociedade dos indivíduos. Ninguém tem mais tempo para nada. Não tem mais diálogo. Um cidadão passa 4, 5 horas por dia na frente de um computador, nem ao banheiro vai. Tem tempo para conversar com qualquer pessoa e não tem tempo para conversar com seu filho, que está ao seu lado. Quando vai almoçar em um restaurante com a família, fica em frente da TV olhando o filme e o que predomina é o silêncio. Eu mesmo falo muito com meu filho pelo celular e internet, mas isso não é sociabilidade. Sociabilidade é olho no olho, é o carinho, é a expressão.

O senhor, no fundo, defende a refundação do Estado a partir desse outro padrão?

MP - Claro. O Estado brasileiro precisa ser refundado. O Estado que temos hoje não serve. É um Estado apenas para os ricos e poderosos. Um novo Estado significaria a reinvenção do mercado. Por exemplo, dizem que o Estado admite competição. Isso é uma grande mentira. No mercado não tem competição. O mercado está completamente dominado pelas grandes corporações, embora 95% do mercado sejam constituídos de médias e pequenas empresas, mas elas não têm condições de participar de concorrências públicas, das grandes concorrências privadas, porque não há democracia no mercado, não há competição. O Estado que está aí não pode ser uma série de caixinhas, mas tem que atuar através de políticas matriciais, articuladas, integradas. O Estado que nós temos é um Estado herdeiro dos problemas do século 19 e 20. Temos o problema do analfabetismo. Como resolver? Só com professores, escola, material, pedagogia? Claro que não. Hoje o enfrentamento ao analfabetismo fica só na caixa do Ministério da Educação. Mas todo mundo sabe que o analfabetismo não é só um problema de educação. São questões de saúde, alimentação. O Estado de caixinhas fracassou. Nós fracassamos. Temos 11% da população analfabeta, doenças do século 19. Reforma agrária! Faz 60 anos que tentamos fazer reforma agrária e a estrutura fundiária que temos hoje é pior do que a estrutura de 1950, com o agravante de que hoje as terras estão sendo contratadas nas mãos de empresas estrangeiras. Estamos falhando e o problema não está na falta de recursos financeiros.

O que precisa ser feito para reduzir mais rapidamente a desigualdade entre pobres e ricos?

MP - Se formos comparar o Brasil com países menos desiguais vamos observar que o Brasil não fez as reformas clássicas do capitalismo contemporâneo. Nós não fizemos a reforma agrária. No Brasil a propriedade é muito concentrada. Os meios de produção estão concentrados nas mãos de 6% da população. 20 mil famílias dominam o país, absorvem 70% do serviço dos juros da dívida. O Brasil também não fez a reforma tributária. Em muitos países os ricos pagam impostos. Aqui os ricos não pagam impostos, seja porque não tem impostos seja porque praticam o planejamento tributário que permite transferir o pagamento dos impostos para as pessoas. Você vai a uma consulta médica ou odontológica e ela custa um valor X, mas se você quiser o recibo o valor da mesma consulta é X mais Y, ou seja, quem paga o imposto é o próprio usuário. E por fim, o Brasil não fez a reforma social.

E o Bolsa Família, como o senhor avalia?

MP - É importante, mas é uma ação de emergência. Não vamos resolver os problemas dos miseráveis num estalo de dedos, mas essas pessoas precisam viver. Há um preconceito muito grande quando se transfere recursos para os pobres no Brasil. Para os ricos não há preconceito nenhum. Já falamos do imposto de renda, por exemplo. Os filhos da classe média que vão estudar na universidade privada com bolsa pública, ninguém diz que é política compensatória, assistencial. O Bolsa Família minimiza a pobreza. Alguém pode dizer que é muito pouco. Pode ser, mas não é pouco para quem vive com R$ 30, R$ 40 mensais. Veja bem, o Estado administra recursos apropriados e precisa ter contrapartida.

O público do Bolsa Família paga imposto, é quem mais imposto paga. Os 10% mais pobres do Brasil, ou seja, 20 milhões de brasileiros, que vivem com renda média mensal per capita de R$ 70 essa gente transfere R$ 35 dos R$ 70 em impostos para o governo, porque os impostos indiretos são os que mais oneram essa população. Os 10% mais ricos não comprometem 20% do que ganham com pagamento de impostos, embora usem mais que isso do Estado. Por exemplo, na declaração de Imposto de Renda é possível descontar gastos com educação, saúde, assistência privada. Isso é estranho. O Brasil financia educação e saúde pública, mas também financia a privada! Em 2007, foram utilizados R$ 14 bilhões para financiar a saúde privada, através dos descontos do Imposto de Renda.

E esse pessoal que teve o financiamento da saúde privada paga pelo Estado é quem contrata os sete milhões de empregados domésticos, que não tem carteira assinada. Qual o compromisso das pessoas que recebem do Estado o financiamento de sua educação e saúde privadas em contratar domésticas assinando a carteira? É o mesmo caso de desoneração que está sendo feita nas indústrias. As indústrias foram beneficiadas com a redução do IPI, mas não mantiveram o emprego, e sequer repassaram para o preço. É a mesma coisa que a classe média que tem acesso aos recursos do imposto de renda e contrata pessoas sem carteira assinada. Dos 7 milhões de empregadas domésticas contratadas, menos de 30% tem carteira assinada.

Autor: José Cristian Góes
Fonte: Adital e Caros Amigos

terça-feira, 6 de outubro de 2009

APOSENTADOS ?


Cresce o número de aposentados que voltaram ao mercado de trabalho formal


SÃO PAULO - Nesta quinta-feira (1º) comemora-se o Dia Internacional da Terceira Idade. Se, ao ler essa frase, você pensou naquelas pessoas que ficam em casa tricotando, no caso das mulheres, ou na praça jogando xadrez, no caso dos homens, saiba que essa imagem já não corresponde mais à realidade.

Para se ter uma ideia, segundo uma pesquisa da Fecomércio-RJ (Federação do Comércio do Rio de Janeiro), a parcela das pessoas que voltaram a trabalhar com carteira assinada ou contrato, mesmo após a aposentadoria, passou de 12,9% no ano passado, para 37,2% neste ano.

Em 2009, 27,1% das pessoas no mercado de trabalho eram idosos que voltaram a trabalhar, seja com carteira assinada ou não. Desse total, além dos 37,2% registrados, 41% trabalhavam por conta própria e 21,8% sem carteira assinada ou contrato.

Área de atuação
A pesquisa, realizada com 451 pessoas na cidade do Rio de Janeiro, também indicou que há mais pessoas acima de 55 anos que atuam na mesma área em que trabalhavam antes da aposentadoria: 66,7% neste ano, contra 51,8% em 2008.

