sexta-feira, 11 de julho de 2008

SAQUES NO OPPORTUNITY







Daniel Dantas deixa o IML, em São Paulo, depois de ser preso pela segunda vez

Quem informa é o próprio Opportunity. Entre terça (8) e quarta-feira (9), os fundos de investimento do banco amargaram saques “de cerca de
6,2% do patrimônio total administrado.”

Pelas contas oficiais, os fundos geridos pelo banco de Daniel Dantas somam algo como R$ 16,1 bilhões. Ou seja: em 48 horas, foram resgatados R$ 998,2 milhões.

A cifra corresponde a tudo o que o Opportunity logrou captar entre janeiro e dezembro de 2007.

A despeito disso, o banco informa que seus fundos mantêm “liquidez absolutamente adequada.”

Considerando-se os saques realizados nesta quinta (10), ainda não divulgados, a sangria nos fundos do Opportunity vai ultrapassar a barreira do bilhão de reais.

Espera-se para esta sexta (11) o retorno do executivo Dório Ferman ao comando do banco. Algo que, na opinião dos gestores do Opportunity, deve acalmar o mercado.

Detido Polícia Federal na terça, Ferman foi posto em liberdade, junto com outros integrantes da cúpula do Opoortunity, pelo ministro Gilmar Mendes.

Para desassossego da companhia, o mandachuva Daniel Dantas, embora alcançado pelo habeas corpus deferido pelo presidente do STF, retornou ao cárcere.

Deu-se apenas 11horas depois de ele ter deixado a carceragem da PF, em São Paulo. Voltou para trás das grades não mais em caráter “temporário”, mas “preventivo”.

Trata-se de um complicador. Pela lei, a prisão temporária dura cinco dias, prorrogáveis por igual período. A detenção preventiva pode se arrastar por até 81 dias.

Otimista a mais não poder, a direção do Opportunity acredita que, a despeito da prolongação do tormento de Daniel Dantas, o banco será preservado.

Alega-se que Dantas está afastado da gestão da casa bancária que fundou em 1993.
Escrito por Josias de Souza às 01h33
Investigações
Segundo a PF, as investigações começaram há quatro anos, com o desdobramento das apurações feitas a partir de documentos relacionados com o caso mensalão. A partir de documentos enviados pelo STF para a Procuradoria da República no Estado de São Paulo, foi aberto um processo na 6ª Vara Criminal Federal.
Na apuração foram identificadas pessoas e empresas supostamente beneficiadas no esquema montado pelo empresário Marcos Valério para intermediar e desviar recursos públicos. Com base nas informações e em documentos colhidos em outras investigações da Polícia Federal, os policiais apuraram a existência de uma organização criminosa, supostamente comandada por Daniel Dantas, envolvida com a prática de diversos crimes.
Para a prática dos delitos, o grupo teria possuído empresas de fachada. As investigações ainda descobriram que havia uma segunda organização, formada por empresários e doleiros que supostamente atuavam no mercado financeiro para lavagem de dinheiro. O segundo grupo seria comandado pelo investidor Naji Nahas.
Além de fraudes no mercado de capitais, baseadas principalmente no recebimento de informações privilegiadas, a organização teria atuado no mercado paralelo de moedas estrangeiras. Há indícios inclusive do recebimento de informações privilegiadas sobre a taxa de juros do Federal Reserve (Fed, o BC americano).
Os presos na operação devem ser indiciados sob as acusações de lavagem de dinheiro, corrupção, evasão de divisas, sonegação fiscal e formação de quadrilha.

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