quarta-feira, 23 de julho de 2008

Argentina


1 ) Brasil deixa de ser ameaça e vira modelo aos argentinos
04.08.2008 08.00

Por AE
Agência Estado O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Brasil tornaram-se, nos últimos anos, uma fonte de admiração e saudável inveja na Argentina. As lideranças da oposição recorrem constantemente à figura do presidente brasileiro para citá-lo como exemplo de consenso, em contraposição às personalidades adeptas do confronto político, como a presidente Cristina Kirchner e seu marido e ex-presidente Néstor Kirchner.
Os empresários suspiram ao ver os grandes empréstimos concedidos pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), lamentam a inexistência de um banco público desse tipo na Argentina e sonham com os generosos financiamentos "à moda brasileira" ao setor agropecuário (enquanto que na Argentina, os ruralistas são alvo de retaliações do governo local). A própria presidente Cristina Kirchner, no comício de lançamento de sua campanha eleitoral, há exatamente um ano, fez uma única referência à uma empresa. A companhia citada foi a Embraer. "Um exemplo a ser seguido”, disse Cristina na ocasião.
"O Brasil é um exemplo a imitar", sustenta Alieto Guadagni, ex-diretor da Argentina no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Depois, espeta o governo Cristina: "O Brasil responde aos desafios estimulando sua produção, e não colocando um monte de impostos sobre ela. Enquanto isso, a Argentina optou por desestimular a oferta produtiva."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

2 ) Inflação 'aumenta' pobreza na Argentina, diz consultoria

Marcia Carmo
De Buenos Aires para a BBC Brasil


Estudo calcula em 31,6% a proporção de pobres na população argentina
A alta da inflação gerou 420 mil pobres e 335 mil indigentes na Argentina durante os últimos seis meses, de acordo com levantamento da Sociedade de Estudos Trabalhistas (Sel Consultores, na sigla em espanhol).
De acordo com o estudo, a pobreza afeta hoje 31,6% da população e a indigência, 10,8%.

Em entrevista à BBC Brasil, Ernesto Kritz, diretor do instituto e economista, afirmou que o aumento da exclusão social passou a ser evidente desde o ano passado, pela primeira vez desde a crise de 2001, e tem se agravado aceleradamente.

"O aumento da inflação está devolvendo para o nível de pobreza pessoas que tinham saído desta situação durante estes últimos anos de crescimento econômico", disse Kritz, especializado em economia trabalhista e social.

Para ele, a diferença entre os números da inflação do governo e das consultorias privadas dificulta a solução dos problemas sociais.

"Se o governo reconhecesse o problema real da inflação seria mais fácil combater a pobreza. Seria possível ajudar, principalmente os indigentes, com planos sociais. Sabemos que resolver os problemas estatísticos não resolverá a pobreza, mas não é possível encarar a realidade com estes dados", afirmou.

Na comparação entre o levantamento do Sel Consultores e do Indec (Instituto de Estátisticas e Censos), existem cerca de 1,7 milhão de pessoas a menos no índice de indigência do governo e quatro milhões a menos de pobres.

O último dado do Indec corresponde ao período de outubro de 2007 a março deste ano e mostrou uma pobreza de 20,6% e uma indigência de 5,7%.

De acordo com estudos privados, citados no documento do Sel Consultores, a cesta básica de alimentos aumentou 13,6% no primeiro semestre deste ano.

Para o Indec, a alta foi de 2,8%. Na opinião de Kritz, a inflação, principalmente desta cesta básica, foi o principal motivo para o incremento no total de pobres e indigentes.

Nos últimos tempos, analistas econômicos de diferentes tendências e técnicos do Indec questionam os dados oficiais, acusando-os de "maquiados".

Na terça-feira, trabalhadores do Indec voltaram a realizar um protesto, bloqueando o trânsito, para chamar a atenção das autoridades para a questão, que foi levada, recentemente, pela oposição à Justiça argentina.

Para o governo, a inflação está em torno dos 8% e para diferentes consultorias econômicas privadas, nos últimos 12 meses, ela estaria acima dos 25%.

Até a histórica crise de 2001, a Argentina não tinha indigência e, atualmente, continua sendo apontada pela Cepal como um dos países mais igualitários da América Latina.

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