"A valorização desse público junto às empresas, especialmente no comércio de bens e serviços, em função da experiência acumulada e também por conta dos efeitos da crise econômica, acompanhada do movimento de formalização gradual do mercado de trabalho, colaborou para que uma proporção maior de aposentados que voltaram ao mercado passasse à formalidade", diz o economista da Fecomércio-RJ, Christian Travassos.

Aumentando os ganhos
O estudo também indica que 41% dos aposentados que estão no mercado de trabalho neste ano ganham um salário maior que o benefício previdenciário. Em 2008, essa porcentagem era de 31,8%. Somado a isso, está o fato de que 81,4% das pessoas com mais de 55 anos são responsáveis pela única ou a maior remuneração entre os membros da família.

É em busca da garantia de renda para o sustento próprio e da família que muitos aposentados voltam a trabalhar. Para 62,8%, a volta ao mercado de trabalho ocorreu por necessidade, enquanto apenas 1,3% indicaram que fizeram essa escolha por ainda terem condições de trabalhar.

Por outro lado, aumentou a parcela dos aposentados que voltaram porque não gostam de ficar parados, que passou de 18,8% em 2008 para 33,3% neste ano. Já a porcentagem daqueles que tomaram essa decisão para ocupar o tempo passou de 2,4% para 17,9%.

"O fato é que hoje as pessoas envelhecem mais ativas e com desejo de ter qualidade de vida. Tanto que aumentou significativamente o volume de pessoas que voltaram a trabalhar porque não gostam de ficar paradas e para ocupar o tempo", afirma Travassos.


Por: Roberta de Matos Vilas Boas
01/10/09 - 13h53
InfoMoney

AUSTRÁLIA E OS JUROS.


Austrália é primeira grande economia ocidental a elevar juros após a crise

Sydney (Austrália), 6 out (EFE).- Austrália se transformou hoje na primeira grande economia ocidental em elevar as taxas de juros desde a crise econômica mundial, ao aumentar o preço do dinheiro um quarto de ponto até 3,25%.

O governador do Banco da Reserva, Glenn Stevens, justificou a medida pela recuperação "mais rápida que o esperado" da economia da crise e a notável recuperação da confiança de investidores e consumidores.

Stevens também explicou que as perspectivas de crescimento de vários dos maiores parceiros comerciais da Austrália, como China, são cada vez mais otimistas.

Em março, a economia australiana se contraiu pela primeira vez em oito anos e as taxas de juros se reduziram até 3% , o valor mais baixo em 45 anos, mas nos últimos meses experimentou uma notável melhoria.

Segundo o Governo, a recuperação foi possível graças ao plano de reativação econômica.

domingo, 4 de outubro de 2009

FRIBOI


A incrível aventura global do Friboi




Com um peculiar estilo de gestão batizado de Frog -- ou "From Goiás" -- e a providencial ajuda do BNDES, a família Batista transformou a JBS-Friboi na mais globalizada das empresas brasileiras e no segundo maior grupo privado do país. Não é pouco. Mas, a partir de agora, a aventura ficará bem mais difícil

Por Tiago Lethbridge, de Greeley, e Márcio Juliboni, de São Paulo | 01/10/2009

Por décadas, a família Monfort foi o maior orgulho da pequena Greeley, cidade de aproximadamente 100 000 habitantes no norte do Colorado. Eles eram os Matarazzo do pedaço -- viraram nome de escola, hospital, museu e campo de futebol. Nos anos 30, em meio à Grande Depressão, o empresário Warren Monfort comprou 18 cabeças de gado e começou a dar forma àquele que se tornaria o maior empregador da cidade. Três décadas depois, a família decidiu montar uma fábrica de processamento de carne. Nessa época, a cidade ficou famosa pelo aroma pouco agradável que as pastagens exalavam (o problema foi contornado depois de algum tempo). A fábrica dos Monfort se tornaria o principal pilar da Swift, a maior processadora de carne bovina dos Estados Unidos. Até 2007, o status dos Monfort como reis de Greeley se manteve inabalado -- até que chegaram à cidade os Batista, os brasileiros donos da JBS-Friboi. "Nunca tinha ouvido falar nos Batista até o dia em que a JBS comprou a Swift", disse a EXAME Richard Monfort, neto de Warren e dono do time de beisebol do estado, o Colorado Rockies. "Eles são agressivos demais. Olhe a quantidade de empresas que eles compraram depois da Swift. É impressionante."



Jbs S/A

Nome: Jbs

Setor: Bens de Consumo

Endereço: Av. Marginal Direita do Rio Tietê, 500, CEP: 05118-100

Cidade: São Paulo-SP

Telefone: 11 3144-4000/4055

Home Page: www.jbs.com.br

CNPJ: 02.916.265/0001-60

Principal Executivo: Joesley Mendonça Batista

Tipo: Privada

Controle: Brasileiro

Negócios na Bolsa?

Descrição: A Friboi, fundada em 1953, tem sete abatedouros e fornece cerca de 70 itens para os mercados interno e externo, com clientes nos Estados Unidos e na Europa. O frigorífico expandiu a atuação com as aquisições da Bordon (GO), da Anglo (GO) e de unidades da Sadia em Barra do Garças (MT) e Andradina (SP). O grupo abate 1,2 milhão de cabeças de gado por ano. Também faz parte do patrimônio do Friboi a marca de produtos de limpeza Minuano.


BANCO JBS = ANÁLISE QUINZENAL DA ECONOMIA BRASILEIRA.

http://www.bancojbs.com.br/EconomiaBrasileira14.pdf



sexta-feira, 2 de outubro de 2009

CARTEIRA DE AÇÕES






Spinelli lista 10 ações em sua carteira recomendada para o mês de outubro

SÃO PAULO - A corretora Spinelli divulgou sua carteira recomendada para outubro, com dez ações que, segundo os analistas, revelam-se boas opções de investimento para o mês.

Para o período, ocorreram cinco mudanças em relação ao portfólio anterior. Saíram os papéis de Brookfield, Agra, Brasil Ecodiesel, Marfrig e Suzano, que deram espaço para as ações de Usiminas, Bradesco, JBS, BM&F Bovespa e Telesp.

Os analistas revelam que as alterações visam aumentar o foco na atividade interna brasileira, em detrimento do mercado de commodities.

Em setembro, o portfólio recomendado registrou valorização de 8,08%, pouco abaixo da performance do Ibovespa, que acumulou alta de 8,90%.

