quinta-feira, 30 de julho de 2009

LIDERANÇA.


ALMEJAR A LIDERANÇA DA AMÉRICA LATINA CUSTA CARO !

Paulo Sérgio Xavier Dias da Silva

As pretensões ambiciosas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de inserir o Brasil como líder na América Latina e, ganhar mais visibilidade para almejar um futuro cargo num organismo internacional, após encerrar seu atual mandato, está custando caro para o País.

Com o pretexto de manter boas relações internacionais com alguns países vizinhos problemáticos, nosso presidente tem, em alguns momentos, descuidado do relevante interesse nacional.

Desde o episódio do impasse no fornecimento do gás e das apropriações indevidas das refinarias da Petrobrás ocorridas na Bolívia, comandada pelo “muy” amigo presidente Evo Morales, alguns países do continente, começam a colocar as mangas de fora, desafiando o Brasil.

Percebendo a ausência de uma atitude firme e postura de verdadeira liderança brasileira, o governo do Equador resolveu ignorar as obrigações contratuais com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e ameaçou de expulsão uma construtora brasileira.

Seguindo o mesmo caminho, até o Paraguai tomou coragem e o recém eleito presidente Fernando Longo exigiu alterações no Tratado da Hidroelétrica de Itaipu, para obter maiores vantagens comerciais.

O tratamento diplomático dispensado para esses países, que são considerados pelo Presidente Lula como irmãos mais pobres, tem sido de conceder vantagens mais favoráveis, em detrimento de nossos maiores interesses, o que significa que o Brasil acaba arcando com substanciais prejuízos econômicos e financeiros.

O cerne da questão não é simplesmente ajudá-los, mas sim, o perigo de comprometer aspectos estratégicos, como o enfraquecimento da nossa matriz energética. Essa situação acontece tanto no caso do gás boliviano, do qual temos uma dependência excessiva e um longo prazo para revertê-la, enquanto não operacionalizarmos as recentes descobertas, quanto no fornecimento de energia da Usina Hidroelétrica de Itaipu, responsável por 20% do abastecimento do País.

Trata-se, também, de imposições para alterarem acordos e tratados firmados com essas nações. No recente caso com o governo paraguaio, além do aumento que ocorrerá nas tarifas, onerando mais o denominado mercado cativo da Eletrobrás, poderá desorganizar o atual esquema de leilões para compra de energia e demandar maior coordenação dos agentes econômicos envolvidos, com a autorização para a venda direta de energia excedente à indústria e grandes consumidores brasileiros.

Além da necessidade futura de equalizar o diferencial de custo, o governo já admite que parte da conta, que passará dos atuais US$ 120 milhões para US$ 360 milhões anuais (ou seja três vezes maior), se não for debitada para a Eletrobrás, vai ser subsidiada com recursos do Tesouro Nacional.

Abre-se também, uma precedência fundamental, para reivindicações futuras por parte do Paraguai, para fornecimento de sua geração de energia excedente de Itaipu para outros países, seu antigo e verdadeiro desejo.

O argumento de auxiliar os menos favorecidos não se aplica aos “nuestros hermanos argentinos“, os quais impõem sérias restrições para as nossas exportações, ao mesmo tempo em que privilegiam a importação de produtos vindos da China.

O governo brasileiro tem sido muito tolerante e até displicente em enfrentar o protecionismo da Argentina, nosso principal rival econômico, político e desportivo, praticamente abandonando os empresários nacionais nas difíceis negociações comerciais com o país platino.

O mesmo procedimento, no entanto, não foi adotado pelo Brasil quando a balança comercial foi superavitária para os argentinos, por longo tempo. Ou seja, a mão só funciona numa única direção.

O fracasso do Mercosul (Mercado Comum do Sul), no estabelecimento de tarifas comuns e de maximização de vantagens comparativas entre seus membros, deve ser melhor avaliado e o Brasil, como seu principal parceiro, deve-se impor ou então partir para a priorização dos acordos bi-laterais, como vem fazendo o Chile, com relativo sucesso.

Também não existe uma cooperação expressiva entre os sócios do Mercosul e o que se deslumbra são mais desacordos do que acordos. Parece que cada país dá preferência para melar as iniciativas do outro, sugerindo que a denominação do bloco deveria mudar para “ Melosul “

O que não se pode aceitar, é que o Brasil, com tantos problemas econômicos internos agravados pela atual crise econômica internacional e apresentando ainda um elevado déficit social, principalmente nas áreas menos desenvolvidas do norte e nordeste, fique brincando de país rico.

Como já comentamos em artigos anteriores, o governo tem que privilegiar o mercado interno, investir em infraestrutura e logística e atender as demandas sociais de saúde e educação, para alcançar um desenvolvimento econômico sustentável e justo, e, quando se tornar uma potência mundial possa ter melhores condições para amparar as nações reconhecidamente mais pobres.

Enquanto aquela fase desejada não chegar, já dizia o velho ditado, “Matheus, primeiro os teus “.



Paulo Sérgio Xavier Dias da Silva, economista graduado pela Universidade de São Paulo (USP), consultor e assessor empresarial, especializado na recuperação e expansão de empresas em dificuldades financeiras.







Um comentário:

vilma disse...

FUI FUNCIONÁRIA DESTE CONCEITUADO SISTEMA FINANCEIRO NO PERÍODO DE 1969 A 1991, TENHO O MAIOR ORGULHO DISTO. O BRADESCO FOI MINHA ESCOLA, FOI A DIREÇÃO DA MINHA VIDA. TIVE A HONRA DE TRABALHAR COM ALGUNS DOS MAIS COMPETENTES HOJE DIRETORES: MILTON MATSUMOTO E SERGIO SOCHA.
OBRIGADA BRADESCO. VILMA MENDES