segunda-feira, 27 de julho de 2009

MERCADO INTERNO ...


PRIORIZAR O MERCADO INTERNO E AGILIZAR O PAC

Paulo Sérgio Xavier Dias da Silva
psxds@hotmail.com

A solução continua sendo o mercado interno e melhorar a gestão do PAC.

Após participar recentemente da reunião do G8, na Itália, o presidente Lula não deve mais ter dúvidas: está no crescimento do nosso mercado interno a solução para o Brasil demover os seus principais obstáculos derivados da atual crise econômica internacional.
Ouviu diretamente de dois dos representantes das maiores economias do planeta que o crescimento do mercado global, nos próximos anos, não vai ser suficiente para a superação da crise mundial.
O presidente Barack Obama deixou bem claro que os EUA não recuperarão os níveis de consumo do passado e Kazuo Kodama, porta-voz do ministério das relações exteriores do Japão, afirmou que mesmo que a crise seja debelada, os países mais desenvolvidos não retornarão aos patamares de crescimento observados até o primeiro semestre de 2008.
Em artigos anteriores, sempre enaltecemos a importância do nosso mercado interno, como mola propulsora para sairmos da crise. O Brasil possui um vigoroso mercado local e um empresariado competente e acostumado a enfrentar desafios.
Falta ao governo federal fazer sua lição de casa, adotando medidas eficazes de política econômica para que a aceleração do crescimento interno seja efetivamente alcançada.
Não se pode deixar de reconhecer que o governo tomou algumas providências para destravar a economia, mas foram ações pontuais, oriundas de pressões de setores econômicos mais poderosos e sem a devida coordenação macroeconômica e perdeu inúmeras oportunidades de crescimento, com a manutenção, por longo período de tempo, de elevadas taxas de juros.
A ineficácia da gestão nos programas de investimentos, conforme foi explicitado na edição do DCI, de 08/05/09, impediu a conclusão de vários projetos de infraestrutura e obras de interesse econômico e social.
A letargia e ineficiência na tomada de decisões também prejudicaram uma ação mais efetiva do governo, como papel de indutor do crescimento econômico, resultando na perda de arrecadação dos impostos e na diminuição da margem de manobra para incentivar o setor produtivo, apesar de ainda manter um alto nível de reservas, que poderá ser utilizado para reverter o fraco desempenho da economia.
A redução do IPI, para alguns setores como os automóveis, linha branca e materiais de construção, demonstrou que a nossa carga fiscal é muito elevada, bastando reduzi-la para que o consumo responda satisfatoriamente e que se tivéssemos implantado a reforma tributária, a economia estaria num plano bem superior.
Deve-se ponderar que os nossos concorrentes participantes do BRIC também possuem enormes mercados internos e com exceção da Rússia, vêm apresentando nesta fase de crise, taxas de crescimento superiores às do Brasil.
Como também já comentamos em outras ocasiões, o Brasil deveria aproveitar esta fase em que o mercado internacional está menos atraente e os nossos principais concorrentes estão preocupados em sanear seu sistema financeiro, para investir pesadamente em infraestrutura e logística, reduzir a carga tributária, os encargos trabalhistas e o custo-Brasil, para que, quando o mercado internacional retomar o seu ritmo de crescimento, o País possa apresentar vantagens comparativas e aumentar nossa participação nas exportações mundiais.
Infelizmente, o PAC – Programa para Aceleração do Crescimento, nosso principal programa de investimentos continua no mesmo marasmo.
Até que enfim um representante do governo reconheceu que o desempenho dos projetos está baixíssimo. Em entrevista ao jornal “O Estado de São Paulo”, edição de 05/07/09, o diretor geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT), Luiz Antonio Pagot, admitiu que o governo não estava preparado para o PAC e que há carência de pessoal qualificado e entraves burocráticos que impedem a agilização do programa.
Curioso, é que a equipe econômica está propondo que os gastos com o PAC sejam abatidos do superávit primário previsto para o próximo exercício fiscal, desconhecendo o seu inexpressivo nível de execução financeira.
Já não bastava o Presidente Lula ter justificado a escolha da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, para candidata à presidência, nas próximas eleições, pela sua competência na gestão daquele programa, considerando-a como “a mãe do PAC”.
Se o PAC é tão importante assim, e de fato não se discute a sua relevância, este programa tem que ter prioridade total.
Que tal o Presidente Lula exigir de sua equipe de governo maior dedicação e competência para o PAC, e, cobrar mais empenho e resultado da Ministra Dilma, em vez dela continuar sonhando com a presidência e “ficar arrastando seu sari no mercado”.

Paulo Sérgio Xavier Dias da Silva é economista graduado pela Universidade de São Paulo (USP), consultor e assessor empresarial, especializado na recuperação e expansão de empresas em dificuldades financeiras.
www.paulosergioxavier.zip.net

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