Confira a carteira:

Empresa Código Preço-alvo Upside* Peso
Bradesco BBDC4 R$ 36,00 2,6% 10%
Banco do Brasil BBAS3 Em revisão -10%
Redecard RDCD3 R$ 33,50 24,5% 8%
Satipel SUZB5 R$ 13,20 18,4% 8%
JBS JBSS3 R$ 12,70 38,6% 10%
Petrobras PETR4 R$ 45,00 32,1% 15%
Vale VALE5 R$ 45,00 26,1% 15%
BM&F Bovespa BVMF3 R$ 13,20 2,4% 8%
Usiminas USIM3 R$ 50,30 13,2% 8%
Telesp TLPP4 Em revisão - 8%

*Potencial de valorização em 12 meses, com base no fechamento de 1 de outubro

Banco do Brasil A Spinelli destaca o bom resultado postado pela companhia no segundo trimestre deste ano, que segundo os analistas, "foi positivo em vários aspectos e melhor que o verificado nos bancos grandes brasileiros". A corretora exalta o crescimento da carteira de crédito do banco, baseado na segmento de pessoa física, que apresenta melhores margens e menor aceleração da indimplência.

Bradesco "Passado o período de forte aumento nas provisões contra inadimplência e estagnação na concessão de crédito, o Bradesco deve apresentar comportamento melhor no terceiro trimestre, aproveitando a recuperação da economia brasileira" afirma a corretora.

Vale A mineradora já apresenta forte recuperação nos volumes exportados para praças importantes, como a Europa e o Japão. "Considerando o uso corrente de capacidade praticamente total por parte das mineradoras australianas, atualmente a Vale é a companhia melhor posicionada para tirar proveito desta conjuntura, melhorando as perspectivas para seus resultados no terceiro trimestre".

Petrobras Os analistas destacam o bom resultado apresentado no segundo trimestre deste ano, que superou as expectativas do mercado. "O principal destaque do resultado pode ser atribuído aos efeitos da otimização do parque de refino nacional, cujo contínuo aprimoramento através do Programa de Maximização de Diesel tem possibilitado maior extração deste derivado como proporção da Carga Fresca Processada, com reflexos na melhora de margens e na sua balança comercial".

Redecard A companhia apresentou forte desempenho no segundo trimestre, e os analistas se mostram otimistas com as perspectivas mesmo com os entraves causados pela mudança regulatória no setor. "Supomos que o impacto é administrável e será compensado pelo crescimento das demais linhas de receita" afirmam.

JBS A corretora revela que, após o anúncio da aquisição da Pilgrim's Pride e da fusão com a Bertin, ela atualizou suas projeções de resultado e valuation para a JBS, encontrando considerável espaço para upside e aumento na geração de caixa, considerando o ganho de receitas e a captura de sinergias esperadas com as referidas transações.

BM&F Bovespa A retomada dos negócios na Bovespa no segundo trimestre, com a redução do nível de aversão ao risco nos mercados, a recuperação das bolsas e o aumento do interesse dos investidores estrangeiros pelo mercado brasileiro, têm favorecido as evoluções tecnológicas implementadas pela bolsa brasileira, como DMA (Acesso Direto ao Mercado). A Spinelli aponta a possibilidade de que a bolsa faça novas associações, e aposta na repercussão favorável destas sobre as ações da BM&F Bovespa.

Usiminas Com o elevado guidance estabelecido no início do ano, a empresa foi forçada a adotar uma estratégia agressiva de vendas, visto que a recuperação econômica não ocorre de maneira acelerada, o que pode se traduzir em um melhor resultado no próximo trimestre.

Satipel Como resultado de sua associação com a Duratex, formaram a maior empresa de painéis de madeira do hemisfério sul, além do segundo maior produtor de louças sanitárias do Brasil e líder na produção de metais sanitários no mercado doméstico. "Acreditamos que a melhor maneira de investir na nova empresa seja optar pela aquisição dos papéis da Satipel, já que a Duratex está com um pequeno prêmio sobre a relação de troca definida, dada a maior liquidez" afirmam os analistas.

Telesp A companhia mantém boa regularidade nos resultados e deverá se beneficiar do crescimento de serviços mais especializados de telefonia, que geram maiores receitas. "Apesar da imagem da companhia ter sofrido um pouco com os problemas enfrentados recentemente com o Speedy, lembramos que ela prima pela forte geração de caixa e baixa alavancagem" aponta a corretora.

BRASIL =ESPORTES : OLÍMPIADAS 2016.


Jogos 2016: Turismo será um dos grandes beneficiados com a prova no Rio de Janeiro

A cidade do Rio de Janeiro foi eleita pelo Comité Olímpico Internacional (COI), hoje, para sediar os 31º Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, em 2016. A previsão é que o aumento no número de turistas estrangeiros no Brasil em 2016 seja de 10% a 15% superior ao que será registrado no ano anterior (2015).

Para se ter uma ideia do montante que isso pode representar em receitas no futuro, basta recordar os dados actuais do Banco Central, que revelaram uma entrada recorde de dólares no Brasil durante o ano de 2008. Os turistas estrangeiros gastaram no país US$ 5,785 bilhões, 133% a mais do que 2003. Mesmo nos anos anteriores, os investimentos e obras gerados com as Olimpíadas devem impulsionar o sector, especialmente com turistas de negócios.

Concorrendo com Madrid, Chicago e Tóquio, o Rio de Janeiro já sinalizava que poderia ganhar quando, no último relatório de avaliação das quatro cidades concorrentes divulgado pelo COI, seu dossier foi qualificado como “de muito alta qualidade”.

O Ministro do Turismo, Luiz Barretto, que integrou a delegação brasileira em Copenhaga, avaliou os ganhos do país com o evento em 2016. “Dou os parabéns a todas as pessoas e entidades envolvidas nesse projecto vitorioso. Hoje é um dia de comemorações para todos nós, brasileiros, que pela primeira vez iremos organizar um dos mais importantes eventos de todo o planeta. As Olimpíadas vão proporcionar uma exposição e promoção não só da cidade, mas de todo o Brasil no exterior. Este será um ganho incalculável para nosso turismo e para a nossa economia no longo prazo”, disse Barretto.

É a primeira cidade a sediar uma Olimpíada na América do Sul, e sendo famosa por possuir algumas das paisagens naturais mais belas do mundo, a Cidade Maravilhosa, como é chamada pelos brasileiros, fará desta edição dos jogos um evento sensacional. Não apenas por possuir todos os requisitos para sediar um evento de grande porte e importância como uma Olimpíada, mas por oferecer aos atletas a oportunidade de realizar as suas provas olímpicas num cenário exuberante, e atrair turistas que, igualmente, poderão desfrutar da beleza e dos segmentos turísticos do Rio de Janeiro e também de outras cidades do Brasil.

“A realização dos Jogos Olímpicos, antecedidos por um Mundial de Futebol, além de um enorme legado de infra-estruturas que tem impacto directo no turismo, significará pelo menos quatro anos de uma mega campanha publicitária, que transformará a imagem do país. É uma grande oportunidade de promoção e vamos mostrar o mundo que, além de belas praias, diversidade cultural e natural, temos também infra-estruturas para nos consolidarmos como um dos grandes destinos de eventos internacionais do mundo”, avalia Jeanine Pires, Presidente da Embratur.

