terça-feira, 16 de setembro de 2008

Turbulência lá .. Queda aqui...


Após tombo do dia anterior, Bolsa sobe 1,68%; dólar vai a R$ 1,82

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que operou em queda durante boa parte desta terça-feira, inverteu o desempenho próximo do fim dos negócios e encerrou o pregão em alta de 1,68%.


Na sessão anterior, havia despencado 7,59% por conta do agravamento da crise financeira nos Estados Unidos.
O Ibovespa, principal indicador do mercado brasileiro de ações, subiu 1,68%, a 49.228,92 pontos. O dólar comercial avançou 0,44% e fechou cotado a R$ 1,82 na venda .

Apesar de tudo, não é hora de sair da Bolsa, dizem analistas
Esta reversão do quadro na Bovespa foi puxada também pelo desempenho dos mercados norte-americanos, que passaram a subir após a decisão do Fed, o banco central norte-americano, de manter a taxa básica de juros da economia em 2% anuais, em reunião que aconteceu na tarde desta terça-feira.
Embora o mercado esperasse um corte de 0,25 ponto percentual na taxa, a decisão do Fed foi bem aceita pelos investidores.
Segundo analistas, é como se o Fed passasse uma mensagem de que não é necessário fazer nenhum movimento na economia no momento.
Crise
A semana começou com um temor nos mercados mundiais sobre um possível colapso no sistema bancário mundial. As Bolsas começaram a despencar depois de o Lehman Brothers, quarto maior banco de investimento do país, ter pedido concordata.
Para tentar acalmar os mercados, nesta terça-feira diversos Bancos centrais voltaram a injetar um grande volume de recursos nos mercados financeiros globais.
De Sydney a Frankfurt, as autoridades monetárias despejaram bilhões de dólares em fundos emergenciais para tentar evitar o fechamento dos mercados de crédito, mas mesmo assim o movimento não conseguiu impedir o aumento do custo dos empréstimos interbancários.
O Federal Reserve (Fed, banco central americano) disponibilizou US$ 50 bilhões para ajudar as instituições financeiras em crise.
O Banco Central Europeu (BCE) colocou 70 bilhões de euros (US$ 98,09 bilhões) no mercado nesta terça, seguindo a injeção de 30 bilhões de euros feita na véspera.O temor sobre pedido de concordata também ronda a seguradora AIG.
As três principais agências de classificação de risco do mundo rebaixaram os ratings de crédito da empresa, frustrando as esperanças de se salvar uma das maiores seguradoras do mundo em meio à escalada da crise financeira.
Os rebaixamentos tornam mais remota a possibilidade de que a gigante norte-americana levante o dinheiro necessário para lidar com sua própria crise de liquidez
Para tentar conter a crise, o banco britânico Barclays emergiu como comprador em potencial do segmento de corretagem do banco de investimento Lehman Brothers. O Lehman tinha se colocado à venda para potenciais compradores enquanto lutava para cobrir suas volumosas perdas relacionadas às hipotecas, mas as negociações fracassaram no final de semana depois que as autoridades indicaram que o governo não prestaria socorro à instituição a fim de facilitar a compra.

Problemas com bancos vão até o fim do ano pelo menos
Os fantasmas da crise voltavam a assombrar o mercado apenas seis meses depois de a quebra do banco americano Bear Stearns ter sido evitada, numa operação costurada pelo Fed que resultou na compra da instituição pelo JP Morgan.
Toda essa crise bancária está relacionada com os problemas no chamado mercado de "subprime" (hipotecas de baixa qualidade), que vieram a público em meados do ano passado.
"Depois de um ano de crise, chegam notícias como essas. Fica o medo de que ainda haja mais contaminação", disse Kelly Trentin, analista da SLW corretora.
Segundo o economista e vice-presidente da SulAmérica Investimentos, Marcelo Mello, bancos como o Lehman Brothers envolveram-se na crise porque, no auge do otimismo com a compra de imóveis, decidiram investir no setor de hipotecas.
Mundo
As Bolsas de Valores européias caíram nesta terça-feira para o menor nível de fechamento desde maio de 2005, com o aumento do nervosismo de investidores sobre o destino da AIG . Além disso, ações de commodities seguiram a queda acentuada dos preços dos metais e do petróleo.
O índice FTSEurofirst 300 caiu 2,55%, para 1.091 pontos, dando sequência à queda de 3,6% de segunda-feira. No ano, o índice acumula desvalorização de 28%.
Acompanhando o desenrolar da crise financeira, os mercados asiáticos também fecharam em forte queda nesta terça-feira. A Bolsa de Tóquio encerrou a sessão de terça-feira com baixa de 4,95%. O índice Nikkei 225 perdeu 605,72 pontos, a 11.609,72, o menor nível desde 8 de julho de 2005.A Bolsa de Xangai registrou queda de 4,47%. A Bolsa de Taiwan também teve grande perda de 4,89%, a 5.756,59 pontos, o menor nível em quase três anos.O índice Hang Seng da Bolsa de Hong Kong encerrou a sessão em baixa de 5,4%.

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