quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Pão de Açucar.


"Tinha muita gente vendendo vento" antes da crise, diz Abilio DinizPresidente do conselho do Pão de Açúcar afirma que agora o mundo ficará mais realista e que a empresa será olhada com mais atenção pelo mercado Portal EXAME O presidente do conselho de administração do grupo Pão de Açúcar, Abilio Diniz, fez nesta quarta-feira uma análise bastante otimista sobre o que vai emergir da atual crise financeira. "Espero que o mundo vai ficar um pouco melhor, mais realista. Existia muita venda de vento e também gente comprando vento na outra ponta. Eu e o Claudio [Galeazzi, presidente da companhia] nunca fomos muito bons de vender vento. Acreditamos que agora nossa companhia será olhada com mais atenção e mais carinho", disse ele em teleconferência com analistas de mercado. O empresário não citou exemplos de empresas de vento. No ano passado, no entanto, mais de 60 companhias abriram o capital e passaram a ter ações negociadas na Bovespa, muitas delas sem ter nenhum investimento concluído ou fábrica em operação. As ações de algumas dessas empresas acumulam perdas de mais de 90% desde o IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês). O resultado é que, durante este ano, com a virada do mercado, é bastante provável que menos de dez novas empresas cheguem à Bovespa. Abilio Diniz disse que ninguém podia adivinhar que a crise teria as proporções alcançadas, mas afirmou que o Pão de Açúcar estava preparado. "Os 140 anos de experiência, os meus e os do Claudio [Galeazzi] somados, foram importantes. Em setembro tínhamos mais de 1 bilhão de reais em caixa, reforçamos o caixa desde então e aumentamos nossas vendas", afirmou. A empresa disse que a dívida líquida do Pão de Açúcar é menor do que seu Ebitda (lucro antes de impostos e amortizações) anual, que não há débitos em dólar e que não houve apostas em nenhum "jogo" de derivativos para melhorar os resultados. O objetivo da empresa, segundo ele, é manter as vendas em alta no Natal e "aproveitar todas as oportunidades em termos de compras". No terceiro trimestre, o Pão de Açúcar registrou um lucro líquido de 82,5 milhões de reais, com um crescimento de 138% em relação ao mesmo período do ano passado. As vendas tiveram alta de 13,6% pelo critério de mesmas lojas. Já o Ebitda alcançou o recorde de 357 milhões de reais, uma alta de 50%.De acordo com a Brascan Corretora, os resultados foram positivos e devem favorecer as cotações das ações da empresa. Para os analistas, o grupo é menos suscetível à crise do crédito por ter a maior parte do faturamento obtido com a venda de produtos essenciais. A corretora também informou que pode rever o preço-alvo das ações preferenciais do Pão de Açúcar (PCAR4), que hoje é de 42,50. Nesta quarta-feira, às 12h27, os papéis registravam alta de 0,20%, para 34,63 reais. Investimentos Além de mostrar otimismo com o futuro da empresa, Abilio Diniz também afirmou que a economia brasileira "é de certa forma privilegiada" quando comparada com outros países em que visitou nos últimos meses. "Os investidores vão trazer dinheiro ao Brasil quando a crise passar. (...) Pode ser que não cresçamos no mesmo ritmo que vínhamos crescendo, mas vamos continuar em frente. Até os cenários pessimistas poderão ser enfrentados, mesmo acreditando que eles não virão", disse. Apesar do otimismo, o Grupo Pão de Açúcar informou que vai investir 500 milhões de reais neste ano, montante abaixo da previsão inicial (730 milhões de reais). Segundo a empresa, todos os planos de expansão estão mantidos. O Pão de Açúcar apenas reduziu a velocidade de aquisição de terrenos para a construção de novas lojas devido à dificuldade de encontrar locais viáveis para a instalação de unidades, mas informou que pode pôr o pé no acelerador nos próximos meses. Claudio Galeazzi, presidente da empresa, afirma: "somos senhores do acelerador e do breque, pela nossa posição de caixa e pela nossa posição de negociar com fornecedores."Exame

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