A decisão do COI teve em consideração parametros como desenvolvimento económico, infra-estruturas, segurança e alojamento, além da beleza do local e a alegria do povo carioca, que apoiou a candidatura do Rio em 85%. Além de vitória para o desporto e para a economia do Rio de Janeiro e do Brasil, sediar uma Olimpíada será, para o turismo brasileiro, uma grande oportunidade para mostrar o forte potencial turístico que possui. Recente pesquisa da empresa ORC Worldwide constatou que a combinação entre custo, efectividade, paixão, hospitalidade, paisagens e clima tornam o Rio de Janeiro o local ideal para os turistas que acompanharem os Jogos Olímpicos.

Outros estudos revelam que o Rio de Janeiro é uma cidade que merece sediar eventos como este e, porque não, ser conhecida por todos. Eleita a cidade mais feliz do mundo, segundo pesquisa feita numa amostra de 10 mil pessoas em 20 países pela revista económica Forbes, o Rio de Janeiro também recebeu o título da cidade mais cordial do mundo, proferido pelas universidades de Michigan e da Califórnia. Além disto, teve um dos seus principais monumentos, o Cristo Redentor, eleito como uma das novas Sete Maravilhas do Mundo Moderno.

De acordo com o Estudo da Demanda Turística Internacional, do Ministério do Turismo, o destino turístico brasileiro mais visitado por turistas estrangeiros a lazer é o Rio de Janeiro (30,2%). No segmento de negócios, eventos e convenções, o Rio aparece como segundo destino mais visitado, com 24,7%.


Dados do turismo brasileiro:


•O Brasil ocupa o 7º lugar como destino de eventos internacionais no ranking da ICCA (International Congress and Convention Association), a maior entidade internacional do segmento de meetings do mundo.

•O Fórum Económico Mundial, na terceira edição do Relatório de Competitividade em Viagens & Turismo, divulgada este ano, classifica o Brasil em 45º lugar, dos 133 países analisados. É o primeiro da América do Sul. No item recursos naturais, o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking.

•Estudo divulgado também em 2009 pelo World Travel and Tourism Council (WTTC) afirma que o Brasil ocupa o 13º lugar no ranking da economia do turismo, entre os 181 países pesquisados, e em primeiro lugar entre os países latino-americanos.

Perfil do turista estrangeiro que vai ao Rio de Janeiro:

•Dos turistas estrangeiros que visitam o Rio de Janeiro, 22,5% são dos Estados Unidos; 8,1% são da França; 6,9% da Argentina; 5,8% são da Inglaterra e 4,9% são do Chile.

•A principal motivação do turista estrangeiro que elege a Cidade Maravilhosa para viajar é o lazer (53,1%). A segunda fica por conta de negócios, eventos e convenções (28,5%).

•O segmento de lazer mais procurado pelo turista estrangeiro que escolhe o Rio de Janeiro é Sol & Praia (44,6%), seguido de Cultura (22,1%), Ecoturismo (20,6%) e Desportos (6,0%). A permanência média do turista estrangeiro no Rio de Janeiro é de 15,5 dias e o gasto médio é de 60 euros por dia.



VEJA O FILME :
http://tvuol.uol.com.br/#view/id=video-institucional-do-comite-rio-2016-04023466CC994366/user=e8h4xmy8lnu8/date=2009-10-02&&list/type=tags/tags=53104/edFilter=all/

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

TENDÊNCIAS - DÓLAR.


PORTFÓLIO-Não vale a pena investir no dólar
28 de Setembro de 2009 | 19:36

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar comercial fechou com queda de 0,47 por cento nesta segunda-feira, na BM&FBovespa. No ano, a moeda norte-americana acumula uma depreciação de mais de 23 por cento em relação ao real. O dólar está tentadoramente barato, vale a pena investir nele?

A pesquisa Focus com as expectativas do mercado financeiro para o dólar divulgada nesta segunda-feira pelo Banco Central indica que os prognósticos para o fim de 2009 são de um dólar cotado a 1,80 real. Na ponta do lápis, isso quer dizer que, para o mercado, o dólar ainda terá uma valorização de pouco mais de meio por cento este ano.

Um dólar em queda constante traz à memória a situação em meados de 2007, antes de a crise econômica desabar sobre o mercado. A moeda norte-americana chegou a ser cotada a um mínimo de 1,5593 real no início de agosto de 2008, pressionada pelo aparentemente irresistível fluxo de divisas para a economia brasileira.

Quando a crise mostrou toda a sua força, o dólar chegou a um máximo de 2,50 reais no início de dezembro passado, uma apreciação de 60 por cento em menos de quatro meses. Qual o risco de isso voltar a ocorrer? O dólar está barato demais e pode voltar a surpreender os investidores? Ou, indo direto ao ponto, vale a pena investir no dólar?

TRÊS RAZÕES

Para os especialistas, a resposta é não. A moeda norte-americana deverá apresentar alguns momentos de turbulência até o fim do ano, mas a causa antecedente dos solavancos de 2008 está afastada. O mercado sempre poderá apresentar alguns trancos, mas, estruturalmente, há menos motivos para o dólar voltar a surpreender.

A maior previsibilidade do dólar pode ser explicada por três grandes motivos. O primeiro é que o grau de alavancagem do mercado financeiro hoje é várias ordens de grandeza menor do que o em 2007 e no primeiro semestre de 2008.

Um bom exemplo foi o comportamento das cotações do petróleo no mercado internacional. Antes da crise, as cotações do barril chegaram a 140 dólares, nível mais alto da história. Uma parte dessa sobrevalorização era a expectativa com o aumento da demanda. Outra parte, porém, era especulação, especialmente dos fundos de hedge.

Com a ruptura dos diques do sistema financeiro, o petróleo retrocedeu a um mínimo de 40 dólares por barril, e só agora estabilizou-se numa faixa entre 65 e 70 dólares por barril. Tanto os 40 quanto os 140 dólares representavam uma distorção, provocada pela especulação financeira.

O mercado internacional do petróleo continua tão imprevisível quanto sempre foi. A diferença é que há menos dinheiro, menos profissionais gerindo fundos de hedge e menos apetite por risco dos gestores sobreviventes. O que ocorre com o petróleo vale para todos os ativos, especialmente o dólar.

O segundo motivo é que a economia brasileira vai continuar a ser um contraponto para a crise mundial. Mais uma vez, o acompanhamento sistemático das pesquisas Focus mostra uma lenta porém segura melhoria das expectativas com relação ao comportamento do Produto Interno Bruto (PIB).

