quinta-feira, 6 de novembro de 2008

A hora e a vez do private equity



Com a escassez de crédito, ocasionada pela crise financeira internacional, abre-se uma excelente oportunidade para os fundos que financiam a expansão de empresas


A próxima Quarta-feira de Cinzas promete ser um divisor de águas. Se for confirmada a expectativa de Marcelo Aguiar, conselheiro deliberativo da Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital (ABVCAP), os fundos de private equity deverão atuar mais agressivamente assim que passar o período de Carnaval, em fevereiro. A esperança é que até lá, a crise financeira mundial arrefeça. "O mercado ainda está um pouco assustado, pois há dúvidas se já chegamos ao fundo do poço", explica. Enquanto as dúvidas quanto ao que pode acontecer perduram, os fundos de private equity - que financiam a expansão de empresas que não estão listadas na bolsa de valores - avaliam as melhores oportunidades do mercado. Aguiar, que também é diretor do fundo AIG Capital, atenta para a atual escassez de crédito, que vai fortalecer a atuação dos fundos de private equity, afinal, com menos financiamentos, as empresas ficarão mais abertas a investidores.
André Burguer, sócio da Fama Private Equity, também se mostra otimista. Para ele, as companhias que já traçaram planos para investir em expansão inevitavelmente buscarão recursos em fundos de private equity, mesmo que este tipo de capital normalmente seja mais caro em relação aos financiamentos bancários.
Mas nem todas as organizações que necessitam recursos encontrarão nestes fundos o respaldo para crescer. É que a cautela será fator preponderante na escolha de quais empresas apostar. "Como as oportunidades de investimentos deverão aumentar, apenas aqueles projetos mais rentáveis e melhor estruturados vão conseguir os recursos", afirma. Ao contrário de Aguiar, que aponta o Carnaval de 2009 como o marco de um novo período, Burguer prefere não arriscar uma previsão de quando a busca por empresas ganhará novo fôlego. "A discussão que está colocada por alguns gestores é que se aguardarmos um pouco mais para investir, isso pode significar preços menores pelos ativos que estarão sendo comprados. Por outro lado, há empresas que estão adiando seus projetos de expansão por não terem mais claro o cenário do mercado no longo prazo e depois da crise", explica Burguer.
O estudo "Buscando diferenciação num contexto de mudanças", elaborado pela PricewaterhouseCoopers, revela que serão justamente os fundos de private equity os maiores portadores de crédito em 2009. No ano passado, o setor aplicou globalmente US$ 297 bilhões. O salto foi de aproximadamente 26% em relação a 2006. As transações envolvendo fundos de private equity representaram hoje 20% do total no Brasil - pouco, se comparado ao índice mundial de 33%. O potencial a ser explorado demonstra uma curva rumo ao crescimento: "Há setores que sofreram menos com a crise, como varejo, bens de consumo e infra-estrutura", diz Alexandre Pierantoni, sócio da área de fusões e aquisições da PricewaterhouseCoopers. De acordo com o executivo da PwC, os países que sairão beneficiados pelas atividades de private equtiy serão Brasil, Rússia, Índia e China (BRICS). "O Brasil, em especial, continua atrativo, pois há vários fundos captando recursos para investir por aqui", completa Pierantoni.


Por Marcos Graciani.

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