domingo, 10 de agosto de 2008

500 Maiores Empresas da América Latina


[ 12 de agosto de 2008 - 10h45 ]
Economática: lucro da Petrobras é 3º maior das Américas
São Paulo - O lucro líquido da Petrobras no segundo trimestre deste ano, de R$ 8,783 bilhões, é o terceiro maior das Américas entre as companhias de capital aberto no período, sem considerar as empresas canadenses, de acordo com levantamento da Economática.
Convertido pela taxa de câmbio do encerramento de junho, o lucro da Petrobras foi de US$ 5,517 bilhões, abaixo apenas dos resultados das petrolíferas americanas ExxonMobil, de US$ 11,680 bilhões, e Chevron Texaco, de US$ 5,975 bilhões.
A mineradora Vale é a outra companhia brasileira que aparece na lista da Economática, na décima quarta colocação entre as mais lucrativas das Américas no período. A Economática levou em conta o resultado da mineradora pelo padrão contábil brasileiro (BR Gaap), que totalizou R$ 4,573 bilhões no período de abril a junho deste ano, ou US$ 2,873 bilhões. (AE)






Jaime Contreras e Rodrigo Díaz


RESUMO DE ARTIGO DA ECONOMIA AMERICA


Olhe cuidadosamente para a Petrobras. A empresa cresceu 30,1% em 2007, com vendas de US$ 96,3 bilhões. Com esse impulso, levou o segundo lugar entre as maiores empresas da América Latina: superou a PDVSA por US$ 58 milhões e está a US$ 7,5 bilhões de alcançar a Pemex.Se em 2008 a Petrobras mantiver o ritmo médio de crescimento dos últimos dez anos (de 18,63%) – e supondo que suas rivais mexicana e venezuelana também –, poderíamos adiantar que a companhia fechará o ano como a maior da América Latina em vendas (de fato, as cifras dos primeiros meses deste ano e suas descobertas de petróleo já poderiam confirmar essa tendência).O caminho da Petrobras para chegar à condição de maior empresa da América Latina é so-mente uma das diversas manifestações da forte liderança que as empresas brasileiras come-çam a exercer na região como um todo. As companhias brasileiras são as que mais crescem em vendas (35% em 2007, enquanto as 500 maiores empresas registraram média de 23%). Além disso, são as que lideram em mais setores e são, de longe, as principais protagonistas de todos os indicadores de crescimento desta edição das 500 da AméricaEconomia, nosso estudo anual que reúne uma completa informação financeira sobre as grandes corporações da Améri-ca Latina. Esta revista que você tem em mãos é uma edição cheia de recordes: as vendas conjuntas das 500 maiores da região somaram nada menos que US$ 1,95 trilhão (sim, com treze zeros), o dobro do registrado em 2003. Há outras formas de ver esse avanço: hoje, são 437 as empresas da região que registram vendas acima de US$ 1 bilhão, 103 mais do que no ano passado. E neste ano a “nota de corte” para participar do seleto grupo das 500 chegou a US$ 822 milh-ões, contra US$ 570 milhões no ano passado.Esta edição mostra ainda a recuperação neste ranking das empresas mexicanas, que desde 2002 vinham sofrendo uma queda sustentada em sua participação: de 241 entre as 500 maio-res em 2002 para somente 111 em 2006. Em 2007, seu número voltou a subir, para 134 em-presas. A expansão das empresas brasileiras e mexicanas castigou suas congêneres argentinas, colombianas, chilenas, peruanas e venezuelanas, que perderam terreno e cujo número, soma-do, foi reduzido de 169 para 144.Tais dinâmicas contradizem o senso comum de que as empresas localizadas em economias com moedas que se valorizaram frente ao dólar seriam as mais beneficiadas. Isso devido ao fato de que, como usamos o dólar norte-americano como unidade de análise para todas as empresas, nos países onde o valor do dólar tivesse caído mais as empresas apresentariam maiores taxas de crescimento. Mas a realidade é mais complexa.Embora a valorização de 17% do real frente à divisa dos EUA possa explicar em parte o bom desempenho das empresas brasileiras, esse mesmo fator não ajudou as de outros países cuja moeda também se valorizou em relação ao dólar, como o Peru, a Colômbia e o Chile. Isto porque, quando um produto é caro, não será fácil exportá-lo mesmo se seu preço diminuir, o que afeta negativamente o crescimento das empresas. Prova disso é que, entre as empresas que fazem parte da lista das 500 maiores, a importância das vendas no exterior se reduziu de 47,5% em 2006 a 39,8% em 2007. Na verdade, o que realmente se esconde por trás dos bons resultados das 500 maiores em 2007 é o aquecimento das economias internas. Aí, sim, houve boas notícias. Em 2007, a Amé-rica Latina registrou seu quarto ano de expansão consecutiva acima dos 3%, com um cresci-mento estimado pela AméricaEconomia Intelligence de 4,67%. Dinheiro no bolsoO setor petróleo/gás continua a ser o mais relevante entre as maiores empresas da região: com US$ 494 bilhões em vendas, representam 25% do total faturado por todas as 500. É seguido pelo setor comércio, que já se acomodou no segundo lugar, enquanto o de telecomunicações está em terceiro. Possivelmente, o caso mais interessante do ponto de vista setorial é da side-rurgia/metalurgia, que cresceu 54,9% em 2007, colocando-se como o quarto mais importante em vendas.O destaque da mineração vai por outro lado: apesar de os preços dos minerais terem galgado novas alturas, as vendas das empresas do setor cresceram apenas 22,2%, abaixo da média ge-ral das 500. Não obstante, especialmente graças ao alto preço do cobre, conquistaram lugares protagônicos em todos os indicadores de rentabilidade incluídos nesta análise.
Rentabilidade, aliás, parece ser algo cada vez mais escasso. De fato, a soma do lucro das 500 maiores empresas da região cresceu apenas 18%, menos que a média do aumento das vendas.Sobre rentabilidade, o ROE (lucro sobre patrimônio) médio das 500 caiu levemente, de 18,5% em 2006 a 18% em 2007. A queda do ROA (rentabilidade sobre ativos) médio foi menor: de 7,4% em 2006 passou para 7,3% em 2007.Esse cenário pode ficar mais evidente nos próximos meses. Isto porque este ranking das 500 maiores é publicado em meio a um panorama global incerto, no qual o maior mercado está em recessão e em que existem fortes ameaças de inflação e de aumento de taxas de juros em vá-rios países. Isso sem contar o preço do petróleo, que, apesar de beneficiar as empresas petrolí-feras, pressionou o custo da energia em geral.E esse é um fator importante: as 500 maiores empresas provavelmente também são as maiores consumidoras de energia da região.Algumas empresas já começaram a notar esses fatores em seus resultados para o primeiro semestre de 2008, e naquelas em que isso ainda não acontecem eles possivelmente serão no-tados durante o segundo semestre. Uma situação que poderia afetar o crescimento das 500 maiores como um todo. Mas vale repetir o clichê: tempos de crise também são tempos de oportunidades. E nossas 500 maiores corporações também são as organizações com mais re-cursos para enfrentar tempos difíceis e fazer negócios onde alguns só encontram problemas
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