Os prognósticos para 2009 deverão mostrar uma projeção de crescimento, ainda que de centésimos de ponto percentual, a partir das primeiras pesquisas de outubro. Para 2010, as projeções voltaram a subir e agora são de 4,5 por cento, ante os 4,2 por cento da semana passada.

Até o Fundo Monetário Internacional (FMI) está mais otimista e elevou sua projeção do crescimento médio mundial em 2010 para 3 por cento, em vez dos 2,5 por cento anteriores. Tudo isso reflete-se em um fluxo maior de dólares para o Brasil, especialmente no caso de investimentos diretos.

Finalmente, apesar de todos os cenários positivos, os juros brasileiros continuarão a ser bastante superiores à média mundial, drenando uma fração, ainda que pequena, da elevada liquidez internacional.

Com tudo isso, há poucas razões para acreditar em uma alta estruturada e persistente do dólar. A moeda norte-americana deverá manter sua trajetória de depreciação em relação ao real brasileiro, exceto em movimentos pontuais de alta provocados pelo noticiário --que deverão ser esporádicos, limitados e de curta duração
.

* O jornalista Cláudio Gradilone assina a coluna Portfólio para a Reuters; as opiniões expressas são de sua responsabilidade.

sábado, 26 de setembro de 2009

PIB POSITIVO NO SEMESTRE


Melhor que a encomenda: saiu o PIB do segundo trimestre, coim expansão de 1,9% sobre o primeiro, que tivera retração de 0,8%. Com isso, o PIB do primeiro semestre de 2009 acumula avanço de 1,1% no ponta a ponta, retirando o Brasil da lista dos países em recessão pós-crise global financeira. Em valores correntes, o PIB de abril a junho somou R$ 756,2 bi. De janeiro a março, R$ 684,6 bi.

A alta do PIB do primeiro semestre deste ano foi 1,5% menor que a de igual período de 2008, com crescimento dos serviços (2,1%) insuficiente para compensar as quedas na indústria (-8,6%) e na agropecuária (-3,0%).

Primeiros semestres
Na comparação semestral, a maior redução (-11,2%) foi sofrida pela indústria de transformação seguida pela construção civil (-9,6%), pela de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (-4,1%) e pela indústria extrativa (-0,9%).

Entre os serviços, destaque para a alta nos bancos e seguradoras (7,0%), nos serviços de informação (6,1%), na administração, educação e saúde públicas (3,0%), e nos serviços imobiliários e aluguel (1,5%). Quedas foram registradas nos setores de transporte, armazenagem e correio (-5,4%) e comércio (-5,0%).

Mas continuaram positivas as taxas de consumo: 2,5% na administração pública e 2,3% nas famílias. Os investimentos tiveram baixa singificativa (15,6%), assim como as importações (-16,3%) e as exportações (-13,1%).

Primeiro e segundo
Boa notícia é que, na comparação dos dois trimestres iniciais deste ano, a indústria fechou o período com alta de 2,1%, e os serviços, de 1,2%. A agropecuária apresentou variação negativa de 0,1%.

Na mesma comparação, o consumo das famílias cresceu 2,1% e o do governo caiu 0,1%. Os investimentos, ou formação bruta de capital fixo, permaneceu estável, as exportações aumentaram 14,1% e as importações, 1,5%.

Segundos trimestres
A queda de 1,2% no PIB do segundo trimestre de 2009, comparado ao de igual período de 2008, foi causada, principalmente, pela retração de 7,9% na indústria e de 4,2% na agropecuária. Os serviços tiveram expansão de 2,4%. O IBGE explica a redução na taxa da agropecuária pela perda de safra de alguns produtos importantes (caso da soja, do milho e do café) e fraco desempenho nos setores de pecuária, silvicultura e exploração florestal.

O problema maior foi na indústria, pois todas as atividades apresentaram taxas negativas, sendo a maior delas a da indústria de transformação (-10,0%), influenciada principalmente pela menor produção nos setores de máquinas e equipamentos, metalurgia, peças e acessórios para veículos, mobiliário, vestuário e calçados. Também houve retração de 9,5% na construção civil, de 4,0% em eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana. Na indústria extrativa mineral, a redução foi de 0,8%, com a extração de minérios ferrosos caindo 27,4% e a de petróleo e gás natural aumentando 5,9%.

A expansão dos serviços (2,4%) veio do desempenho positivo na intermediação financeira e seguros (8,2%), já de volta ao patamar do terceiro trimestre de 2008, e de serviços de informação (6,8%, leia-se celular e informática). Também avançaram a administração, saúde e educação públicas (2,8%) e os serviços imobiliários e aluguel (1,4%). Em queda transporte de carga e passageiros, armazenagem e correio (-5,3%), comércio atacadista e varejista (-4,0%), por conta do mau resultado da indústria de transformação.

O que mantém a bola em campo é o consumo das famílias, com aumenta pelo 23º trimestre consecutivo, destaca o IBGE. Ao confrontar o segundo trimestre deste ano ao de 2008, antes da crise, notou-se que o consumo das famílias cresceu 3,2%, graças ao aumento da massa salarial real (3,3%) e à maior oferta de crédito (20,3% em termos nominais).

Também o governo aumentou seus gastos (2,2%), nessa comparação, mas os investimentos caíram 17,0%, o maior recuo desde o início da série, em 1996, explicado, principalmente, pela redução da produção interna de máquinas e equipamentos.

Mais: tanto as exportações (-11,4%) quanto as importações (-16,5%) de bens e serviços continuaram em declínio, quando analisados os resultados desses dois segundos trimestres.

12 meses
Mas, considerando-se o período de 12 meses terminado no segundo trimestre de 2009, o PIB teve crescimento de 1,3%, em relação a intervalo igual imediatamente anterior - ajudado, mais pelos impostos (alta de 1,6%) que pelo valor adicionado (alta de 1,2%). Nessa comparação, o IBGE detectou aumento em serviços de 3,1% e na agropecuária, de 0,2%, com queda de 3,0% na indústria.

Destaques positivos, na comparação de 12 meses: indústria extrativa mineral (1,5%), eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana ( 0,2%), serviços de informação (7,8%), intermediação financeira e seguros (6,9%), administração, educação e saúde públicas (2,9%) e serviços imobiliários e aluguel (2,0%).

A administração pública consumiu 4,2% mais, as famílias, 3,5% mais. Detalhe negativo: a formação bruta de capital fixo caiu 2,2%, depois de 20 trimestres de crescimento seguidos nessa base de comparação. No setor externo, tanto as exportações (-7,6%) como as importações (-0,8%) de bens e serviços caíram.

No segundo trimestre, o PIB, a preços de mercado alcançou R$ 756,2 bi, sendo R$ 652,4 bi referentes a valor adicionado e R$ 103,8 bi a impostos sobre produtos. No primeiro, R$ 684,6 bi, sendo R$ 584,6 bi de produto e R$ 100 bi de impostos.
(11/09/2009) JOELMIR BETTING.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

LEHMAN BROTHERS


Um ano depois da falência do Lehman Brothers, regulação bancária continua fraca
De Marc Jourdier (AFP).

WASHINGTON, EUA — A quebra do banco Lehman Brothers, em setembro de 2008, expôs os defeitos do sistema de regulamentação e vigilância bancária americano, que permanece cheio de brechas um ano depois apesar do projeto de reforma proposto pelo governo de Barack Obama.

Um exemplo ilustrativo da cegueira dos reguladores: uma das principais autoridades de controle, o presidente do Federal Reserve (Fed) Ben Bernanke, disse no dia 15 de julho de 2008 que o sistema bancário americano estava 'bem capitalizado'.

Desde então, mais de 100 bancos americanos entraram com pedidos de falência além do Lehman.

Os maiores pontos fracos do sistema já foram identificados: divisão de tarefas, normas frouxas e reguladores permissivos, além de uma política de remunerações que estimula riscos desnecessários e da ausência de controle sobre setores inteiros do setor financeiro.

Ambicioso, o plano de reforma da regulamentação lançado por Obama não racionaliza o sistema, mas tenta "preencher as lacunas", como explicou recentemente à rede de televisão CNBC o ex-representante republicano Michael Oxley.

O governo propõe a criação de um Conselho de Vigilância dos Serviços Financeiros, cuja função seria identificar novos riscos e coordenar a ação dos reguladores.

Além disso, a administração planeja reunir todas as instituições financeiras (bancos, fundos de investimento e companhias de seguros) cuja quebra colocaria em risco o conjunto do sistema sob um regulador único - neste caso, o Fed - e endurecer as normas dos fundos próprios de todas estas entidades.

Estas iniciativas foram bem recebidas por analistas que não discutem a legitimidade do Fed neste âmbito, mas a racionalização do sistema ficou limitada.

"Temos uma estrutura de regulação insensata, com seis reguladores diferentes para os bancos, e isto considerando todos os reguladores estaduais como um só órgão", destacou recentemente Douglas Elliott, especialista sobre regulamentação financeira da Brookings Institution.

A reforma manterá cinco reguladores, apesar da opinião de analistas que acreditam que este número deveria ser reduzido a dois.

Sobre os bônus pagos a diretores de bancos, o governo cedeu e optou por não se envolver nesta questão.

Por outro lado, o plano prevê que praticamente todos os participantes do mundo das finanças se submetam a reguladores, em particular os fundos especulativos e os operadores dos mercados de produtos derivados, que atualmente atuam sem fiscalização.

A reforma ainda deve passar pelo Congresso, e a lição da história é que a regulação financeira sempre está atrasada em relação às inovações.

Para convencer os congressistas, membros do governo apontam que é necessário aproveitar a crise para garantir que a catástrofe iniciada em 2008 não se repita.

O ex-corretor da bolsa Henry Blodget, que perdeu quase todas as suas economias na bolha da internet, no começo desta década, afirma, no entanto, que as lições da atual crise serão rapidamente esquecidas.

"Vamos criar (...) novos sistemas de regulação, colocar um monte de gente na prisão e fazer tudo o que falta para nos convencermos de que tudo será diferente da próxima vez, e assim o será enquanto a opinião pública se lembrar deste desastre", escreveu em dezembro na revista Atlantic Monthly.

"Mas, assim que esta crise entrar para o passado, nossas prioridades mudarão lentamente e começaremos a nos preparar para a próxima grande bolha".

Copyright © 2009 AFP.

domingo, 13 de setembro de 2009

PERSONAGENS


Alfred Winslow Jones, o pai dos hedge funds; ou seria Keynes?

Por: Roberto Altenhofen Pires Pereira
11/09/09 - 19h30
InfoMoney


SÃO PAULO - Desta vez, Personagens do Mercado vai atrás de um longo objeto de estudos dos agentes: a administração dos riscos. A partir desta premissa, a história aponta para o nome de Alfred Winslow Jones, tido como o pai dos hedge funds.

Com raízes na sociologia, pode-se dizer que Winslow caiu de paraquedas no mundo dos investimentos. Por outro lado, apenas suas origens o separam da rotina dos mercados. Por mais que seus passos não tivessem esta pretensão, acabaram por colocá-lo entre as figuras fundamentais para a atual estrutura dos mercados financeiros.

Vida, liberdade e propriedade
Nascido na Austrália, em 1900, foi morar nos Estados Unidos logo aos quatro anos. Com 23 anos, recebeu seu diploma de Harvard, com estudos na área de sociologia. Depois de trabalhar como tesoureiro de um navio mercante, passou a integrar o Serviço de Diplomacia dos Estados Unidos, se tornando vice-cônsul norte-americano em Berlin na época da ascensão de Hitler e da Grande Depressão dos Estados Unidos.

Em 1941, já de volta aos Estados Unidos, recebeu o doutorado em sociologia pela Universidade de Columbia. Sua tese, "Life, Liberty and Property" tratava das atitudes tomadas no ambiente de uma firma de Akron, no estado de Ohio. A revista Fortune se interessou, publicando diversos trechos do trabalho.

Com o passar do tempo, Winslow se juntou ao editorial da Fortune, tendo contato mais direto com a rotina dos mercados. Ao escrever o artigo "Fashions in Forecasting", pensou mais a fundo sobre análise técnica de ações, formulando suas primeiras ideias para o que viria a ser seu fundo.

Travas
Através da A.W. Jones and Co., sua companhia de investimentos, Winslow buscava encontrar uma maneira de eliminar os riscos de mercado com a utilização de operações travadas. A ideia inicial era comprar algumas ações alavancado e vender outras a descoberto.

Suas compras e vendas tinham de envolver o mesmo montante no total. Analisadas separadamente, as duas operações podem ser consideradas arriscadas e de caráter altamente especulativo. Combinadas, no entanto, resultariam em um portfólio conservador, pois mitigaria o risco de mercado.

Além de prevenir eventuais perdas, a estratégia, quando certeira em relação à tendência, permitia que o fundo de Winslow ganhasse nas duas pontas, seja pela valorização das ações compradas, porque já as detinha, seja pela queda dos papéis vendidos a descoberto, pois poderia adquiri-los por valor inferior.

Hedge fund, pela primeira vez
O fato é que a alta rentabilidade das operações de Wislow passou a chamar atenção. Ainda assim, o termo "hedge fund", propriamente dito, só iria aparecer 17 anos depois, em uma matéria da Fortune sobre o assunto. "Há razões para acreditar que o melhor gestor de investimentos dos dias atuais é um senhor quieto e quase nunca fotografado que se chama Alfred Winslow Jones".

O fato é que, em uma base de cinco anos, a A.W. Jones havia performado a rentabilidade média obtida pelos fundos mútuos em cerca de 44%. Os números e a chamada da Fortuna renderam popularidade à estratégia e pontuaram o surgimento da indústria de hedge funds. Quase três anos depois da publicação, eram contabilizados cerca de 140 hedge funds no mercado norte-americano.

A década de 1970, no entanto, freou o ímpeto dos hedge funds, principalmente por ser um período extremamente negativo para as commodities, por conta sobretudo do choque do petróleo. Posteriormente, nomes como o Quantum Fund de George Soros e o LTCM - Long Term Capital Management -, dos Nobeis Myron Scholes e Robert Merton foram popularizados.

Winslow ou Keynes?
Mesmo não aparecendo nos manuais como o pioneiro do que hoje é considerada a bilionária indústria dos hedge funds, o pai da teoria macroeconômica John Maynard Keynes não pode ser desassociado desta história. Por trás de seu legado como economista, Keynes se revelava um investidor de ótimos resultados.

Uma matéria de 2007 do The New York Times trata Keynes como "day trader", relacionando suas atividades ao surgimento do que depois viria a ser chamado de hedge. De um período entre 1928 e 1945, Keynes obteve um rendimento médio de 13,2% em suas aplicações, contra um período de relativa estabilidade da bolsa britânica (+0,5%).

O segredo estava em estratégias combinadas. Além das posições em ações, Keynes mantinha posições correlacionadas em títulos públicos, moedas e commodities, sempre utilizando sua percepção superior a respeito dos fenômenos macroeconômicos. Recorrendo aos princípios de risco específico (diversificável ou idiossincrático) e risco sistêmico (não-diversificável ou de mercado), a ideia básica era que todos os investimentos estavam sujeitos a mudanças no ambiente econômico.

Proteção
O livro "Hedge fund investment management", de Izzy Nelken, cita que, em 1930, Keynes explicou que "mesmo se a oferta e a demanda estão equilibradas, os preços à vista devem exceder os preços futuros pelo tanto que os produtores [de commodities] estão dispostos a sacrificar para se protegerem, a fim de evitar o risco de flutuações de preços durante seu período produtivo".

Em resumo, na tentativa de atrair os especuladores a assumir o risco destas flutuações, os produtores tenderiam a vender sua produção para entrega futura com um desconto em relação à expectativa para os preços à vista no futuro, explica a obra de Nelken.

sábado, 12 de setembro de 2009

PIB BRASILEIRO EM CRESCIMENTO!


O anúncio do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no segundo trimestre de 2009 voltou a animar especialistas e governistas. Para o presidente Lula, por exemplo, o aumento da soma das riquezas produzidas no Brasil mostrou que o país estava muito mais preparado para enfrentar a crise mundial do que os Estados Unidos e nações da Europa. No entanto, desde outubro – um mês depois que a crise chegou ao Brasil, segundo economistas ela apareceu por aqui em setembro a partir da intervenção do governo americano no banco de investimentos Lehman Brothers – as despesas da União com pessoal e encargos sociais (folha salarial, previdência, etc.) crescem em ritmo mais acelerado do que os investimentos (execução de obras e compra de equipamentos).

De acordo com dados do Orçamento Geral da União (OGU), entre novembro de 2007 e setembro de 2008, mês inicial da crise no Brasil, ou seja, 11 meses antes, os gastos com pessoal dos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) somaram R$ 125,5 bilhões. Já entre outubro de 2008 e agosto deste ano, 11 meses depois dos primeiros sintomas da crise no país, os mesmos gastos alcançaram R$ 149,2 bilhões. Ou seja, a União desembolsou 19% a mais com pagamento de pessoal no período pós-crise ante o período que antecedeu o colapso.

Enquanto isso, houve um acréscimo mais tímido com os investimentos públicos. No período novembro de 2007 a setembro de 2008, a União desembolsou R$ 23,8 bilhões em obras e compra de equipamentos. Entre outubro de 2008 e agosto deste ano, o montante aplicado foi de R$ 25,4 bilhões, cerca de 7% a mais sobre o período anterior. Clique aqui para ver quadro com dados das despesas com pessoal e encargos sociais e dos investimentos nos dois períodos citados.

Procurado pelo Contas Abertas para comentar os números, o economista Raul Velloso, especialista em contas públicas, foi enfático: aumentar os investimentos em ritmo mais lento do que os gastos correntes não é positivo para a economia brasileira. Isso porque, segundo ele, no futuro, quando a política anticíclica não for mais necessária para minimizar os efeitos da crise, o gasto público terá de recuar. “Dá para cortar investimentos. O que não dá para reduzir é despesa com pessoal e previdenciária. Investir mais neste momento é o mínimo que pode ser feito para ajudar a reverter um quadro de crise”, afirmou Velloso.

Para o economista Delfim Netto, em entrevista ao UOL sobre os números do PIB, a combinação entre o comportamento dos bancos centrais, das políticas anticíclicas e de uma “certa flexibilidade da economia” está funcionando. “Ninguém sabe quais são os efeitos desses fatores. Mas uma coisa é certa: estão pondo para funcionar outra vez o sistema. A resposta brasileira, honestamente, foi uma resposta até otimista”, comentou, referindo às ações que o Brasil tomou frente à crise global.

Investimentos são os maiores desde pelo menos 2001

Mesmo com o crescimento de maneira mais tímida em comparação com as despesas com pessoal, os investimentos realizados pela União vêm aumentando nos últimos anos. O governo federal, junto com o Legislativo e o Judiciário, desembolsou R$ 16,3 bilhões em execução de obras e compra de equipamentos entre janeiro a agosto de 2009. É o maior valor para o período desde pelo menos 2001, em valores atualizados

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

SALÁRIO MINIMO NA UNIÃO EUROPÉIA



Salário mínimo: Alemanha é exceção na Europa

Redator: Michael Knigge
© Deutsche Welle

Ao contrário da maioria dos países industrializados, na Alemanha não há um salário mínimo estipulado por lei. Especialistas discutem prós e contras. Segundo estudo, trabalhador alemão é o terceiro mais caro da Europa.

Na Alemanha, são as partes negociadoras –sindicatos e empregadores– que negociam os salários em cada um dos setores da economia. No entanto, já faz algum tempo que esse sistema vem apresentando falhas: em tempos de globalização econômica, o mercado de trabalho é tomado por estrangeiros dispostos a trabalhar por um salário mais baixo. Ao mesmo tempo, a pressão aumenta para que empresas desloquem sua produção para países onde os custos são mais baixos.

Problema foi identificado cedo na construção civil

Existe apenas um setor no país que opera com salário mínimo estabelecido por decreto: a construção civil. Desde 1997, a lei garante que a tarifa negociada seja estendida também para trabalhadores de empresas estrangeiras na Alemanha.

O problema remonta a contratos antigos, segundo os quais empresas vindas de fora podiam trazer seus próprios empregados para executar obras no país, o que lhes permitia pagar salários menores e lhes garantia vantagens em relação à concorrência.

Isso acabou gerando não apenas uma derrubada dos preços do setor, mas também a rejeição dos trabalhadores alemães, além de gerar condições de trabalho que não condizem com os padrões sociais do país.

Especialistas divididos

Na União Européia, existe um salário mínimo em 18 dos 25 países-membros, entre eles Grécia, Espanha, Grã-Bretanha e França. Na maioria deles, o salário mínimo é definido de acordo com o pagamento mensal, não por hora de trabalho. Em 2004, o espectro da renda mensal mínima variava de 116 euros na Letônia a 1369 euros em Luxemburgo.

Os favoráveis à introdução de um salário mínimo na Alemanha argumentam baseados na justiça social e no asseguramento de um mínimo necessário para a sobrevivência.

Os que são contra alegam que a medida seria contraproducente, já que empregos cujos salários forem inferior ao estipulado por decreto desaparecerão, ocasionando um aumento do desemprego. Para eles, a justiça social já estaria assegurada pelo auxílio social e o seguro-desemprego.

Trabalhador alemão é terceiro mais caro da Europa

De acordo com um estudo da empresa de consultoria de recursos humanos Mercer, a Alemanha ocupa a terceira posição no ranking dos maiores custos de mão-de-obra da Europa. Com uma média de 50,4 mil euros por empregado por ano, a Alemanha só fica atrás da Bélgica (53,6 mil) e da Suécia (52,8 mil).

Especialistas constataram diferenças consideráveis entre os países europeus. Na Europa Ocidental, os custos de mão-de-obra chegam a ser até quatro vezes maiores que no Leste Europeu. Na Letônia, por exemplo, eles são de 4,75 mil euros por ano.

A média anual européia é de 28,3 mil euros, ou seja, 15% menor que a dos Estados Unidos. No entanto, sem levar em conta os índices dos países da porção Leste, a média da Europa Ocidental seria 23% superior à americana.

Veja a lista dos salário mínimos mensais de diversos países (em euros):

Quelle: Eurostat, dados de janeiro de 2003
Câmbio em 4 de setembro: Euro a 2,58 a compra e 2,79 a venda
Luxemburgo: 1369
Holanda: 1249
Bélgica: 1163
França: 1154
Reino Unido: 1105
Irlanda: 1073
Estados Unidos: 877
Grécia: 605
Malta: 535
Espanha: 526
Eslovênia: 451
Portugal: 416
Hungria: 212
Polônia: 201
República Tcheca: 199
Estônia: 138
Lituânia: 125
Eslováquia: 118
Letônia: 116
Turquia: 89
Romênia: 73
Bulgária: 56


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Enviado por Antonio Sobrinho, Rio de Janeiro-Capital
5 setembro, 2009


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quinta-feira, 3 de setembro de 2009

BC E A TAXA SELIC


Por que o Banco Central mantém a Taxa Selic?

Segundo declarações feitas pelo Banco Central logo após a reunião do COPOM, e divulgada pela imprensa, é que o atual nível da Taxa Selic “é consistente com um cenário inflacionário benigno, contribuindo para assegurar a manutenção da inflação na trajetória de metas e para a recuperação não inflacionária da atividade”. Embora essa seja realmente uma das razões, acredito que não seja a mais importante na atual conjuntura. Existe uma outra variável importante para o equilíbrio do mercado financeiro, e de grande impacto político-eleitoral, que se refere ao tamanho da taxa de juros que remunera a caderneta de poupança, cujo rendimento, como é de conhecimento geral, já ultrapassa a média dos rendimentos, líquidos de imposto de renda, proporcionados pelas aplicações em fundos de renda fixa, DI e não DI. E o pior: já concorre com os rendimentos líquidos oferecidos não só pelos Certificados de Depósitos Bancários (CDB) emitidos pelos Bancos, como também com os rendimentos proporcionados pelos títulos da dívida pública federal, emitidos pelo Tesouro Nacional. Caso o COPON reduzisse a taxa referencial Selic em apenas 0,25 ponto percentual, a TR (Taxa Referencial de Juros) seria, em média, de zero. Obviamente cairia o rendimento da poupança, mas, os rendimentos líquidos dos principais concorrentes citados cairiam numa proporção maior. E esse fato agravaria o equilíbrio do mercado financeiro pela possibilidade real de uma migração para a caderneta de poupança, dos aplicadores nas modalidades concorrentes. Com essa migração, os Bancos seriam obrigados a vender principalmente títulos da dívida pública – que correspondem a cerca de 80% da carteira dos fundos de investimento em renda fixa - para cobrir os resgates efetuados pelos cotistas. Dúvida: como continuar financiando a dívida pública interna? A sorte do governo: milhões de aplicadores em fundos, principalmente aqueles que destinaram para essa modalidade valores de até R$ 20 mil ou R$ 50 mil, ainda não têm consciência de que estão perdendo para a poupança. E por esta razão, a migração tem sido muito pequena ou até mesmo inexistente.
Aproveitando a oportunidade desta matéria, alguns lembretes e sugestões:
1 – A sociedade brasileira tem que se conscientizar de que, considerada a realidade econômica do Brasil e do mundo, atual e projetada, não será possível manter por mais tempo uma taxa de juros de 6,17% ao ano (líquida de Imposto de Renda) como remuneração básica de uma modalidade de aplicação que tem a maior segurança e a maior liquidez;
2 – Uma eventual redução na taxa de juros da poupança tem que ser aprovada por lei específica. E por se tratar de uma medida contrária aos interesses de boa parte da população brasileira, principalmente a de baixa renda, é necessário que os nossos representantes no poder legislativo votem o projeto pensando mais nos interesses do nosso país, do que nos votos dados nas urnas.
3 – Está passando da hora de o Banco Central rever alguns critérios para o cálculo do rendimento da caderneta de poupança. Creio ser absolutamente factível substituir a remuneração mensal baseada no número de dias úteis contidos no mês, pela remuneração mensal, como era até a metade da década de 90, independentemente do número de dias úteis ou corridos contidos no mês;
4 – Também é necessário rever o critério de que depósitos efetuados nos dias 29, 30 e 31 do mês, sejam remunerados somente a partir do dia primeiro do mês seguinte.

Prof. José Dutra Vieira Sobrinho
São Paulo, 3 de setembro de 2009